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Fábio Vieira, o dono da batuta até quando é Paulinho a dar o tom (a crónica do FC Porto-Sporting)

Este artigo tem mais de 2 anos

Depois de uma semana marcada por canções de embalar, FC Porto e Sporting empataram num jogo marcado pelo tom de Paulinho, pela batuta de Fábio Vieira e por tudo o que desafinou já após o apito final.

FC Porto v Sporting CP - Liga Portugal Bwin
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O jovem médio marcou o primeiro golo do FC Porto e fez a assistência para o segundo

Getty Images

O jovem médio marcou o primeiro golo do FC Porto e fez a assistência para o segundo

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Em “A Paixão (Segundo Nicolau da Viola)”, Rui Veloso cantou as palavras de Carlos Tê para dizer que “não se ama alguém que não ouve a mesma canção”. Concordando ou não com a premissa, a verdade é que o verso de 1990 servia esta sexta-feira como enquadramento perfeito para o Clássico do Dragão entre FC Porto e Sporting. Nem que fosse pela ideia clara de que Sérgio Conceição e Rúben Amorim, separados por seis pontos antes do apito inicial, estavam muito longe de ouvir a mesma canção.

As primeiras notas foram dadas pelo treinador dos dragões, logo depois da vitória frente ao Marítimo, quando reagiu de forma experiente aos elogios que Amorim tinha feito à equipa do FC Porto. “Não ouvi as declarações de Rúben Amorim. Mas, se é o que diz, isso é música para os meus ouvidos. Tenho mais alguns anos do que o Rúben. Acredito que tenha respeito pelo FC Porto, tal como nós temos pelo Sporting, mas isso são canções de embalar. Já não vou nisso, já há muito tempo que não as ouço. Canto para os meus filhos, agora para o meu filho mais pequeno”, disse Sérgio Conceição, não deixando fugir a ideia de que este é “o Sporting mais forte” desde que chegou ao Dragão.

Ficha de jogo

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FC Porto-Sporting, 2-2

22.ª jornada da Primeira Liga

Estádio do Dragão, no Porto

Árbitro: João Pinheiro (AF Braga)

FC Porto: Diogo Costa, João Mário (Francisco Conceição, 74′), Mbemba, Pepe, Zaidu, Fábio Vieira (Grujic, 90′), Uribe (Pepê, 74′), Vitinha (Galeno, 57′), Otávio, Evanilson (Toni Martínez, 90′), Taremi

Suplentes não utilizados: Marchesín, Fábio Cardoso, Wendell, Stephen Eustáquio

Treinador: Sérgio Conceição

Sporting: Adán, Gonçalo Inácio, Coates, Feddal, Ricardo Esgaio, Manuel Ugarte (Bruno Tabata, 90+2′), Matheus Nunes, Matheus Reis, Sarabia (João Palhinha, 55′), Nuno Santos (Luís Neto, 66′), Paulinho (Slimani, 66′)

Suplentes não utilizados: João Virgínia, Rúben Vinagre, Marcus Edwards, Daniel Bragança, Gonçalo Esteves

Treinador: Rúben Amorim

Golos: Paulinho (8′), Nuno Santos (34′), Fábio Vieira (38′), Taremi (78′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Matheus Reis (1′), a Coates (27′ e 49′), a Pepe (42′), a Ricardo Esgaio (45′), a Otávio (45′), a Paulinho (54′), a Nuno Santos (63′), a João Palhinha (71′), a Fábio Vieira (82′), a Pepê (90+1′); cartão vermelho por acumulação a Coates (49′), direto a João Palhinha, a Pepe, a Bruno Tabata, a Marchesín

Ora, Rúben Amorim, que tinha de reagir a elogios recíprocos de Conceição e também às palavras de Pep Guardiola, que antecipou os oitavos de final da Liga dos Campeões, leu a pauta e juntou-se à melodia. “Isso são canções de embalar. Temos uma montanha tão grande para escalar, que é o FC Porto… No ano passado, o jogo no Dragão foi o mais importante da época. Se pensarmos agora, temos um jogo perante um adversário onde estamos em desvantagem e depois temos frente a melhor equipa do mundo. Só nos vai ajudar, no futuro. Pode prejudicar o treinador, não sabemos. O Sporting está a lutar por todas as frentes, como deve estar. O futuro do Sporting vai ser por este caminho”, atirou o treinador leonino, afastando a ideia de que este é o jogo mais importante da própria carreira até aqui.

