A administração da Carris e os sindicatos dos trabalhadores reuniram-se esta quarta-feira para negociar a revisão do Acordo de Empresa para 2022, mas não houve avanços nas propostas de atualizações salariais, ficando marcada nova reunião para 18 de fevereiro.

“O balanço desta reunião não é exatamente positivo porque, embora tenhamos iniciado a discussão da revisão do Acordo, cláusula a cláusula, em algumas cláusulas há alguma evolução positiva, mas, perante a questão principal, que é a necessidade de um aumento real dos salários, o conselho de administração mantém o mesmo posicionamento de unicamente pretender aplicar aos trabalhadores da Carris uma atualização de 10 euros”, indicou Manuel Leal, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal (STRUP).

Em declarações à agência Lusa, após a reunião na sede da Carris em Miraflores, concelho de Oeiras e distrito de Lisboa, o representante do STRUP considerou que a proposta da administração da empresa quanto ao aumento salarial dos trabalhadores é “claramente insuficiente”, explicando que, com a evolução do salário mínimo nacional para 705 euros, os três primeiros escalões já foram absorvidos por esta atualização.

Trabalhadores da Carris mandatam todos os sindicatos a integrar negociações salariais

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Manuel Leal referiu que as negociações vão continuar, tendo ficado marcada nova reunião para 18 de fevereiro, mas perspetivou a realização de um novo plenário geral dos trabalhadores da Carris para discutir o resultado da reunião desta quarta-feira e decidir “a adoção de formas de luta concretas que levem o conselho de administração a mudar de posicionamento face a esta questão vital que é o aumento dos salários”.

“Poderá implicar um recurso à greve, todas as possibilidades estarão em aberto na discussão com os trabalhadores e a decisão do plenário será, nesse aspeto, soberana”, afirmou o dirigente do STRUP, reiterando que as principais reivindicações são o aumento salarial, a evolução para as 35 horas semanais e a atribuição do passe metropolitano para todos os cerca de 2.600 trabalhadores da Carris, empresa de transporte público sob gestão da Câmara Municipal de Lisboa.

Quanto à atualização salarial, a proposta do STRUP é de “um aumento nominal de 90 euros para todos os trabalhadores, tendo em conta a realidade de 10 anos sem qualquer atualização salarial e a necessidade de distanciamento da evolução do salário mínimo”.

Também presente na negociação com a administração da Carris, Manuel Oliveira, do Sindicato Nacional dos Motoristas e Outros Trabalhadores (SNMOT), disse à Lusa que a reunião se desenrolou de forma “perfeitamente normal, mas a empresa não mostrou nenhuma evolução na posição salarial face àquilo que tinha apresentado na reunião anterior”.

“Isto não é bom, nem é mau, faz parte do processo”, reforçou Manuel Oliveira, aguardando desenvolvimentos na próxima reunião de 18 de fevereiro, em que se espera que a empresa apresente uma nova proposta de atualizações salariais.

A proposta defendida pelo SNMOT é de aumentos salariais “no mesmo índice percentual que o salário mínimo nacional sofreu, ou seja, de 6,01%”, enquanto a empresa apresentou uma atualização salarial de cerca 0,9%, à qual os trabalhadores já disseram que “não aceitam”.

“Apesar de as negociações não estarem fechadas, não se afiguram fáceis, portanto aquilo que pedimos a todos os trabalhadores é que estejam devidamente informados, atentos e, acima de tudo, unidos e esperemos que não tenhamos que fazer novo plenário porque, se for inevitabilidade, faremos e, se for o caso, esperemos que não, temos que novamente pedir desculpa à população por alguns incómodos causados”, avançou o sindicalista Manuel Oliveira.

Destacando o diálogo no processo negocial entre administração da Carris e estruturas sindicais, o representante do SNMOT espera que a administração reveja a sua posição e que apresente “uma proposta de aumentos salariais condicentes com aquilo que os trabalhadores esperam e merecem”.

Em 27 de janeiro, os trabalhadores da Carris estiveram reunidos em plenário e decidiram mandatar os sindicatos, designadamente o STRUP, o SNMOT, o Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes (SITRA) e a Associação Sindical dos Trabalhadores da Carris (ASPTC), a integrar as negociações com a administração da empresa sobre o Acordo de Empresa para 2022 e as atualizações salariais.