A tuberculose causou cerca 21 mil mortes na região europeia da Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2020, o primeiro aumento de óbitos registado em mais de duas décadas, indica um relatório sobre a doença esta quinta-feira divulgado.

“Em 2020, foram estimadas 21 mil mortes por tuberculose na região europeia da OMS, o equivalente a 2.3 mortes por 100 mil pessoas, com cerca de 3.800 destas mortes a ocorrerem na UE/EEE” (União Europeia e Espaço Económico Europeu), avança o relatório do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC) e da OMS.

Segundo o documento, nos países da UE e do EEE a taxa de óbitos por tuberculose, a segunda doença infecciosa mais mortífera, a seguir à Covid-19, foi de 0.8 mortes por 100 mil pessoas.

No primeiro ano da pandemia da Covid-19 e “pela primeira vez em mais de duas décadas, o número de mortes por tuberculose aumentou devido ao atraso ou à falta de diagnóstico”, o que comprometeu o objetivo de reduzir em 35% o número de mortes em 2020 previsto na estratégia de combate à doença, refere o ECDC em comunicado.

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De acordo com o relatório, as estirpes da tuberculose resistentes aos medicamentos “continuam a ser uma grande preocupação” e é “fundamental” um investimento urgente, especialmente no contexto da pandemia da Covid-19.

Em 2020, foram reportados mais de 33 mil casos de tuberculose na UE/EEE, uma redução face aos 47 mil notificados em 2019.

“Os padrões e tendências epidémicas variam muito, com a maioria dos países da UE/EEE a aproximarem-se do baixo nível de incidência inferior a 10 por 100 mil habitantes, embora a região europeia tenha, no geral, nove dos 30 países do mundo com maior carga de tuberculose multirresistente”, alertam o ECDC e a OMS.

De todos os casos notificados em 2019 com um resultado de tratamento reportado em 2020, 71,8% foram tratados com sucesso na UE/EEE, refere ainda o relatório, ao considerar que a taxa de sucesso do tratamento continua abaixo das respetivas metas regionais de 85% para casos novos e de recaídas.

“Infelizmente, a luta contra a tuberculose tornou-se ainda mais difícil nos últimos dois anos. Devido à pandemia em curso, assistimos a uma forte diminuição das tendências de notificação, que é, pelo menos em parte, causada por uma diminuição dos dados”, salientou a diretora do ECDC, Andrea Ammon.

De acordo com Hans Kluge, diretor da OMS para a Europa, as mortes por tuberculose subiram pela primeira vez em duas décadas entre 2019 e 2020, com a “Covid-19 a interromper os serviços, deixando as pessoas não diagnosticadas e sem tratamento”.

No ano em que a pandemia chegou a Portugal foram notificados 1.465 casos de tuberculose, menos 383 do que em 2019, segundo um relatório nacional divulgado este mês e que aponta para um diagnóstico cada vez mais tardio.

Segundo o Relatório da Vigilância e Monitorização da Tuberculose em Portugal 2020, a taxa de notificação fixou-se em 14,2 casos/100 mil habitantes em Portugal e as regiões de Lisboa e Vale do Tejo e Norte continuam a ser as de maior incidência.