O nosso organismo está preparado para dar sinal sempre que algo (um órgão ou um sistema) funciona mal e a visão não é exceção. Perante qualquer problema visual, é certo e sabido que os sintomas se vão manifestar, cabendo-nos a simples tarefa de estar atentos e procurar ajuda especializada antes que seja tarde demais. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, 2,2 mil milhões de pessoas no mundo têm uma deficiência visual ou cegueira e tudo indica que estes números irão aumentar nos próximos anos, fruto do envelhecimento da população e das alterações do estilo de vida. Em Portugal, a situação segue a tendência mundial, com a Direção-Geral da Saúde a estimar que cerca de metade da população sofre de algum tipo de alteração da visão.

Os nossos olhos podem ser afetados tanto por doenças como por problemas refrativos, sendo possível que as duas condições se manifestem em simultâneo. Em entrevista ao Observador Lab, António Morais, optometrista da Alberto Oculista, revela quais os problemas oculares mais comuns, em que consistem e quais os sintomas a que devemos estar atentos. Indica também os comportamentos diários que podem afetar a saúde visual e o que todos podemos fazer para a preservar, porque a saúde ocular é fundamental para uma vida com qualidade e plenitude.

O que é um problema refrativo?

Os problemas refrativos surgem, na maioria, devido ao formato irregular do olho, o que afeta a capacidade da retina de absorver os sinais de luz, levando a uma redução da acuidade visual. Entre os problemas refrativos mais comuns, encontramos a miopia, a hipermetropia, o astigmatismo e a presbiopia.

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Miopia – dificuldade em ver ao longe

Segundo António Morais, a miopia – que consiste na dificuldade em ver ao longe – “é uma anomalia refrativa com um grau de incidência cada vez maior, estimando-se que, em 2050, metade da população mundial sofra deste problema”. Nas suas palavras, “este fenómeno acontece essencialmente porque o conjunto de todos os mecanismos do olho tem graduação a mais ou o seu comprimento axial é superior ao normal, fazendo com que a imagem seja convergida num ponto antes da retina”. Como consequência, “a pessoa vai ter dificuldades em ver ao longe, procurando aproximar-se ou semicerrar os olhos para conseguir ver melhor”.

Trata-se de um problema em que a genética desempenha um papel importante, mas alguns fatores comportamentais aquando do desenvolvimento também contribuem, como por exemplo, “privilegiar-se a visão próxima em detrimento da visão ao longe, assim como passar mais tempo indoor na realização de tarefas ao perto, como o uso de computador e telemóvel, em vez de atividades ao ar livre”. Habitualmente, este problema “pode manifestar-se nas crianças em idade escolar, devido ao aumento da exigência visual”, explica o especialista.

O tratamento mais frequente passa pela “compensação ótica do erro refrativo, através de óculos ou lentes de contacto”, havendo também “a possibilidade de cirurgia, seja a laser ou implante de lente intraocular”. Mais recentemente, foram desenvolvidas lentes (de contacto e oftálmicas) destinadas a crianças que começam a desenvolver miopia, com o objetivo de “retardar e controlar este problema”.

Hipermetropia – o “contrário” da miopia

Ao invés do que se verifica na miopia, no caso da hipermetropia, “o conjunto dos mecanismos oculares que compõem o sistema visual têm graduação a menos ou o comprimento axial do olho é menor do que o normal”. Como consequência, “a imagem do objeto vai ser convergida num ponto atrás da retina em vez de convergir na retina, obrigando o cristalino a acomodar-se mais do que seria necessário, mesmo para longe, e por isso é que a pessoa que sofre desta condição não se apercebe inicialmente”, refere António Morais. Entre os sintomas, destacam-se “dificuldade em ver ao perto e a meia distância, dor de cabeça e cansaço ao ler e na realização de tarefas ao perto”. O tratamento consiste igualmente na “compensação ótica, através de lentes oftálmicas ou de contacto, havendo também a possibilidade de cirurgia”.

Astigmatismo – córnea irregular

De acordo com António Morais, podem ser várias as causas do astigmatismo, estando a mais comum relacionada com uma irregularidade na córnea, em que os seus dois meridianos perpendiculares apresentam raios diferentes, o que leva a que a imagem seja focada em dois pontos ligeiramente distintos. O resultado é a formação de “uma imagem com sombra e desfocada tanto no longe como no perto”, logo, as pessoas que sofrem deste problema apresentam “diminuição de acuidade visual, dor de cabeça, fotofobia, ou seja, sensibilidade à luz, lacrimejo e até náuseas associadas a tonturas”. Também aqui, “o tratamento consiste em compensação ótica através de lentes oftálmicas ou de contacto, havendo igualmente a possibilidade de cirurgia”.

