790kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

Pepê, o eterno prometido que nem deixou ter saudades do amor que não apareceu (a crónica do FC Porto-Benfica)

Este artigo tem mais de 2 anos

No dia em que Luis Díaz não esteve, Pepê foi titular contra o Benfica, marcou e mostrou tudo aquilo que ainda pode dar ao FC Porto sem sequer dar espaço para os dragões terem saudades do colombiano.

FC Porto v SL Benfica - Liga Portugal Bwin
i

O avançado brasileiro marcou o segundo golo dos dragões, ainda na primeira parte

Getty Images

O avançado brasileiro marcou o segundo golo dos dragões, ainda na primeira parte

Getty Images

E, numa semana, tudo o vento mudou. Há apenas sete dias, FC Porto e Benfica defrontaram-se no Dragão para a Taça de Portugal e nem Sérgio Conceição nem Jorge Jesus estiveram no banco de suplentes, ambos castigados pelo Conselho de Disciplina. Sete dias depois, FC Porto e Benfica voltavam a defrontar-se no Dragão mas para o Campeonato e Sérgio Conceição estava de volta. Jorge Jesus, porém, não sobreviveu ao Natal — e tornou este Clássico ainda mais imprevisível.

Depois do encontro para a Taça, onde os dragões foram claramente superiores e beneficiaram de uma exibição para lá de apagada dos encarnados, Jorge Jesus rescindiu com o Benfica na sequência de um desentendimento com Pizzi e da falta de comparência de todo o plantel no treino enquanto protesto contra o facto de o capitão ter sido colocado a trabalhar à parte. Procuraram-se culpados, procuraram-se justificações, procuraram-se consequências: mas, em termos práticos, tudo o que importa para o universo encarnado é que Jesus é passado e Nélson Veríssimo é o presente até ao final da temporada.

Ficha de jogo

Mostrar Esconder

FC Porto-Benfica, 3-1

16.ª jornada da Primeira Liga

Estádio do Dragão, no Porto

Árbitro: Hugo Miguel (AF Lisboa)

FC Porto: Diogo Costa, João Mário (Manafá, 29′, Corona, 60′), Mbemba, Fábio Cardoso, Zaidu, Uribe, Vitinha, Otávio, Fábio Vieira (Sérgio Oliveira, 83′), Pepê (Francisco Conceição, 83′), Taremi (Toni Martínez, 83′)

Suplentes não utilizados: Marchesín, Wendell, João Marcelo, Bruno Costa

Treinador: Sérgio Conceição

Benfica: Vlachodimos, André Almeida, Vertonghen, Morato, Gilberto, Rafa (Pizzi, 66′), Weigl, João Mário (Taarabt, 66′), Everton (Diogo Gonçalves, 87′), Gonçalo Ramos (Seferovic, 66′), Yaremchuk (Lázaro, 52′)

Suplentes não utilizados: Helton Leite, Ferro, Meïté, Paulo Bernardo

Treinador: Nélson Veríssimo

Golos: Fábio Vieira (34′), Pepê (37′), Yaremchuk (47′), Taremi (69′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a André Almeida (8′ e 49′), a Vertonghen (26′), a Fábio Cardoso (30′), a Pepê (51′), a Toni Martínez (90+1′), a Diogo Gonçalves (90+3′), a Gilberto (90+5′); cartão vermelho por acumulação a André Almeida (49′)

O treinador interino que já o havia sido quando Bruno Lage foi despedido voltava a estrear-se com um desafio relevante — era preciso mostrar uma reação depois da derrota da semana passada, era preciso não perder para não começar a deixar fugir o título de vez e era preciso deixar claro que a equipa não sentiu mais do que o necessário a mudança no comando técnico. Do outro lado, Sérgio Conceição voltava ao banco de suplentes com um objetivo claro — repetir a exibição contundente da semana passada, ganhar para não deixar o Sporting na liderança isolada da Liga e deixar claro que a equipa está a atravessar um dos melhores momentos da época.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Nesse contexto e sem Otamendi, que está castigado, Grimaldo, que testou positivo à Covid-19, e ainda Darwin, que está lesionado, Veríssimo optava pelo 4x4x2 que costuma adotar nas equipas que orienta e dispensava o sistema de três centrais, apostando na dupla Vertonghen e Morato e colocando André Almeida na esquerda e Gilberto na direita. No ataque, Rafa e Everton apareciam nas alas — com mais espaço do que o habitual — e Gonçalo Ramos e Yaremchuk formavam a parceria em zona mais adiantada, com Seferovic e Pizzi a começarem no banco. No FC Porto e face às ausências de Evanilson, que também estava castigado, e Luis Díaz, que também testou positivo à Covid-19, Conceição lançava Fábio Vieira e a surpresa Pepê, que era titular pela primeira vez no Campeonato.

O jogo começou sem a discrepância da semana passada, com o Benfica a ter até mais bola no quarto de hora inicial, mas depressa se percebeu que os encarnados mantinham com Nélson Veríssimo uma das características que foi permanecendo com Jorge Jesus: a previsibilidade. Se Everton ia estando uns furos acima do habitual, anotando alguns pormenores de enorme qualidade e sendo o principal desequilibrador do conjunto, Rafa não tinha capacidade para dar a profundidade de outros tempos e tornava o corredor esquerdo muito curto. Com André Almeida nas costas, um lateral direito que não se aventura tanto desse lado como faz na ala de origem, o internacional português era pouco solicitado mas também não conseguia realizar movimentos de rotura quando o jogo tombava em Everton. Ou seja, o Benfica não fugia à matriz de atacar a partir das faixas mas não era consequente e mantinha-se fácil de defender, com Gonçalo Ramos e Yaremchuk a cumprirem um encontro algo ingrato.

