Com renovação assegurada e assinada há cerca de mês e meio, Fábio Vieira, de 21 anos, entrava no clássico desta quinta-feira como um substituto. Aqui este termo não tem qualquer conotação negativa, apenas que o internacional sub-21 português ia a jogo, na teoria, e muito provavelmente na prática, frente ao Benfica porque um dos donos da duas posições de avançado no FC Porto (Evanilson) havia sido expulso no 3-0 da semana passada. No 3-1 desta noite, Fábio não veio a jogo convencer ninguém, apenas mostrar-se por mais uma vez e logo em dia de estreia em clássicos.

Com 16 jogos e cinco assistências até à noite desta quinta-feira no Estádio do Dragão, deixou Vlachodimos pregado ao chão e esteve a centímetros daquele que seria o golo de uma vida logo nos minutos iniciais do encontro. Vida de 21 anos? Seguramente. De uma carreira? Provavelmente também, pelo menos para a sua história, do clube e dos clássicos. Lá saiu um canto bombeado para o peito de Fábio à entrada da área, este dominou, deu meia volta e rematou de primeira. A bola passou mesmo perto da baliza e o guarda-redes grego desviou-a com os olhos. Estavam passados apenas quatro minutos e estava bem explícita a toada com que Fábio Vieira vinha para o jogo.

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E para chegar aos últimos 15′ a ouvir (positivamente) olés das bancadas ao trocar a bola de forma fácil com o seu amigo Vitinha, Fábio Vieira teve de fazer muito e bem durante o jogo para merecer esse miminho do público.

Aos 30′, obrigou Vlachodimos a dar canto num livre forte, e aos 34′, numa combinação (e ajuda de um ressalto) com Taremi, acabou mesmo por bater o guarda-redes do Benfica com um remate forte entre as pernas do grego e fez o 1-0. Como Pepê também marcou, os dois tornaram-se nos primeiros em 60 anos a conseguir estrearem-se em clássicos com golos, depois de Azumir e Jaime, em 1961. Até aí, a noite de Fábio Vieira estava destinada ao sucesso. A mesma noite em que, pelos 42′, tinha mais remates (quatro), do que o Benfica (três).

Que Fábio Vieira tem pés todos os que veem futebol sabem, mas é quando interpreta e interpretou de outra forma aquela posição de avançado que se deu ao jogo de forma ainda melhor e mais conseguida. Troca bem a bola com os colegas, tem inteligência e qualidade no passe, seja curto ou de desmarcação, e em campo, compensa aquilo que por vezes é alguma falta de velocidade pura com a rapidez de pensamento, talvez mais importante num encontro de futebol.

“O clube que amo, que represento desde pequeno”, adjetivou Fábio Vieira o FC Porto quando renovou, dizendo que tal extensão contratual era ainda um “sinal de confiança”. “É óbvio que quero mais”, referiu então. Desbloquear um clássico frente ao Benfica um mês e meio depois. Se não era isto que o jovem queria “mais” a curto prazo…