Depois dos automóveis e demais veículos de transporte rodoviário terem sido chamados a contribuir para reduzir as emissões poluentes no planeta, nuns continentes mais do que noutros, os outros meios de transporte não escapam à necessidade de reduzir a quantidade de CO2 na atmosfera, como é o caso dos navios e dos aviões. Estes últimos estão no radar de empresas como a ZeroAvia e a Otto Aviation, que preparam a aviação não poluente, dos pequenos aviões aos aparelhos comerciais regionais e de longo curso.

Se a Otto Aviation se concentrou na concepção de um avião com forma de bala, o Celera 500L, que depois irá evoluir para uma versão alongada, o 750L, coube à ZeroAvia desenvolver uma mecânica que conciliasse potência, autonomia e um combustível que não emitisse CO2, nem outros poluentes. E a opção foi montar motores eléctricos, alimentados com a energia produzida a bordo por fuel cells, sendo estas alimentadas por hidrogénio verde, gerado a partir da electrólise da água, graças a energia produzida a partir de fontes renováveis.

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O Celera 500L, cuja forma é distinta do habitual, deve o formato à optimização do espaço a bordo, para melhor acomodar os 10 a 20 passageiros, mas sobretudo ao fluxo laminar, tecnologia em que a Otto baseou o seu projecto para melhorar o rendimento aerodinâmico em 50%, face aos aparelhos convencionais. Isto permite ao Celera 500L, que está previsto iniciar a fabricação em 2024, atingir 740 km/h de velocidade de cruzeiro e percorrer 800 km, estando equipado com um motor com 600 kW, cerca de 816 cv. Mas este mesmo aparelho deverá ser capaz de elevar a fasquia para 1850 km, cerca de 1000 milhas náuticas, dois anos depois, em 2026.

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Bem mais entusiasmantes do que os Celera 500L e 750L são os motores da ZeroAvia e as correspondentes células de combustível a hidrogénio. O fabricante concebeu o ZA600, precisamente o motor de 600 kW que vai ser utilizado no Celera 500L, cuja potência foi demonstrada uma vez montado numa estrutura móvel, instalada sobre um camião. Mas já anteriormente a ZeroAvia tinha construído o ZA250, com 250 kW, destinado a ser instalado no Dornier 228 bimotor, que assim totalizará 500 kW (680 cv).

Paralelamente, a ZeroAvia está a trabalhar nos motores ZA2000 e ZA2000 RJ, capazes de substituir os reactores dos motores utilizados nos grandes aviões regionais e de médio curso. Tal como os outros motores eléctricos ZA, também estas unidades com 2 MW (2000 kW, ou 2720 cv) produzirão a bordo electricidade a partir de fuel cells a hidrogénio, transportando para isso o gás a bordo. Visando reabastecimentos rápidos nos aeroportos, a ZeroAvia já fez um acordo com a BP, para a construção de instalações destinadas à produção de hidrogénio, com energia fotovoltaica e através de electrolisadores.