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Em semana de Reis, não faltou só a estrelinha. Faltou a estrela-guia (a crónica do Santa Clara-Sporting)

Este artigo tem mais de 2 anos

Amorim não esteve e o Sporting perdeu a estrelinha, a estrela-guia e a própria luz: leões perderam com o Santa Clara, sofreram primeira derrota na Liga e podem deixar FC Porto na liderança isolada.

Os leões ainda não tinham perdido a nível interno esta temporada
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Os leões ainda não tinham perdido a nível interno esta temporada

EPA

Os leões ainda não tinham perdido a nível interno esta temporada

EPA

O ano mudou, a volta vai mudar mas a ideia do Sporting era manter o fio condutor apesar da viragem das folhas do calendário. Depois de acabar o ano na liderança da Primeira Liga e ainda sem qualquer derrota a nível interno, a equipa de Rúben Amorim pretendia acabar a primeira volta da mesma forma e arrancar 2022 como encerrou 2021. Para isso, era preciso vencer o Santa Clara nos Açores.

Sem Rúben Amorim, que voltou a testar positivo à Covid-19 e não acompanhou a equipa até São Miguel, o Sporting visitava os açorianos antes de o FC Porto entrar em campo e tinha, por isso mesmo, a possibilidade de chegar à liderança isolada e provisória do Campeonato. Também sem Gonçalo Inácio, que também está infetado, mas com os regressos de Manuel Ugarte, Bruno Tabata e Feddal a ofuscarem as ausências ainda vigentes de Pedro Porro e Jovane, os leões defrontavam um adversário à beira da zona de despromoção e contra o qual nunca haviam perdido. Contudo, o adjunto Carlos Fernandes lembrava que a classificação do Santa Clara em nada espelhava a qualidade da equipa.

Ficha de jogo

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Santa Clara-Sporting, 3-2

17.ª jornada da Primeira Liga

Estádio de São Miguel, nos Açores

Árbitro: Rui Costa (AF Porto)

Santa Clara: Marco, Sagna (Nené, 87′), João Afonso, Boateng, Mansur, Lincoln, Anderson Carvalho (Paulo Henrique, 87′), Morita, Rui Costa (Bouldini, 80′), Cryzan (Ricardinho, 70′), Jean Patric (Romão, 87′)

Suplentes não utilizados: Ricardo Fernandes, Rúben Oliveira, Tassano, Mohebi

Treinador: Tiago Sousa

Sporting: Adán, Luís Neto (Bruno Tabata, 59′), Coates, Matheus Reis, Ricardo Esgaio, João Palhinha, Matheus Nunes (Daniel Bragança, 83′), Nuno Santos, Pedro Gonçalves, Paulinho, Sarabia

Suplentes não utilizados: João Virgínia, Feddal, Manuel Ugarte, Rúben Vinagre, Tiago Tomás, Flávio Nazinho, Gonçalo Esteves

Treinador: Carlos Fernandes

Golos: João Palhinha (10′), Jean Patric (30′), Sarabia (50′), Lincoln (51′), Ricardinho (78′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Matheus Reis (15′), a Paulinho (17′), a Boateng (60′), a Anderson Carvalho (62′), a Mansur (75′), a Rui Costa (79′), a Ricardo Esgaio (83′), a Bouldini (88′); cartão vermelho direto a Daniel Bragança (90+3′)

“É uma equipa que tem um plantel com mais qualidade do que aquilo que a classificação indica. Esteve perto de se qualificar para as provas europeias no início da época, elimina o FC Porto da Taça da Liga, demonstra que tem essa capacidade. Tentamos passar aos jogadores que, apesar de ser um momento imprevisível, sabemos que têm capacidade e que podem ganhar a qualquer equipa em Portugal. Temos de estar preparados (…) Queríamos contar com o Rúben Amorim, transmite energia positiva ao grupo, mas o importante é que ele e a família estão bem. A primeira coisa que me disse quando soube foi que eu poderia vir aqui, à conferência de imprensa. Com a tecnologia, a ausência vai-se esbatendo, ele consegue ver o treino em direto. Em jogo, dá espaço aos jogadores. Podemos é sentir que não passa essa energia positiva. Mas em termos táticos e técnicos é igual”, explicou o treinador adjunto leonino na antevisão da partida.

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Assim, sem Gonçalo Inácio e de forma mais do que natural, Luís Neto aparecia no onze inicial e ao lado de Coates e Matheus Reis no trio de centrais. Nuno Santos voltava a ser o responsável pela ala esquerda do Sporting e Ricardo Esgaio, ainda face à lesão de Porro, era titular do lado contrário. No Santa Clara, o destaque era a presença de Morita nas opções iniciais do interino Tiago Sousa: o internacional japonês está prestes a deixar os Açores e rumar ao Championship de Inglaterra, para representar o Hull City, mas ainda dava um dos últimos contributos à equipa.

Os primeiros minutos do jogo foram suficientes para perceber que o Santa Clara não estava disposto a entrar no fim de semana com uma derrota na bagagem: os açorianos apresentaram-se com as linhas subidas, a exercer uma pressão alta que surpreendeu o Sporting e a alcançar uma mobilidade de construção bem acima da média. A primeira aproximação da equipa de Tiago Sousa à baliza de Adán prendeu-se com um cruzamento vindo da esquerda depois de um erro de Luís Neto, com Cryzan a cabecear para as mãos do guarda-redes ao segundo poste (2′), e foi o exemplo por excelência daquilo que a equipa da casa ia tentar explorar. Jean Patric e Cryzan, que tombavam nos corredores do setor mais ofensivo e eram servidos de forma exímia por Lincoln, iam dando mais trabalho do que o expectável a Esgaio e Nuno Santos e funcionavam como os principais desequilibradores. No meio-campo, como não podia deixar de ser, Morita era o pêndulo que equilibrava o conjunto.

