Não era a primeira vez que um treinador tinha uma estreia de fogo num encontro fora com o FC Porto a meio da temporada e essa experiência acabou por surgir com um dos treinadores que levava mais história no Benfica a nível de títulos, John Mortimore. O inglês perdeu. Nelson Veríssimo, num contexto diferente e numa das semanas mais duras da sua vida a nível pessoal, teve também esse primeiro jogo contra os azuis e brancos, curiosamente o último adversário na primeira passagem interina pelo banco quando substituiu Bruno Lage nos seis derradeiros encontros e perdeu na final da Taça de Portugal. Agora, voltou a perder.

Pepê, o eterno prometido que nem deixou ter saudades do amor que não apareceu (a crónica do FC Porto-Benfica)

Apoio não faltava, como se viu também numa visível tarde que dizia “Força Veríssimo” da Casa do Benfica do Cartaxo. Existia por parte dos adeptos, da saída do Seixal à chegada à zona norte do país, uma intenção de mostrar que estavam ao lado da equipa mas sem esquecer os dias difíceis que o treinador que substituiu Jorge Jesus atravessou depois de saber da morte da mãe, vítima de doença prolongada, na manhã em que foi chamado a Lisboa para suceder ao antigo treinador no comando técnico dos encarnados. E, depois da derrota por 3-1, Veríssimo explicou como conseguiu dentro do possível lidar com tudo.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“De duas formas: manter o foco no importante, que não era o mais importante mas era importante, que era a partir do momento em que surgiu este contexto estar com a equipa porque estes jogadores merecem e estive de alma e coração. Em relação à outra circunstância que me aconteceu, resta-me publicamente mandar um abraço a todas as pessoas que direta ou indiretamente me enviaram as condolências. A vida continua…”, comentou na zona de entrevistas rápidas o técnico que foi muito elogiado pelo carácter, pela força e pela dedicação com que conseguiu agarrar na equipa num momento tão complicado da vida.

Há ano e meio que o Benfica não sofria duas derrotas consecutivas, neste caso ambas com o FC Porto e no Estádio do Dragão, sendo que desde 2015/16 que os encarnados não sofriam três desaires seguidos em dérbis ou clássicos em que sofreu nove golos, sendo que na altura consentiram cinco derrotas. Contudo, e mesmo com sete pontos de desvantagem sobre azuis e brancos e Sporting, Nelson Veríssimo recusa atirar a toalha ao chão também pelo que viu de bom da exibição do Benfica esta noite.

“Bem, não caí aqui propriamente de paraquedas porque fiz dois treinos com a equipa onde vi jogadores com muita entrega, muita vontade e um compromisso muito grande na preparação deste jogo com o FC Porto. Entrámos muito bem no jogo, a dominar nos primeiros 30 minutos, a criar situações de perigo perto da baliza contrária, a criar uma grande oportunidade de golo com o Roman [Yaremchuk] e depois na sequência desse lance acabámos por sofrer dois golos de forma consecutiva”, analisou.

“A equipa abanou um pouco, conseguiu aguentar algum ímpeto do FC Porto e ao intervalo o que foi pedido aos jogadores era que mantivessem o equilíbrio emocional, aquilo que foram os posicionamentos ofensivos que estavam a correr muito bem na primeira parte e foi lançado o desafio para fazerem um golo nos primeiros dez minutos porque o jogo seria relançado. Conseguiram, com todo o mérito e justiça, mas a seguir vem a expulsão que é um revés na nossa estratégia para o jogo mas até com menos um jogador a equipa esteve ligada, conseguiu criar uma oportunidade pelo Gonçalo Ramos que daria o 2-2 e depois o FC Porto acabou por fazer o 3-1 quando a equipa estava já a acusar o desgaste”, prosseguiu.

“Estamos muito chateados e tristes pelo resultado mas os jogadores foram de uma entrega total. Saímos frustrados porque sentimos que em igualdade numérica poderia ter sido outro resultado. Temos de olhar para o futuro, que é o P. Ferreira. Ainda há muito Campeonato pela frente e a equipa tem muito ainda por melhorar e crescer”, destacou o novo treinador do Benfica, prosseguindo: “Não vou vender a banha da cobra, claro que a situação está difícil mas a história mostra-nos que vantagens ou desvantagens de sete pontos podem ser superadas, basta ir a campeonatos passados. É verdade que são dois adversários mas o desafio que estamos a lançar é olhar cada jornada jogo a jogo, sempre com o desafio de tentar ganhar”.