Esta segunda-feira, o Mafra foi notícia por estar ainda a fazer as contas a todo o material desportivo que foi levado num assalto (mais um) às instalações do campo Dr. Mário Silveira por altura das férias de Natal. Esta segunda-feira, o Mafra foi notícia por ser uma das duas equipas da Segunda Liga presente no sorteio da Taça de Portugal, que colocou a equipa a jogar nos quartos em Portimão sabendo que, em caso de vitória, vai discutir uma inédita presença na final com o vencedor do Rio Ave-Tondela. Esta segunda-feira, o Mafra foi também notícia por ter visto o encontro que iria disputar em Matosinhos na quinta-feira frente ao Leixões adiado, no seguimento de um surto de Covid-19 no plantel que afetou sobretudo os guarda-redes.

Esta era mais uma segunda-feira para o Mafra, atual sétimo classificado da Segunda Liga a quatro pontos do playoff de acesso ao primeiro escalão. Mas esta foi tudo menos uma segunda-feira qualquer para o Mafra.

O modesto clube com seis Campeonatos de Portugal e quatro títulos na III Divisão nacional, que se encontra organizado numa Sociedade Desportiva Unipessoal por Quotas (SDUQ) ao contrário das habituais SAD que proliferam no futebol português, destacou-se recentemente pela eliminação do Moreirense nos oitavos da Taça de Portugal por 3-1 mesmo tendo perdido o seu capitão com um vermelho pouco depois da meia hora. Os adeptos podem não ser muitos mas os mais velhos recordam certamente aquilo que o agora treinador, Ricardo Sousa, fez em 1999 ao serviço do Beira-Mar, quando marcou o único golo da inédita (e até insólita, olhando para a história) frente ao Campomaiorense no Jamor. Que a família Sousa tem jeito para a bola e para se destacar ninguém tem dúvidas, ou não fosse filho do ex-internacional e campeão nacional e europeu António Sousa, que passou por FC Porto e Sporting, ou pai de Afonso Sousa, jovem médio do Belenenses SAD que fez toda a formação nos dragões onde foi campeão nacional e europeu de juniores.

A partir de agora, o Mafra promete ser falado por outro motivos e o “culpado” é um campeão europeu, neste caso um dos jogadores mais titulados do futebol europeu: o brasileiro Marcelo, lateral do Real Madrid desde 2007 após passagem pelo Fluminense que leva já um total de 22 troféus pelos merengues entre os quais quatro Champions, quatro Mundiais de clubes, três Supertaças Europeias, cinco Ligas, duas Taças do Rei e quatro Supertaças de Espanha. Porquê? Assumiu que terá comprado o clube dos arredores de Lisboa.

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“Sempre tive uma visão bem clara de como gostaria de expandir minha marca enquanto atleta e a aquisição de clubes foi uma oportunidade clara de investimento. Tudo começou em 2017 com a aquisição do Azuriz, o primeiro clube a levar o meu nome no Conselho. O objetivo desde o princípio era torná-lo referência em formação de atletas e foi o que fizemos. Atualmente começamos a colher os frutos desse trabalho iniciado há quatro anos atrás e podemos dizer que estamos em um processo de expansão de nossos clubes, agora com meu grupo, DOZE, a representar os meus interesses. A nossa mais recente aquisição foi o Mafra, clube da Segunda Liga do campeonato português. A ideia é implementar nele uma estrutura que nos permita dar um salto no mercado europeu, traçando um elo com o Azuriz no Brasil. Assim temos o Azuriz a formar atletas e o Mafra a funcionar como uma vitrine para esses jogadores na Europa. E digo que estamos só a começar, vem muita coisa por aí nos próximos anos”, comentou o jogador de numa entrevista ao TNT Sports.

“Vimos no Mafra um potencial de conexão entre os mercados europeu e brasileiro. Muitas equipas da Segunda Liga europeia têm dificuldade de acessar o mercado brasileiro e o Mafra, sendo do mesmo grupo que o Azuriz, forma um elo perfeito. Foi um bom negócio, mesmo com a sua pequena estrutura. O Mafra estava bem organizado financeiramente e sem nenhuma dívida. Agora estamos a investir nas suas infraestruturas e temos a expectativa que alcance o breakeven já em 2023″, explicou Marcelo, dizendo ainda que “a participação societária no Azuriz e no Mafra está a ser representada pela DOZE”. “É uma holding que estou a estruturar e que tem a inauguração marcada para o início de 2022. A DOZE é a marca guarda chuva de todas as minhas frentes de negócios, abaixo dela estão algumas empresas do grupo”, contou.

“O Mafra foi a nossa primeira aquisição e representa o start no mercado europeu. Os planos agora passam pela aquisição de mais um clube flagship, com uma torcida grande e de tradição. Isso deve acontecer no segundo semestre de 2022, depois de uma nova captação. A nossa ideia é que esse novo clube seja complementar aos que já possuímos, de maneira a que um jogador formado no Azuriz e adquirido pelo Mafra depois possa ser comprado por esse clube flagship“, completou o internacional.