Ainda assim, e mesmo com uma capacidade de reter uma percentagem de posse de bola que não é habitual contra o Sporting, o Santa Clara não conseguia criar verdadeiras oportunidades de golo nesse período e acabou por ir permitindo a resposta leonina. A equipa de Rúben Amorim avançava essencialmente através do corredor direito, onde Esgaio e Sarabia repetiam um movimento que já havia sido notório na última jornada, contra o Portimonense: o lateral procura espaços mais interiores e é o espanhol, que está em claro crescendo de forma, quem oferece a largura na ala. Foi no seguimento de um combinação entre os dois que os leões acabaram por abrir o marcador — Esgaio solicitou Sarabia, o avançado foi desarmado e a bola sobrou para João Palhinha, que atirou forte, de fora de área e junto ao poste para bater Marco (10′). No primeiro remate que fazia na partida, o Sporting colocava-se em vantagem e tornava algo inglórios os positivos primeiros minutos do Santa Clara.

Depois do golo do internacional português, os açorianos caíram naturalmente de rendimento e permitiram um ligeiro ascendente aos leões. O Sporting ficou perto de aumentar a vantagem por intermédio de Nuno Santos, que também atirou forte e de fora de área mas por cima da trave (14′), e procurava essencialmente um jogo mais direto e mais virado para a necessidade de marcar mais golos. Palhinha aparecia muitas vezes em posição frontal para a baliza para finalizar, Pedro Gonçalves ia somando ocasiões mas mantinha-se muito perdulário e Sarabia continuava a ser o principal elemento disruptivo, criando oportunidades a partir dos desequilíbrios que proporcionava na direita. Contudo, e principalmente depois de um lance em que Cryzan ficou muito perto de empatar com um remate ao lado após deixar dois adversários para trás com uma única finta (16′), o Santa Clara soube reagir e voltar à dinâmica dos 10 minutos iniciais.

A equipa de Tiago Sousa recuperou o entendimento ofensivo, voltou a soltar a profundidade de Cryzan e Jean Patric e explorava essencialmente as costas do trio defensivo leonino. O empate ficou muito perto quando Jean Patric atirou ao lado na sequência de um passe brilhante de calcanhar de Lincoln (27′) mas não tardou: instantes depois, o mesmo Jean Patric apareceu quase sozinho, ao segundo poste, a cabecear de forma perfeita para bater Adán após um cruzamento de Sagna na direita (30′). Os açorianos confirmavam a enorme exibição que estavam a realizar com o golo do empate e impediam o Sporting de entrar em modo gestão, com os leões a manterem as mesmas dificuldades na hora de segurar a posse de bola e criar oportunidades até ao intervalo.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do Santa Clara-Sporting:]

A segunda parte começou sem alterações e com uma dinâmica semelhante em que o Santa Clara não descurava a pressão alta e o Sporting não conseguia libertar-se com facilidade das amarras açorianas. Ainda assim, os leões conseguiram chegar ao segundo golo através de um lance de rotura: Pedro Gonçalves apareceu na esquerda, tirou um adversário da frente e assinou uma assistência brilhante para o poste mais distante, onde Sarabia surgiu a atirar de primeira para recuperar a vantagem (50′). A reação dos açorianos, porém, voltou a ser brilhante e surpreendente — na jogada seguinte, de forma imediata, Lincoln abriu em Jean Patric na esquerda e voltou a receber em posição central, atirando para empatar novamente a partida (51′).

Com a manutenção do empate, a equipa do Sporting decidiu mexer e tirou Luís Neto para lançar Bruno Tabata, integrando Esgaio no trio de centrais e colocando o brasileiro enquanto responsável por todo o corredor direito. O encontro partiu ligeiramente a partir da hora de jogo, com a bola a disputar-se essencialmente na zona do meio-campo e a aproximar-se menos das balizas, e os leões iam vendo o tempo passar sem que o Santa Clara quebrasse ou oferecesse espaço no último terço. Mais do que isso, a equipa de Rúben Amorim não demonstrava capacidade para controlar as ocorrências, apresentando-se bem mais separada do que o normal e sem o habitual encaixe entre os setores.

Com a aproximação do fim do jogo e já depois de Sarabia desperdiçar uma enorme oportunidade num lance semelhante ao do segundo golo dos leões (69′), o Sporting começou a apresentar-se com Coates enquanto avançado destacado e João Palhinha a assumir o cargo de terceiro central para cobrir as subidas do uruguaio. Até que, a pouco mais de 10 minutos do apito final, o Santa Clara alcançou o impensável: Esgaio errou no corredor direito, Lincoln aproveitou para arrancar até à grande área e tirar Palhinha da frente com uma grande finta e assistiu Ricardinho, que atirou em força para bater Adán (78′).

Até ao fim, os leões já não conseguiram reverter a situação. Daniel Bragança acabou expulso depois de uma entrada dura, Paulinho desperdiçou o empate em frente à baliza (90+4′) e o Sporting caiu com estrondo nos Açores. O campeão nacional sofreu a primeira derrota no Campeonato, a primeira derrota a nível interno nesta temporada e pode deixar o FC Porto na liderança isolada da classificação caso os dragões vençam o Estoril este sábado. Em semana de Dia de Reis, a equipa leonina perdeu e não foi só porque faltou a habitual estrelinha da sorte — perdeu porque faltou a estrela-guia que é Rúben Amorim, o treinador que é bem mais do que um simples orientador técnico ou tático quando este conjunto está em campo.

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