“Depois de pouco menos de dois anos fora do jogo após a sua demissão do Everton, Marco Silva está de volta e é um caso sério. O técnico de 44 anos está a conquistar o campeonato com o Fulham esta temporada, com a sua equipa a caminho de ganhar a promoção e a quebrar uma série de recordes de golos ao longo do trajeto”. Era assim que começava o artigo “A ascensão, a queda e o renascimento de Marco Silva” no The Analyst sobre todo o trajeto do técnico português nos londrinos, a quebrar vários registos no plano ofensivo.

“No momento da redação deste artigo, o Fulham é o líder do Campeonato, com mais vitórias na divisão (17), mais remates à baliza (174) e mais golos do que qualquer equipa nas ligas profissionais da Inglaterra com um colossal número de 74, que já é mais dez do que o Fulham conseguiu em sua última campanha vencedora da promoção (2019-20), apesar de ter apenas 28 jogos na temporada”, acrescentava sobre o tema.

O desempenho não passava ao lado de ninguém nem do próprio Pep Guardiola, técnico do líder da Premier League e campeão em título. “Estou muito satisfeito com o que ele [Marco Silva] está fazer. Estou realmente impressionado há já muito tempo. Vi alguns jogos do Fulham e estou impressionado. Não me surpreende que ele estejam na liderança do Championship. Não são apenas os golos que eles têm marcado mas também a forma como jogam. O posicionamento do Fulham é excecional. Estou feliz por poder ver o Marco Silva amanhã [sábado], é o melhor adversário que podíamos defrontar neste momento, uma equipa com muitas qualidades e bom jogadores”, comentara o espanhol sobre o duelo da Taça de Inglaterra.

O encontro tinha mesmo todas as condições para ser um dos destaques da quarta ronda, que começou logo com a surpreendente eliminação do Manchester United em Old Trafford frente ao Middlesbrough após grandes penalidades, e até começou logo com um golo a abrir do Fulham. No entanto, imperou a lei do mais forte. E quem se destacou entre os visitantes voltou a ser Fábio Carvalho, médio nascido em Portugal mas que é internacional inglês e que está a caminho de reforçar o Liverpool na próxima temporada.

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Melhor início seria impossível e ainda o Chelsea-Plymouth Argyle, que surpreendentemente foi mesmo para prolongamento com Marcos Alonso a decidir aos 105′, estava na parte final com as repetições do encontro e já o Fulham se tinha colocado em vantagem no marcador com Harry Wilson a aparecer bem nas costas de João Cancelo para conduzir uma transição pela direita e assistir Fábio Carvalho na área, que teve apenas de encostar frente a Zack Steffen (4′). Os adeptos londrinos faziam a festa mas ficariam assim menos de dois minutos, com o Manchester City a colocar muitas unidades na frente e Mahrez a recuperar uma segunda bola que não foi aliviada pela defesa contrária para oferecer o empate a Gündogan na área (6′).

A cara de Marco Silva dizia tudo: depois da vantagem madrugadora, tudo o que não podia acontecer era sofrer quase logo no lance seguinte. E o pior ainda estava para vir porque, ainda no quarto de hora inicial, John Stones fez mesmo o 2-1 aproveitando as dificuldades defensivas do Fulham para fazer a reviravolta (13′). Os londrinos nunca abdicavam de sair a jogar a partir de trás, tinham qualidade na circulação de bola e conseguiam mostrar sem golos o porquê de tantos elogios. No entanto, e contra este City, não chegava.

Com João Cancelo titular como lateral esquerdo a sair na segunda parte, Bernardo Silva a entrar para os 15 minutos finais e Rúben Dias a ficar no banco, os visitados dispararam no marcador com dois golos de Mahrez em menos de cinco minutos, primeiro numa grande penalidade conseguida por Jack Grealish e depois numa transição rápida após perda em zona proibida dos jogadores recuados do Fulham (53′ e 57′). Fábio Carvalho ainda teve uma boa oportunidade para reduzir a desvantagem e dar ainda mais nas vistas no Etihad mas o remate saiu fraco para Steffen e Marco Silva preferiu a partir de certa altura poupar alguns dos melhores jogadores como Mitrovic para os jogos do Championship que se avizinham. A “surpresa” que ainda se pensou poder acontecer ficou adiada. Mas, a jogar assim, o difícil é o Fulham não voltar à Premier League.