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"Turning Red": um panda vermelho para nos salvar

Este artigo tem mais de 2 anos

O regresso da Pixar (disponível apenas em streaming) é feito com primor, para entreter todas as idades e para deixar umas quantas lições sobre conflitos de gerações, empatia e outras palavras mágicas.

"Turning Red" continua a senda de filme da Disney com protagonistas diferenciadas, que não encaixam nos estereótipos de princesinha de outrora
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"Turning Red" continua a senda de filme da Disney com protagonistas diferenciadas, que não encaixam nos estereótipos de princesinha de outrora

"Turning Red" continua a senda de filme da Disney com protagonistas diferenciadas, que não encaixam nos estereótipos de princesinha de outrora

Nem as lentes rosadas da nostalgia me fazem escamotear o óbvio: os conteúdos para pré-adolescentes (e para adolescentes propriamente ditos) são muito melhores agora que na minha época. Eu tinha que recorrer à Brenda do “Beverly Hills 90210”, que me ensinava zero sobre ter 12 anos em Mem Martins. Mas hoje há um manancial de conteúdos para aqueles que começam a largar a infância ainda sem saberem ser adultos (e será que alguma vez sabemos?). Nesta linhagem, o novo filme da Pixar “Turning Red” (em português chama-se “Estranhamente Vermelho” e tem lançamento exclusivo e direto na plataforma de streaming Disney+, esta sexta-feira, 11 de março) é um exemplo de excelência de um conteúdo para pré-adolescentes que me teria dado muito jeito quando eu própria andava envolvidas em combates de kick boxing com as minhas hormonas.

“Turning Red” passa-se em 2002 — lamento, mas já está a valer como filme de época, com os seus Nokia e os seus CDs ripados — e conta a história de Mei Lee, uma rapariga de ascendência chinesa a viver em Toronto, no Canadá. A sua família é responsável pelo templo mais antigo da cidade e Mei divide os seus dias entre ajudar os pais no templo e ser uma aluna de excelência, cheia de atividades extracurriculares. Até que a pressão constante da sua mãe hiper protetora choca de frente com o facto de a jovem estar a começar a despertar para novos interesses, como dar primazia aos amigos da escola ou começar a sonhar com rapazes. Como se tudo isto não fosse tarefa espinhosa que chegue, a entrada na adolescência torna Mei permeável a uma misteriosa maldição familiar que a transforma num gigantesco panda vermelho de cada vez que fica zangada ou entusiasmada. O que, nos dias que correm, é constante.

[o trailer de “Turning Red”:]

Já há muito tempo que a Disney percebeu que o segredo do seu sucesso é agradar a vários targets ao mesmo tempo. “Turning Red”, não estando no campeonato dos 8 aos 80, é uma experiência tão interessante e importante para pais como para filhos. A fazer lembrar a obra-prima, também da Pixar, “Inside Out”, é assumidamente tanto sobre as agruras do crescimento como sobre as gerir do ponto de vista parental — mas suspeito que os pais ficarão mais comovidos que os filhos. É uma representação assumida e sem rodriguinhos do conflito de gerações e de como lhe sobreviver, já que é tão inevitável como ter o primeiro buço.

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A metáfora do filme para a puberdade é tão assumida que é, inclusivamente, a primeira vez que se fala abertamente sobre menstruação num filme de animação de um grande estúdio e que aparecem até pensos higiénicos. Não, o filme não é sobre isso, mesmo que o título até pudesse remeter para aí, é mesmo sobre um panda vermelho. Mas é não só absolutamente refrescante como absolutamente necessário ver representado como normal algo que (posso garantir-vos na primeira pessoa) pode ser uma experiência caótica e embaraçosa.

Turning Red não é o "Rei Leão" nem o "Frozen" ou o "Toy Story" (este último outro filme sobre crescer, no terceiro tomo da saga). Mas no segmento a que se propõe, terá um enorme e benéfico impacto

Além disso, “Turning Red” continua a senda de filme da Disney com protagonistas diferenciadas, que não encaixam nos estereótipos de princesinha de outrora. Mei é asiática, de óculos, rechonchuda — e nunca coloca em causa a sua beleza e emancipação, apenas está confusa com as mudanças em catadupa. Não há enfoque em nenhum interesse amoroso, mas sim nas relações de amizade e nos laços familiares. A esmagadora maioria das personagens é feminina e o filme passa com grande à-vontade o famoso Teste de Bechdel — que questiona se uma obra de ficção tem pelo menos duas personagens mulheres, com nome, que conversem entre si sobre algo que não seja um homem. Pode não parecer, mas a maioria das séries e os filmes não cumprem esta premissa. A Disney, em tempos recentes, raramente o falha.

Acrescente-se a isto uma banda sonora eficaz, criada para a banda fictícia 4*Town (o seu concerto em Toronto é parte essencial da trama), que em tudo faz lembrar as boybands clássicas da viragem do milénio, como os Backstreet Boys ou os N’Sync. Mas aqui as canções são escritas por Billie Eilish e o seu irmão Finneas, eles que são os atuais reis das canções mais orelhudas.

O ângulo certeiro mas limitado de “Turning Red” não fará dele um clássico Disney óbvio. Não é o “Rei Leão” nem o “Frozen” ou o “Toy Story” (este último outro filme sobre crescer, no terceiro tomo da saga). Mas no segmento a que se propõe, terá um enorme e benéfico impacto. Isto enquanto continua a ser esteticamente irrepreensível, a ter um ótimo guião e a ter um panda vermelho absurdamente fofinho que fará vender o seu quinhão de peluches. Um daqueles homeruns que só a Pixar, quando está em pico de forma, consegue fazer.

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