Ilustração:Joana Figuerôa

Presbiopia – quando a idade “pesa”

À semelhança do que tende a acontecer ao nível de todos os músculos do corpo, que vão perdendo massa e força com o envelhecimento, também a presbiopia resulta, em geral, da perda de elasticidade do cristalino (lente responsável pela focagem ao perto) relacionada com o avançar da idade, manifestando-se a partir dos 40/45 anos. António Morais esclarece que esta condição acontece devido à “incapacidade de o cristalino manter a acomodação necessária para a visão próxima”. “A nível ótico, o olho presbita perde parte da sua amplitude de acomodação afastando assim o ponto próximo e provocando a necessidade de afastar também o objeto”, refere o optometrista, segundo o qual “o principal sintoma será a dificuldade de ver ao perto, havendo necessidade, por vezes, de afastar os objetos para os conseguir ver melhor”. O tratamento consiste na compensação ótica, através de lentes oftálmicas ou de contacto, e, tal como nas situações anteriores, também há possibilidade de intervenção cirúrgica.

Quais são as doenças visuais mais comuns?

Além dos problemas refrativos, os nossos olhos podem ser também afetados por diversas doenças, com impactos e níveis de gravidade diferentes. Entre as patologias mais comuns destacam-se a catarata, a degenerescência macular relacionada com a idade (DMRI), o glaucoma, o olho seco e a retinopatia diabética.

Catarata – visão turva e opaca

A idade é também a principal causa da catarata, doença de grande incidência a nível mundial, que surge quando se dá a opacificação do cristalino, ou seja, a perda de transparência desta lente que todos os olhos possuem, contribuindo para reduzir a acuidade visual à medida que vai evoluindo. Além do envelhecimento natural do cristalino, que, de acordo com António Morais, pode dar origem à formação de cataratas normalmente a partir dos 65 anos de idade (catarata senil), esta doença pode também “ser originada por radiação, traumatismo, medicamentos, como os corticosteroides, algumas doenças, nomeadamente, a diabetes, e pode também ser congénita.

Entre os sintomas, destacam-se a visão turva, diminuição da sensibilidade ao contraste, fotofobia, alteração frequente da graduação e visão noturna comprometida. O tratamento é cirúrgico, passando pela “implantação de uma lente intraocular em substituição do cristalino”.

DMRI – doença “silenciosa” e irreversível

Fala-se em degenerescência macular relacionada com a idade (DMRI) quando se verifica a “perda progressiva da visão central, devido a alterações da mácula, que é a zona central e mais importante da retina”. A idade, a história familiar, os hábitos tabágicos e a exposição solar são algumas das causas apontadas para o desenvolvimento desta doença irreversível e que consiste na principal causa de cegueira nos países ocidentais. Quanto aos sintomas, estes são escassos, sendo a DMRI considerada “uma das doenças silenciosas da retina”, pelo que “são muito importantes os exames de observação da retina”, salienta o especialista de visão. Ainda assim, quando há sinais, os mais comuns incluem imagens distorcidas na zona central. Não existe qualquer tratamento para curar ou regredir a DMRI, mas é possível “minorar o risco de a desenvolver”, nomeadamente, através de suplementos que incluam zinco, cobre, vitaminas C e E e luteína. “Em casos mais avançados pode ser necessário recorrer a injeções ou intervenções a laser”, afirma.

Glaucoma – a prevenção é possível

Esta é uma doença que atinge o nervo ótico e envolve a perda de células da retina, as quais têm a função de enviar os impulsos nervosos ao cérebro. No início, “um dos principais sintomas é a perda da visão periférica”, mas esta pode ser subtil e, como tal, “não ser percebida pelo paciente”, sublinha António Morais. Só mais tarde passa a ser identificada, nomeadamente, quando é vivenciada a “visão tubular”, ou seja, quando “apenas a visão central é percebida e o paciente começa a tropeçar e a esbarrar em objetos, porque a perceção periférica está ausente”. Segundo o especialista da Alberto Oculista, “a pressão intraocular elevada é um fator de risco significativo para o desenvolvimento do glaucoma” e “se a patologia não for tratada, o campo visual estreita-se cada vez mais, obscurecendo a visão central e, finalmente, progredindo para a cegueira do olho afetado”. Como tal, há que intervir atempadamente, uma vez que “a perda visual causada pelo glaucoma é irreversível, mas pode ser prevenida, atrasada ou estabilizada por tratamento”.

Olho seco – cuidado com os ecrãs

O nome deste problema ocular é bem claro, já que o olho seco “é uma condição em que há deficiência na qualidade e/ou da quantidade lacrimal que cobre a córnea”. Tal pode acontecer como resultado de problemas fisiológicos, mas também devido a fatores externos, como poluição, exposição solar excessiva e uso de ar condicionado. António Morais aponta ainda o olho seco como “um dos principais sintomas da síndrome da visão do computador, problema que, nos últimos tempos, aumentou imenso devido ao uso mais constante de dispositivos eletrónicos com ecrãs”. Olhos vermelhos, ardor, comichão, lacrimejo e irritação são alguns dos sintomas mais frequentes. O tratamento faz-se com o recurso a gotas lubrificantes e lágrimas artificiais, bem como evitando os fatores de risco.