Do outro lado, os primeiros minutos serviram para perceber que o FC Porto ia apostar essencialmente na verticalidade e na busca pelas costas da defesa adversária — que, era preciso não esquecer, jogava com apenas dois centrais pela primeira vez em muito tempo e parecia estar ainda a habituar-se ao espaço criado com a ausência do terceiro elemento. Os dragões tiveram mesmo as primeiras oportunidades, com um remate ao lado de Fábio Vieira (4′), uma saída de Vlachodimos aos pés de Taremi (17′) e um grande corte de André Almeida quando Pepê já se preparava para abrir o marcador (19′), e demonstravam uma intensidade muito superior à do Benfica, desde a cobrança das bolas paradas à vontade de contra-atacar em todas as ocasiões. Pepê, em evidência na esquerda, ia colmatando as saudades de Luis Díaz e apresentando a carta de apresentação para a segunda metade da temporada.

A equipa de Sérgio Conceição colocou a bola na baliza pela primeira vez ainda antes da meia-hora, com Pepê a finalizar na cara de Vlachodimos na sequência de uma transição rápida, mas o lance foi anulado por fora de jogo do brasileiro na altura do passe de cabeça de Taremi (23′). Nesta fase, o FC Porto acabou por sofrer um duro revés, com João Mário a ter uma lesão muscular e a ser substituído por Wilson Manafá, mas o corredor direito continuou a ser o predileto dos dragões: André Almeida tinha muitas dificuldades para parar as subidas do lateral, as incursões de Vitinha e as movimentações de Otávio em espaços interiores e essa fragilidade ficou claramente ligada aos dois golos que acabaram por aparecer.

Logo depois de Yaremchuk desperdiçar a melhor oportunidade dos encarnados até então, aparecendo totalmente isolado para rematar para uma boa defesa de Diogo Costa (33′), Fábio Vieira surgiu na grande área a finalizar depois de uma combinação entre Taremi e Manafá que se seguiu a mais um lançamento cobrado de forma rápida (34′). Escassos instantes depois, novamente na direita, Manafá soltou Otávio e o internacional português cruzou para o coração da grande área, onde Pepê apareceu totalmente sozinho e longe de marcação para cabecear para aumentar a vantagem (37′). Há uma semana, os três golos do FC Porto apareceram pela esquerda, onde estava André Almeida; esta semana, os dois primeiros golos do FC Porto apareciam pela direita, onde estava André Almeida. E, ao intervalo no Dragão, o Benfica estava novamente a perder.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do FC Porto-Benfica:]

Nenhum dos treinadores fez substituições ao intervalo e o Benfica foi do céu ao inferno nos primeiros cinco minutos da segunda parte: Yaremchuk reduziu logo nos instantes iniciais (47′), finalizando na grande área uma assistência de Rafa a partir da direita, e André Almeida foi expulso logo depois, vendo o segundo cartão amarelo na sequência de uma falta sobre Otávio. Com a equipa reduzida a 10 elementos, Nélson Veríssimo tirou Yaremchuk para colocar Lázaro na esquerda da defesa, deixando Gonçalo Ramos sozinho na zona mais adiantada do terreno.

Mesmo em superioridade numérica, o FC Porto não conseguiu voltar a instalar-se no meio-campo adversário como havia feito na primeira parte e o jogo manteve-se algo partido e com poucas características — existia espaço no meio-campo, nenhuma das defesas estava a ser particularmente certeira e nenhum dos ataques estava a ser realmente eficaz. Por esta altura, os dragões voltaram a sofrer com a maldição do lateral direito, já que Manafá também se lesionou e teve de ser substituído por Corona, e o Benfica ia mesmo sendo a equipa mais perigosa entre um remate ao lado de Rafa (58′) e um corte providencial de Zaidu a um pontapé do mesmo avançado (63′).

Veríssimo voltou a mexer, desta feita com três alterações de uma vez, e optou por refrescar o meio-campo e tocar no ataque: saíram Gonçalo Ramos, Rafa e João Mário, entraram Seferovic, Pizzi e Taarabt. E o Benfica perdeu toda a profundidade e verticalidade que havia apresentado na segunda parte até então e o FC Porto aproveitou para voltar a agigantar-se na partida e dilatar novamente a vantagem através de um golo de Taremi, que finalizou na cara de Vlachodimos depois de uma assistência de Vitinha (69′). O iraniano, que atravessava um autêntico deserto de golos desde o final de outubro, voltava a festejar e deixava os dragões claramente confortáveis na hora de gerir o resultado.

Até ao fim, já pouco aconteceu. O FC Porto controlou as ocorrências até ao fim e venceu o Benfica pela segunda vez no espaço de uma semana, regressando à liderança da Primeira Liga em igualdade pontual com o Sporting e deixando os encarnados a sete pontos dos dois rivais. No dia em que Luis Díaz, o melhor marcador dos dragões e o jogador que tem estado em clara evidência na equipa de Sérgio Conceição, não esteve presente, Pepê soube estar à altura: marcou, desequilibrou sempre, foi intenso e mostrou tudo aquilo que ainda pode dar ao FC Porto sem sequer dar espaço para existirem saudades do colombiano.

Assine por 19,74€

Não é só para chegar ao fim deste artigo:

  • Leitura sem limites, em qualquer dispositivo
  • Menos publicidade
  • Desconto na Academia Observador
  • Desconto na revista best-of
  • Newsletter exclusiva
  • Conversas com jornalistas exclusivas
  • Oferta de artigos
  • Participação nos comentários

Apoie agora o jornalismo independente

Ver planos

Oferta limitada

Apoio ao cliente | Já é assinante? Faça logout e inicie sessão na conta com a qual tem uma assinatura

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.

Assine por 19,74€

Apoie o jornalismo independente

Assinar agora