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Pedro, um jóquer que faz com que todas as cartadas sejam apostas ganhas (a crónica da final da Taça da Liga)

Este artigo tem mais de 2 anos

O Benfica começou a ganhar, o Sporting empatou depois do intervalo e matou o jogo a menos de 15 minutos do fim. Porro voltou, entrou e assistiu para o golo decisivo, tornando-se o jóquer de Amorim.

SL Benfica v Sporting CP - Allianz Cup Final
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O lateral assistiu Sarabia para o segundo golo do Sporting, já na segunda parte

Getty Images

O lateral assistiu Sarabia para o segundo golo do Sporting, já na segunda parte

Getty Images

21 de março de 2009. No Estádio Algarve, em Faro, Benfica e Sporting disputavam a segunda final da Taça da Liga depois de, na época anterior, os leões terem perdido a decisão inaugural para o V. Setúbal. Num jogo muito marcado pela arbitragem de Lucílio Baptista e após um empate no final dos 120 minutos com golos de Bruno Pereirinha e Jose Antonio Reyes, os encarnados venceram os leões na decisão por grandes penalidades e conquistaram o primeiro de oito troféus que os torna recordista absolutos na competição. De lá para cá, Benfica e Sporting não voltaram a encontrar-se na final da Taça da Liga.

Até este sábado. Em Leiria, no Estádio Dr. Magalhães Pessoa, encarnados e leões voltavam a discutir a terceira competição interna naquele que era o primeiro troféu a ser entregue em 2022. Em janeiro, em pleno mercado de transferências, a final da Taça da Liga não tinha o mesmo peso para Benfica e Sporting mas poderia ter consequências para os dois lados — tanto em caso de vitória como de derrota.

Ficha de jogo

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Benfica-Sporting, 1-2

Final da Taça da Liga

Estádio Dr. Magalhães Pessoa, em Leiria

Árbitro: Manuel Mota (AF Braga)

Benfica: Vlachodimos, Lázaro, Morato (Henrique Araújo, 83′), Vertonghen, Grimaldo, João Mário, Weigl, Meïté (Pizzi, 83′), Diogo Gonçalves (Gil Dias, 74′), Yaremchuk (Gonçalo Ramos, 61′), Everton (Taarabt, 83′)

Suplentes não utilizados: Helton Leite, André Almeida, Paulo Bernardo, Ferro

Treinador: Nélson Veríssimo

Sporting: Adán, Luís Neto (Pedro Porro, 66′), Gonçalo Inácio, Feddal, Ricardo Esgaio, João Palhinha, Matheus Nunes (Manuel Ugarte, 85′), Matheus Reis, Pedro Gonçalves, Paulinho (Tiago Tomás, 88′), Sarabia (Nuno Santos, 88′)

Suplentes não utilizados: João Virgínia, Bruno Tabata, Jovane, Geny Catamo, Daniel Bragança

Treinador: Rúben Amorim

Golos: Everton (23′), Gonçalo Inácio (49′), Sarabia (78′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Luís Neto (31′), a Vertonghen (53′), a Paulinho (53′), a Everton (58′), a Matheus Nunes (59′), a Ricardo Esgaio (77′), a João Mário (90+2′)

No Benfica, a conquista da Taça da Liga numa fase em que a equipa não está a corresponder em termos exibicionais poderia ser o corte decisivo com o passado e o primeiro passo rumo a um futuro que ainda tem os oitavos de final da Liga dos Campeões e o apuramento direto para a edição do próximo ano no horizonte. Uma derrota, por outro lado, poderia ser o primeiro xeque-mate ao projeto, à ideia e à filosofia de Nélson Veríssimo, para além da confirmação quase certa de que os encarnados iriam terminar mais uma temporada sem qualquer título conquistado.

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No Sporting, a conquista da Taça da Liga numa fase em que a equipa levava duas derrotas em três jogos poderia ser o necessário catalisador para uma reta final de Campeonato que terá de ser perfeita para a reconquista do título. Uma derrota, por outro lado, poderia ser a confirmação de um período negro de Rúben Amorim que ainda ninguém viu e que ainda ninguém sabe como é que pode ser debelado.

Depois de eliminarem, respetivamente, Boavista e Santa Clara nas meias-finais, Benfica e Sporting surgiam na final da Taça da Liga sem Otamendi, Darwin e Coates, todos ao serviço das seleções na América do Sul, e ainda sem Rafa e Seferovic, um por estar infetado com Covid-19 e outro por estar lesionado. Nélson Veríssimo voltava a apostar no 4x3x3, confirmando que será este o sistema tático para o futuro encarnado, e fazia apenas uma alteração face à equipa que afastou os axadrezados, apostando na titularidade de Meïté em detrimento de Paulo Bernardo e mantendo Lázaro, Diogo Gonçalves e Yaremchuk no onze. Do outro lado, Rúben Amorim recuperava algumas opções habituais, como Paulinho e Matheus Nunes ao invés de Bruno Tabata e Manuel Ugarte, e surpreendia ao colocar Feddal como terceiro central e Matheus Reis na ala esquerda, optando por deixar Nuno Santos no banco de suplentes, onde já apareciam os recuperados Pedro Porro e Daniel Bragança.

Os primeiros instantes da partida mostraram desde logo o expectável: o jogo iria ter uma densidade populacional acima da média no corredor central, com ambas as equipas a procurarem a superioridade numérica nessa zona, e todos os desequilíbrios que pudessem surgir teriam origem nos corredores ou nas costas das defesas. O Sporting tinha mais bola e maior presença no meio-campo adversário, ainda que permitida e concedida pelo Benfica, mas demonstrava muitas dificuldades na hora de entrar no último terço. Os movimentos de rotura dos leões surgiam essencialmente através de passes longos para as alas e foi assim que apareceu o primeiro lance mais perigoso da partida, com Matheus Nunes a encontrar Matheus Reis na esquerda e o lateral a desmarcar Pote, que foi desarmado por Vertonghen já na grande área (4′).

