Cerca de 18 meses depois de ter deixado a presidência dos Estados Unidos, Donald Trump voltou a Washington para fazer um discurso em que aponta o dedo ao trabalho dos democratas nas medidas de segurança e de combate à criminalidade, deixando ainda em aberto uma possível candidatura às eleições em 2024.

Num discurso de 90 minutos, Trump criticou a administração de Joe Biden, afirmando que os EUA “foram postos de joelhos” e estão “a caminhar para o inferno”. Por isso, reforça, os norte-americanos têm de ser “duros, sujos e maus” nas medidas de combate à criminalidade.

O nosso país está a caminhar para o inferno. É um lugar muito inseguro. Quem imaginaria? Nunca tivemos nada parecido com o que está a acontecer agora”, disse o ex-presidente, perante o grupo de reflexão conservador America First Policy Institute.

O antigo Presidente norte-americano recordou que há dois anos o país tinha “uma economia em expansão como nunca antes vista, a fronteira mais forte e segura da história dos EUA, uma independência energética e preços da gasolina historicamente baixos”. Trump exige mão forte em matéria de segurança pública e pede para se “devolver à polícia a sua autoridade, os seus recursos e o seu prestígio”. Como exemplo, propôs mais fundos para a polícia e penas mais pesadas para quem violar as leis de imigração.

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Trump salientou que a inflação em níveis históricos, de 9,1%, os preços do gás, também em valores recorde, e a insegurança descontrolada, na sua opinião, significam que nos Estados Unidos não existe atualmente nem segurança nem liberdade: “O nosso país está a sofrer uma humilhação histórica atrás de outra na cena mundial. E depois, em casa, os nossos direitos e liberdades mais básicos estão cercados. O sonho americano está a ser estilhaçado”, alertou o ex-presidente, aproveitando para reafirmar que as eleições foram “uma catástrofe” para o país. “Talvez tenhamos de o fazer novamente”, acrescentou.

Donald Trump aproveitou ainda para recordar a sua presidência e definiu-se como “a pessoa mais perseguida da história dos Estados Unidos”, tendo sobrevivido a duas tentativas de impeachment. Sem falar diretamente das suas intenções quanto às eleições presidenciais de 2024, e deixando tudo em aberto, Trump manifestou-se confiante de que um novo mandato republicano inverteria a atual situação.

“Em novembro, as pessoas votarão [nas eleições intercalares] para impedir a destruição do nosso país e votarão para salvar o futuro da América. Estou aqui para começar a falar sobre o que devemos fazer para alcançar esse futuro quando ganharmos em 2022 e quando um presidente republicano recuperar a Casa Branca em 2024, o que acredito verdadeiramente que acontecerá”, acentuou Donald Trump.

Trump reapareceu em Washington numa altura em que foram feitas novas revelações do comité de investigação do assalto ao Capitólio, a 6 de janeiro de 2021, que provam que o então ainda presidente escolheu “não agir” e não quis travar a tempo o tumulto de que resultaram cinco mortes, no dia em que a vitória de Joe Biden se preparava para ser confirmada.