O presidente do PSD defendeu esta quinta-feira que “faz sentido” conferir à Ucrânia o estatuto de candidato a Estado Membro da União Europeia em nome do valor da paz na Europa, admitindo que depois haverá um “grande caminho” a percorrer num processo de adesão.

No final de um almoço com a embaixadora da Ucrânia em Portugal, Inna Ohnivets, na Assembleia da República, Rui Rio disse que essa posição deverá ser também “a tendência do Partido Popular Europeu”, família europeia em que se integra o PSD.

Questionado se o Governo português já deveria ter dado esse passo, Rio disse compreender a prudência, mas pediu alguma rapidez.

“Eu percebo que é mais fácil a um partido da oposição tomar de imediato uma posição de princípio e que um Governo tem de ser mais prudente e tem de articular com restantes Estados Membros. Mas não me aprece que possa demorar muito tempo, sob pena de perder um dos efeitos úteis, que é a pressão sobre o presidente russo”, afirmou.

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O presidente do PSD salientou que, na sua origem, a União Europeia (então CEE) nasceu “para promover a paz na Europa” e não por razões económicas.

“Se há luta pela paz e pela liberdade, é justamente a da Ucrânia”, defendeu.

Questionado se fará sentido o corte de relações diplomáticas entre Portugal e a Rússia, Rio defendeu que essa é uma decisão que só pode ser tomada no quadro da União Europeia.

“Tem de ser visto com ponderação, se cortarmos as pontes todas, depois não há solução”, alertou.

Quanto a sanções especiais dirigidas a cidadãos russos residentes em Portugal, o presidente do PSD admitiu que possam ser tomadas, ainda que “isolar as pessoas possa ser injusto”, mas disse ser contra a divulgação pública da lista dos oligarcas russos que vivem no país “por razões de segurança”.

“Temos de levar as sanções até ao máximo possível, sabendo que para lá de uma dada linha nós próprios vamos sofrer as consequências e devemos explicar isso aos portugueses. Esse é um preço que temos de pagar”, defendeu.

Rio foi questionado se era isso que queria dizer quando afirmou no fim de semana que a UE deveria ponderar novas sanções, posição que lhe mereceu críticas até dentro do PSD.

“O que disse na semana passada foi do tipo dois mais dois igual a quatro: devemos levar as sanções ao máximo e, em paralelo, minorar os efeitos ‘boomerang’ sobre nós próprios. Fazer o contrário não me parece que seja muito inteligente”, respondeu.

Rio considerou que, neste conflito, a União Europeia e o Ocidente estão a mostrar ao presidente russo, Vladimir Putin, que tudo o que pretendia “está a sair exatamente ao contrário”.

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Ainda não conseguiu conquistar a Ucrânia e, admitindo que consiga essa ocupação formal, terá muita dificuldade em manter o país”, considerou, dizendo que esse foi um dos temas abordados ao almoço.

Estiveram presentes no almoço o líder parlamentar Adão Silva, os deputados Catarina Rocha Ferreira e Nuno Carvalho e o investigador em Relações Internacionais e futuro deputado Tiago Moreira de Sá.

A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar com três frentes na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamentos em várias cidades. As autoridades de Kiev contabilizaram, até ao momento, mais de 2.000 civis mortos, incluindo crianças, e, segundo a ONU, os ataques já provocaram mais de 100 mil deslocados internos e pelo menos 836 mil refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia.

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