O Governo esclareceu esta segunda-feira que o envio de tropas portuguesas para a Roménia é habitual e que este ano vai voltar a acontecer, mas não especificamente por causa da tensão entre Rússia e Ucrânia. É o que afirma uma resposta enviada ao Observador pelo Ministério da Defesa, depois de o comentador Luís Marques Mendes ter avançado ontem à noite na SIC que a presença de tropas portuguesas na Roménia foi decidida “em sigilo” pelo Governo, em consenso com o Presidente da República e o líder da oposição durante a campanha eleitoral.

Importa sublinhar que Portugal participa regularmente em exercícios conjuntos com os países aliados, como é o caso recente da NATO Tailored Forward Presence, na Roménia. Tal como aconteceu em 2021, também para este ano está previsto o envio de militares portugueses, designadamente uma Companhia de Atiradores Mecanizada portuguesa”, explica o Ministério da Defesa.

A última missão portuguesa partiu em setembro do ano passado. Na altura, cerca de 90 militares do Exército português foram para a Roménia com o objetivo de reforçar “a postura defensiva e dissuasora” da Aliança Atlântica no Mar Negro.

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A resposta do Ministério da Defesa adianta que “de acordo com os compromissos internacionais assumidos com a NATO, em 2022 Portugal participa na NATO Response Force (NRF), que está sob o comando do Supreme Allied Commander Europe (SACEUR) e constitui uma força conjunta multinacional de elevada prontidão capaz de assegurar uma resposta militar rápida a uma crise emergente”.

A estrutura da NRF contempla uma equipa chamada Very High Readiness Joint Task Force (VJTF) “com uma prontidão de até 7 dias”. “Os meios atribuídos por Portugal à VJTF, para 2022, podem ser empregues pela NATO, em caso de ativação, na sua totalidade ou parcialmente, em função da tipologia da missão a realizar”, detalha o Ministério da Defesa.

Ou seja, se assim entender, a NATO pode ativar estes militares para outra missão.

Ontem à noite, no habitual espaço de comentário da SIC, Luís Marques Mendes afirmou: “A NATO vai colocar tropas não na Ucrânia, porque não é um país da NATO, mas sim nos países da NATO que fazem fronteira com a Ucrânia. Como por exemplo, a Roménia. E Portugal também vai ter tropas aí, designadamente na Roménia, ao abrigo do acordo NATO”. E deu mais detalhes.

Esta matéria já está decidida há várias semanas. (Foi decidida entre) Governo, Presidente da República e líder da oposição. O que demonstra uma grande maturidade democrática. Foi tratada em plena campanha eleitoral em sigilo e com o consenso entre quem está no poder e quem é alternativa de poder”, afirmou Marques Mendes na SIC.

Ao Observador, o Ministério da Defesa recusou comentar estas declarações do Conselheiro de Estado. Também contactado pelo Observador, o gabinete de comunicação do PSD recusou reagir para já, remetendo uma eventual posição para depois de um anúncio oficial do Governo.

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O Observador também pediu esclarecimentos ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, mas não obteve resposta até agora.