Não era uma missão impossível, seria certamente uma missão complicada. Depois de ter ficado sem toda a equipa no Grande Prémio Douro Internacional este sábado, na sequência da suspensão de oito corredores da equipa W52 FC Porto entre outros elementos da equipa, José Neves aguentara a camisola amarela ganha na segunda etapa no contrarrelógio em Resende e tentaria agora segurar a vitória na quarta e última tirada, em Lamego. No entanto, e antes das emoções, fez questão de expressar publicamente uma mensagem.

“A nossa e a vossa indignação transformem-na em sucesso. Eles que vivam e verão”, dizia uma tarja que foi levantada pelo corredor e pelos elementos do staff da formação azul e branca antes da etapa deste domingo e que foi depois partilhada nas redes sociais da equipa. No final, essa mesma “indignação” foi transformada em “sucesso” e José Neves conseguiu mesmo segurar a camisola amarela da competição. O triunfo foi celebrado de forma efusiva por toda a formação, incluindo o seu líder, Adriano Quintanilha, que teve um gesto muito comentado antes da saudar o vencedor revelando o desagrado pela situação vivida.

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“Desde que estou no ciclismo esta vitória é a mais importante de todas. Queria dedicar esta vitória ao nosso presidente, que deve ter sofrido muito durante estes dois ou três dias, a toda a direção do FC Porto, a todos os associados e simpatizantes. Isto só veio provar que a minha preocupação, em 20 anos que tenho de ciclismo, foi sempre escolher os ciclistas que pensei serem os melhores. No ciclismo nunca há certezas de quem vai ganhar, mas tento sempre escolher os que me dão mais garantias. Queria agradecer à minha família, porque me tem apoiado nestes dias tão difíceis. Para que não desista, para que continue, para que prove a inocência destes grandes campeões. E toda a gente devia preocupar-se mais com aquilo que vi nesta prova. Uma grande prova, era trazer mais gente para as etapas, porque o que vimos foi simplesmente a família dos ciclistas e mesmo assim pouca. Que lutem e façam algo pelo ciclismo, que não destruam o ciclismo”, comentou Adriano Quintanilha, em declarações prestadas ao Porto Canal.

“É uma vitória bastante sofrida. Esta vitória é dedicada aos meus companheiros e a todo o staff“, comentou José Neves nas primeiras palavras após o triunfo celebrado também por um grupo de adeptos que não deixou igualmente de se manifestar contra o atual contexto que está a afetar a W52 FC Porto. César Fonte, da Kelly-Simoldes-Oliveirense venceu a quarta e última etapa da competição em Lamego.

W52-FC Porto só pode alinhar com José Neves na terceira etapa do Grande Prémio do Douro Internacional

De recordar que, após a suspensão de oito corredores e mais dois elementos da equipa no âmbito da operação “Prova Limpa”, a W52 FC Porto ponderou colocar na estrada este sábado todos os sete corredores que marcavam presença no Grande Prémio Douro Internacional mas acabou por ser demovida à última hora por Federação Portuguesa de Ciclismo e Autoridade Antidopagem de Portugal, deixando assim de fora José Gonçalves, Joni Brandão, Ricardo Mestre, Rui Vinhas, João Rodrigues e Ricardo Vilela perante os possíveis cenários de sanções que se levantariam caso mantivessem a ideia.

“Presencialmente ninguém nos notificou e ninguém recebeu cartas registadas. Parece que foram enviados emails mas os atletas em prova não têm acesso aos mesmos. Faremos tudo o que está ao nosso alcance na lei e, da mesma forma que cumprimos com a lei, esperamos os outros também o façam”, tinha explicado este sábado Jorge Henriques, diretor desportivo da W52 FC Porto, em declarações em Resende.