Na altura em que ficou encerrado o quarto de hora inicial, ainda não existia qualquer oportunidade de golo. O jogo permanecia muito encaixado taticamente, com o Benfica a oferecer a posse de bola ao Sporting para explorar saídas rápidas e o eventual espaço que os leões poderiam permitir numa situação de desequilíbrio. A equipa de Rúben Amorim procurava principalmente a largura, tanto com as subidas de Matheus Reis na esquerda como com as combinações entre Esgaio e Pote na direita, e avançava desde logo com Feddal ou Neto na saída de bola para puxar a pressão encarnada e abrir metros. O problema do Sporting, nesta altura, era que o Benfica estava a defender bem.

Confortáveis com o facto de terem menos posse de bola, os encarnados mantinham-se tranquilos e certeiros na organização defensiva, com Vertonghen a somar cortes decisivos já na grande área e Meïté a realizar mais uma exibição positiva, principalmente na hora de condicionar a saída de bola adversária. Com o passar dos minutos e essa evidência que era a dificuldade do Sporting em chegar à baliza de Vlachodimos, o Benfica foi subindo no terreno e procurando essencialmente o espaço que Matheus Reis, por subir sempre muito ao longo do corredor, permitia no lado direito do ataque encarnado. Ainda assim, curiosamente, o único golo da primeira parte acabou por surgir na ala esquerda.

Num momento de clara criatividade ofensiva, Morato abriu em Grimaldo na esquerda e o lateral encontrou Everton na grande área; o brasileiro deixou Neto para trás com uma boa simulação e atirou forte para bater Adán (23′), voltando a marcar depois de já o ter feito na meia-final contra o Boavista. Sem estar ainda cumprida meia-hora, o Benfica colocava-se em vantagem na final da Taça da Liga na primeira aproximação perigosa que fez à baliza adversária mas, essencialmente, colocava-se em vantagem por ter conseguido fazer aquilo que o Sporting não estava a conseguir: rematar à baliza, ser imprevisível e tornar-se eficaz.

Os leões poderiam ter empatado logo de seguida, com Vlachodimos a parar um cabeceamento de Gonçalo Inácio na sequência de um pontapé de canto (26′), mas a verdade é que a equipa de Nélson Veríssimo soube reagir da melhor forma à vantagem alcançada e não permitiu a resposta adversária. O Sporting continuou com mais bola após o golo de Everton mas o Benfica manteve-se organizado defensivamente e foi para o intervalo a ganhar pela margem mínima e com uma postura tranquila que ia fazendo a diferença.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos da final da Taça da Liga:]

Nenhum dos treinadores mexeu ao intervalo e o Sporting não demorou cinco minutos a empatar o resultado. Num lance em tudo semelhante àquele que quase deu golo na primeira parte, Sarabia bateu um pontapé de canto a partir da esquerda e Gonçalo Inácio surgiu ao primeiro poste, mais alto do que Morato, a cabecear para dentro da baliza (49′). Os leões cumpriam, empatavam logo no arranque da segunda parte e relançavam a final da Taça da Liga.

O jogo ia decorrendo com os ânimos à flor da pele mas sem grandes oportunidades, sem que nenhuma das equipas assumisse um claro ascendente — embora o Sporting mantivesse o condão da posse de bola — e com as situações mais perigosas a surgirem essencialmente de transições rápidas e da exploração da profundidade. Nélson Veríssimo foi o primeiro a mexer, ao trocar um inconsequente Yaremchuk por Gonçalo Ramos, e Rúben Amorim respondeu com Pedro Porro, que rendeu Luís Neto e ocupou a ala direita, deixando Esgaio como terceiro central. A aposta do treinador leonino era clara: o lado direito do Sporting estava a ser o mais perigoso, com as combinações entre Esgaio e Pote e as fragilidades defensivas de Grimaldo, e a entrada do espanhol poderia agitar ainda mais as águas.

A aposta não poderia ter sido mais certeira. Paulinho acertou na trave na sequência de mais um lance pela direita (73′), depois de um passe de Matheus Nunes, e Veríssimo decidiu trocar Diogo Gonçalves por Gil Dias para estancar as investidas leoninas. Pedro Porro, contudo, tinha entrado com a responsabilidade de ser decisivo: a pouco mais de dez minutos do fim, rasgou a defesa do Benfica com um passe longo que descobriu Sarabia em fuga e o espanhol, na cara de Vlachodimos, confirmou a reviravolta (78′).

Até ao fim, Amorim ainda lançou Ugarte, Nuno Santos e Tiago Tomás, que poderá ter feito o último jogo pelos leões antes de ser emprestado ao Estugarda, e Veríssimo procurou correr atrás do resultado com Pizzi, Taarabt e Henrique Araújo, que fez a estreia pela equipa principal dos encarnados. Mas já nada mudou: o Sporting venceu o Benfica com direito a reviravolta e conquistou a Taça da Liga pelo segundo ano consecutivo. Numa segunda parte em que os leões foram sempre mais proativos do que os encarnados, Pedro Porro saltou do banco para voltar aos relvados, injetar energia, desequilibrar na direita e fazer uma assistência brilhante para o golo decisivo. Um jogador que é jóquer e que faz com que todas as apostas de Rúben Amorim sejam ganhas.

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