Retinopatia diabética – importante causa de cegueira

A retinopatia diabética é uma complicação ocular da diabetes que afeta a retina. Mais especificamente, esta doença tem uma relação estreita com o controlo da própria diabetes, a qual causa alterações nos vasos sanguíneos da retina. O principal sintoma é a visão turva ou desfocada, só se revelando muitas vezes “quando as complicações atingem a mácula”, explica o especialista da Alberto Oculista, segundo o qual “esta é uma das principais causas de cegueira nos adultos”. Embora a retinopatia diabética não tenha cura, “é possível reduzir a perda de visão se for diagnosticada precocemente e tratada convenientemente”, razão por que “é muito importante a observação da retina da pessoa com diabetes, pelo menos, uma vez por ano”. Os tratamentos dependem muito do estádio da doença, podendo incluir laser, injeções, entre outras opções.

A que sintomas devemos estar atentos?

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Em geral, há alguns sintomas que devem levar a procurar um especialista de saúde visual:

– Necessidade de aproximar objetos ou semicerrar os olhos para ver melhor;

– Inclinar a cabeça (vertical ou horizontalmente) para ler, por exemplo;

– Dores de cabeça;

– Sensação de ardor e/ou dor nos olhos;

– Ver halos à volta das luzes, raios ou flashes

– Desequilíbrio;

– Histórico familiar de problemas visuais;

– Sensação de que não se está a ver bem.

Que erros cometemos com a nossa visão?

Questionado sobre alguns dos comportamentos habituais que podem prejudicar a saúde da nossa visão, António Morais considera que “ignorar os sintomas que se vão manifestando” é, para si, “o principal erro”. E isto porque, quando alguns sinais e sintomas não são valorizados, tal pode conduzir a que “o problema se torne irreversível”. Ainda assim, o optometrista destaca que “estar muito tempo consecutivo a realizar atividades que solicitam a visão ao perto, não utilizar luz adequada e não adotar comportamentos preventivos” (como os que a seguir identificamos) pode comprometer a saúde visual.

Mesmo que não existam sintomas relevantes, e que tudo até pareça bem, é recomendável que se faça uma consulta com um especialista de visão com regularidade, tal como se faz com o dentista, por exemplo, uma vez que “há problemas que não se manifestam com sintomas”. Essa consulta deve começar a partir dos 6 anos de idade – “se não houver problemas que obriguem a ir mais cedo” – e com uma regularidade de dois em dois anos, sendo que “este prazo pode ser mais curto se os problemas o justificarem”, salienta.

Como prevenir o surgimento de problemas?

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  • Praticar uma alimentação saudável, incluindo peixe, frutas e legumes, estes últimos com predomínio dos que apresentam pigmentação verde e amarela, com vista a fornecer vitaminas A e C, luteína e antioxidantes;
  • Utilização de óculos escuros com proteção UV para a realização de tarefas ao ar livre, mesmo em dias nublados;
  • Quando se desenvolvem atividades ao perto (uso de ecrãs, por exemplo), seguir a recomendação 20/20/20, ou seja, a cada 20 minutos, parar 20 segundos e olhar para objetos à distância de 20 pés (aproximadamente 6 metros);
  • Garantir boa iluminação do ambiente, a qual deve ser homogénea e sem causar reflexos nos ecrãs que se estão a utilizar;
  • Adotar uma postura corporal adequada durante o trabalho efetuado à secretária ou similar, por exemplo, manter as costas direitas e o ecrã ligeiramente mais baixo que a cabeça, tendo o cuidado de fazer pausas e circular;
  • Visitar periodicamente um especialista da visão.

Como é que a Alberto Oculista pode ajudar?

Fundada há cerca de 38 anos, no Funchal, a Alberto Oculista possui atualmente mais de 68 lojas em Portugal e Espanha, assumindo como missão o compromisso total de constante procura pela melhoria da qualidade de vida dos seus clientes, sobretudo no que diz à saúde visual. Como tal, integra “optometristas credenciados e devidamente preparados para a análise e compensação de problemas oculares, dispondo de consultórios devidamente equipados para a deteção e avaliação dos mais diversos problemas refrativos e patológicos”, destaca António Morais.

Desta forma, todas as lojas da sucursal “reúnem as condições necessárias para a resolução do problema ou, quando tal é necessário, o seu devido encaminhamento para a especialidade adequada”, nomeadamente, para a oftalmologia “para posterior diagnóstico e tratamento, favorecendo o trabalho realizado em conjunto e em equipas multidisciplinares com um único objetivo – a saúde visual das pessoas”.

Óculos personalizados? Sim, é possível

Uma das áreas em que a Alberto Oculista mais se tem destacado nos últimos tempos – e que até lhe valeu a distinção, por parte dos consumidores, de Produto do Ano de 2021 na categoria de Soluções Óticas – é a possibilidade de personalização, através do Serviço Óculos 100% à Medida. Este é um serviço apenas disponível nas lojas da marca e que permite, através do inovador software VEA (Virtual Eyewear Assistant), a total personalização das armações, nomeadamente, o seu formato, cor e tamanho totalmente adequado às medidas do rosto do cliente. O resultado é, nas palavras de António Morais, um “produto que ultrapassa os problemas comuns das armações standard, tais como o comprimento correto da haste, o assentar bem no nariz e o facto de o cliente poder escolher o design e a cor do modelo”, com garantia de conforto e satisfação totais.