É a primeira vez que acontece: um primeiro-ministro ser indigitado em isolamento profilático. António Costa testou esta terça-feira positivo para a Covid-19, mas esta formalidade não exige, nos termos da lei, que o primeiro-ministro tenha uma reunião presencial com o chefe de Estado, pelo que bastará a Marcelo divulgar uma nota no site e ter essa conversa pró-forma com António Costa através de meios remotos (chamada telefónica ou videoconferência). Não é, assim, o isolamento, sabe o Observador, que vai travar a intenção do Presidente da República de indigitar o líder do PS como primeiro-ministro após terminar a audição aos partidos.

A lógica de Belém é: quanto mais rápido se iniciar o processo de formação de Governo, mais depressa há Orçamento do Estado para 2022, que tem de voltar a ser discutido na Assembleia da República. Desta vez já tem, aliás, aprovação garantida — embora o PS possa aproveitar a especialidade para demonstrar que, apesar de absoluto, é dialogante. Naturalmente que António Costa não precisa de esperar por Marcelo Rebelo de Sousa para começar a fazer convites para o seu novo Governo “mais exuto e curto”, mas ao ser indigitado dá início ao processo.

António Costa terá assim tempo — até 7 de fevereiro, dia em que previsivelmente acabará o seu isolamento — para fazer esses contactos a partir de casa. O primeiro-ministro já tinha estado isolado outras duas vezes: uma no verão, onde também ficou isolado em casa, e outra em dezembro de 2020, quando foi forçado a ficar no Palácio de São Bento, onde inclusive passou a consoada. Participou, aliás, nos cumprimentos de Belém ao Governo nesse ano como uma espécie de holograma, através de um ecrã digital vertical em que apareceu em tamanho real.

Na audiência desta quarta-feira, o PS não se fará representar pelo seu secretário-geral, António Costa, não por estar infetado com Covid-19, mas porque já não integrava a comitiva prevista. Em 2019, a comitiva foi composta pelo presidente do PS, Carlos César, pela então secretária-geral adjunta, Ana Catarina Mendes, e por uma vice-presidente da bancada, Maria António Almeida Santos. Desta vez, estando Carlos César em isolamento, a comitiva do PS será composta pelo secretário-geral adjunto, José Luís Carneiro, pela líder parlamentar, Ana Catarina Mendes e pelo secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro.

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