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Canções de embalar à parte, era claro que voltávamos à ideia inicial: Conceição e Amorim não estavam a ouvir a mesma canção. Com seis pontos de vantagem na liderança da Primeira Liga, o FC Porto recebia o Sporting no Dragão com a certeza de que uma vitória deixava o título praticamente assegurado, de que um empate deixava as contas muito favoráveis e de que só uma derrota poderia deixar tudo realmente em aberto. Com seis pontos de desvantagem para a liderança da Primeira Liga, o Sporting visitava o FC Porto no Dragão com a certeza de que uma derrota deixava o título praticamente perdido, de que um empate deixava as contas muito desfavoráveis e de que só uma vitória poderia deixar tudo realmente em aberto. Se o Clássico era importante para os dragões, o Clássico era decisivo para os leões. E as notas dessas canções não se tocam com os mesmos acordes.

Assim, e com Diogo Costa assegurado na baliza depois do susto contra o Arouca, Sérgio Conceição proporcionava os regressos de João Mário, Uribe e Taremi ao onze inicial em detrimento de Bruno Costa, Grujic e Pepê. Do outro lado, Rúben Amorim apresentava uma surpresa: Manuel Ugarte era titular no meio-campo, ao contrário de João Palhinha, que começava no banco. De forma mais expectável, Ricardo Esgaio substituía o castigado Pedro Porro na direita da defesa e Nuno Santos completava o trio ofensivo na ausência do lesionado Pedro Gonçalves.

Os primeiros instantes da partida mostraram desde logo que nenhuma das equipas pretendia ficar à espera daquilo que o jogo podia dar. Vitinha obrigou Adán a uma defesa apertada logo nos segundos iniciais (1′), Pepe atirou ao lado na sequência de um livre (3′) e Paulinho, na resposta, assinou um pontapé de fora de área que Diogo Costa encaixou (4′). O golo, portanto, não demorou muito a chegar: Esgaio cruzou muito largo a partir da direita, Matheus Reis colocou na grande área desde o lado contrário e Paulinho, aproveitando a passividade da abordagem de Mbemba, cabeceou para abrir o marcador (8′). O Sporting colocava-se a ganhar no Dragão ainda dentro dos primeiros 10 minutos, na sequência de uma transição rápida muito eficaz, e tinha margem de manobra para juntar os setores e defender a vantagem.

De forma natural, o FC Porto fez o contrário: subiu as linhas, espaçou os setores, atirou-se para o meio-campo adversário sob a batuta de Fábio Vieira e foi intensificando a reação à perda da bola. Ainda assim, os dragões pecavam na hora da definição e não conseguiam criar verdadeiras oportunidades, rodeando a grande área de Adán com posse de bola e presença ofensiva mas sem objetividade, algo de que o Sporting beneficiava. Neste período, João Mário ainda atirou ao lado, em jeito e depois de um passe de Taremi (33′), mas os leões acabaram por aumentar a vantagem com recurso àquilo que melhor sabem fazer: contra-atacar.

