Ninguém vende nada, a menos que necessite de dinheiro. Tendo presente esta realidade, o Grupo VW (a Volkswagen AG) prepara-se para avançar em 2022, presumivelmente no 4º trimestre do ano, com uma oferta pública inicial (IPO) da Porsche, que visa separar esta marca do resto do grupo e vendê-la em bolsa. A medida é similar à que a FCA realizou com a Ferrari em 2015 e deverá permitir que a família Porsche/Piech retome o controlo da empresa com o seu nome.

De acordo com a Automotive News, a Porsche pode vir a ser avaliada em cerca de 85 mil milhões de euros em bolsa, sendo que a Volkswagen AG e a Porsche Holding SE pretendem alienar apenas cerca de 25% da empresa. De recordar que o construção alemão já não tem os desportivos a liderar as suas vendas, uma vez que são os SUV, modelos mais pesados, lentos e menos ágeis, a liderar a procura por parte dos clientes. Contudo, parte da rentabilidade fica a dever-se ao facto de a Porsche recorrer a chassis e motores para os Cayenne e Macan desenvolvidos sobretudo pela Audi, o que facilita a obtenção de lucros mais expressivos, um pouco à semelhança da Lamborghini, que tem no Urus o seu modelo mais vendido, também ele a recorrer a chassis e mecânicas do grupo.

Comparativamente, e porque também a FCA e a família Agnelli pretendiam realizar algum capital, mas manter o controlo apertado da Ferrari, o IPO da marca do Cavallino Rampante em 2015 alienou apenas 10% do capital em bolsa, uma vez que os accionistas mantêm 80% e a família os restantes 10%, directamente. Ao contrário do que aconteceu com a Ferrari, os alemães vão mais longe e querem vender 25% da Porsche em bolsa, em acções preferenciais.

Um forte adepto deste IPO é Herbert Diess, o CEO da Volkswagen AG, que acredita ser este o momento ideal para reunir o capital necessário para continuar a investir na mobilidade eléctrica, impondo aqui o que o gestor alemão considera ser um ponto de inflexão da estratégia e do investimento.

Após o anúncio do IPO, as acções do Grupo VW subiram 10%, enquanto a Porsche Holding SE, que detém 51% dos direitos de votos (mas não possui a maioria das acções) na Volkswagen AG, viu os seus títulos serem valorizados em 7,5%.

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