Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, França e Itália disseram esta terça-feira que já passou mais do que tempo para o regime sírio e os seus “amigos”, Rússia e Irão, pararem o seu “ataque implacável” contra o povo na Síria. Os cinco países assinalaram assim o 11º aniversário do conflito que continua a devastar o país do Médio Oriente.

Numa declaração divulgada esta terça-feira pelo Departamento de Estado norte-americano, à qual a agência Lusa teve acesso, as nações lembraram que, após 11 anos de “morte e sofrimento”, a “situação económica e humanitária da Síria é sombria”.

Foram “milhões de refugiados sírios acolhidos de forma generosa pelos vizinhos da Síria“, mas ainda “não podem voltar casa”, de acordo com os padrões da ONU, e sem receio “de violência, prisão arbitrária e tortura”.

Desencadeada em 15 de março de 2011 pela repressão de manifestações pró-democracia e que no início opuseram o exército e rebeldes, a guerra na Síria complicou-se no decurso dos anos, com intervenções estrangeiras, incluindo a da Rússia em apoio ao regime do Presidente sírio, Bashar al-Assad.

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A coincidência do aniversário deste ano com a terrível agressão russa contra a Ucrânia, que constitui uma violação de gravidade excecional ao direito internacional e à Carta da ONU, destaca o comportamento brutal e destrutivo da Rússia em ambos os conflitos”, anotaram.

É lembrando ainda que o conflito sírio “também abriu espaço para os terroristas, particularmente para o Daesh [sigla em árabe para Estado Islâmico (EI)], explorarem”.

Apoiando o processo facilitado pela ONU e liderado pela Síria delineado na Resolução 2254 do Conselho de Segurança da ONU, os Estados pediram também “a libertação imediata dos detidos arbitrariamente e esclarecimentos sobre o destino e o paradeiro daqueles que continuam desaparecidos”.

Não apoiamos esforços para normalizar as relações com o regime de Assad e não vamos normalizar as relações, nem suspender sanções ou financiar a reconstrução até que haja um progresso irreversível em direção a uma solução política”, alertaram.

Todavia, os cinco países encorajaram todas as partes, em especial o regime sírio, a participar na reunião do Comité Constitucional da ONU “de boa-fé”.

“A impunidade continua inaceitável. Portanto, continuaremos a promover ativamente a responsabilização […]. Isso também inclui organizações de apoio, muitas das quais lideradas pela Síria, na recolha de evidências e na documentação das atrocidades e das graves violações do direito internacional cometidas na Síria, incluindo o uso de armas químicas”, salientaram.

De acordo com os países signatários, os responsáveis por “esse desrespeito à norma global contra o uso de armas químicas devem ser responsabilizados”. “Saudamos os esforços contínuos dos tribunais nacionais para investigar e processar os crimes cometidos na sua jurisdição na Síria e encorajamos um maior apoio a esses processos”, observaram.

O poder de Bashar al-Assad no país ficou seriamente comprometido após a rebelião de 2011, mas a decisão de Vladimir Putin em intervir militarmente em 2015 para apoiar o regime alterou a relação de forças no terreno.

O conflito já provocou cerca de 500 mil mortos e muitos milhões de refugiados e deslocados internos. No decurso do conflito, a aviação russa atingiu diversos hospitais, segundo testemunhas, médicos e organizações não-governamentais (ONG).