Numa jogada coletiva quase perfeita, Esgaio abriu o jogo da direita para a esquerda e Matheus Reis cruzou à procura do segundo poste; Sarabia, já sem ângulo para atirar à baliza, fez um passe atrasado e ofereceu o golo a Nuno Santos, que só teve de encostar (34′). Os leões dilatavam o resultado pouco depois da meia-hora mas o FC Porto, aproveitando alguma passividade defensiva do adversário — e os passes falhados que a equipa de Rúben Amorim ia acumulando no meio-campo defensivo, demonstrando alguma intranquilidade –, não demorou muito a reduzir a desvantagem. Fábio Vieira ganhou superioridade no corredor central, abriu na esquerda em Taremi e o iraniano devolveu ao jovem médio, que atirou de primeira à entrada da grande área e bateu Adán (38′).

Daí e até ao intervalo, já pouco se jogou. Os minutos foram passando com desentendimentos entre jogadores, lesões e cartões amarelos, com pouco futebol e sem qualquer aproximação às balizas. O Sporting desceu ao balneário a vencer o FC Porto no Dragão com dois golos feitos através de transições rápidas, enquanto que o FC Porto desceu ao balneário a perder com o Sporting no Dragão com dois golos em que não conseguiu esconder as fragilidades defensivas — eos 45 minutos que restavam iriam ditar que verso da canção acabaria por tornar-se o refrão.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do FC Porto-Sporting:]

Nenhum dos treinadores fez substituições ao intervalo e a segunda parte arrancou desde logo com uma expulsão: Coates fez falta sobre Evanilson quando o avançado brasileiro se preparava para ficar isolado na cara de Adán e João Pinheiro mostrou o segundo cartão amarelo ao central uruguaio, deixando o Sporting com menos um elemento com praticamente todo o segundo tempo por disputar. Rúben Amorim trocou Sarabia por João Palhinha, colocando Nuno Santos na esquerda, Matheus Reis como terceiro central e Paulinho como única referência ofensiva, e Sérgio Conceição foi atrás do empate ao lançar Galeno no lugar de Vitinha.

Depois de reagir ao impacto inicial, permitindo somente um remate de Zaidu que acertou em cheio no poste da baliza de Adán (59′), Amorim entendeu que seria difícil ou praticamente impossível resistir ao all in do FC Porto mantendo uma postura unicamente defensiva. Assim, o treinador leonino trocou Nuno Santos e Paulinho por Luís Neto e Slimani, fazendo Matheus Reis regressar à ala esquerda e apostando na profundidade oferecida pelo argelino para manter a defesa dos dragões em sentido e conquistar a ligação entre setores que havia perdido com a inferioridade numérica. A equipa de Sérgio Conceição mantinha-se balançada para a frente, explorando essencialmente os passes verticais de João Mário à procura da velocidade de Evanilson nas costas da defesa adversária, mas raramente conseguia chegar com perigo a zonas de finalização.

A cerca de um quarto de hora do fim, o FC Porto aumentou ainda mais a cilindrada e trocou João Mário e Uribe por Francisco Conceição e Pepê, partindo à procura da profundidade, da explosão e da frescura dos dois avançados. A recompensa não demorou a chegar: Fábio Vieira voltou a desequilibrar, desta feita na esquerda, cruzou para a grande área e Taremi, em antecipação a Feddal, tirou um cabeceamento perfeito para empatar a partida (78′). Até ao apito final, a lógica foi simples: o FC Porto insistiu, o Sporting resistiu. E os leões acabaram por conseguir evitar a derrota.

Num jogo que ficou desvirtuado a partir da expulsão de Coates, que teve uma defesa decisiva de Adán a um cabeceamento de Grujic nos últimos instantes e que não escapou a um vergonhoso confronto entre os dois conjuntos em pleno relvado após o apito final, FC Porto e Sporting empataram no Dragão, mantiveram a distância de seis pontos e deixaram a luta pelo título exatamente na mesma. Num dia que contou com exibições gigantescas de Taremi, Matheus Reis e Matheus Nunes, Fábio Vieira saltou à vista por ser o dono da batuta até quando Paulinho, com uma primeira parte exímia, deu o tom.

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