As cidades europeias estão mais escuras. O acesso limitado ao gás natural vindo da Rússia — uma resposta de Vladimir Putin às sanções da Europa contra a invasão da Ucrânia — está a obrigar a várias limitações na utilização de energia nas ruas, monumentos e locais públicos para pouparem no consumo.

A Alemanha, um dos país que mais gás natural russo utiliza, está a ser das mais afetadas. Em Hanover, nos balneários dos edifícios públicos e centros de lazer passou-se a tomar banho de água fria. O aquecimento em edifícios públicos (com exceção de escolas, hospitais e lares) só é permitido até aos 20ºC; e apenas entre outubro e março, segundo o The Guardian.

Em Berlim, a vereadora do ambiente Bettina Jarasch sublinhou que, “diante da guerra contra a Ucrânia e as ameaças energéticas da Rússia, é vital que administremos a nossa energia com o máximo cuidado possível”. Na capital alemã, desde quarta-feira que 200 monumentos ficam às escuras durante a noite para poupar energia. Entre eles está o Obelisco da Vitória e o Museu Judaico de Berlim. Durante o verão, as piscinas exteriores 2ºC abaixo da temperatura-padrão, que depende da meteorologia.

Em Munique, as fontes vão permanecer desligadas durante a noite e a praça Marienplatz, que por norma fica iluminada até as 23h, vai estar às escuras. À semelhança do que acontece em Hanover, os escritórios das instalações municipais só terão água fria nas torneiras. Em Nuremberga, só uma das quatro piscinas municipais interiores é que está em funcionamento.

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Não só a Alemanha tenta limitar a utilização de energia. Outros estados-membros da União Europeia também tentam reduzir o consumo de energia. Em França, as lojas com ar condicionado devem manter as portas fechadas ou arriscam pagar uma multa de 750 euros. A ministra francesa da transição energética, Agnes Pannier-Runacher, disse que deixar as portas abertas leva a “20% mais de consumo”, o que considera ser um “absurdo”, escreve o The Guardian.

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Ainda por terras francesas, a publicidade com iluminação foi proibida em todas as cidades entre a 1h00 e as 6h00, com exceção para os aeroportos e estações ferroviárias. A população foi também instruída desligar os routers de wi-fi e as televisões quando não estiverem em casa, bem como desligar as luzes das divisões que não estiverem a utilizar naquele momento.

Por sua vez, a Grécia, país muito dependente do gás russo, quer reduzir o consumo de energia em 10% até ao final de 2022 e em 30% até 2030. Para isso, o aquecimento só é permitido se estiver a mais de 27.º Celsius no verão e serão instalados protetores contra o calor nas janelas dos edifícios públicos. O governo grego instou também os trabalhadores a garantir que desligam os computadores no final do horário de trabalho.

Na Irlanda, a população foi aconselhada a diminuir o termostato para 20.º Celsius nas áreas de estar e a colocar o mesmo entre 15.º e 18.º nos corredores e nos quartos de casa. Os indivíduos devem também reduzir o uso de máquinas de lavar louça e roupa.

Em Itália, ainda antes da renúncia do primeiro-ministro Mario Draghi, o governo preparava medidas para limitar o consumo de energia. O fecho antecipado do comércio às 19 horas era, segundo o The Guardian, uma das hipóteses em cima da mesa, embora ainda não tenha sido apresentado nenhum plano. Porém, desde maio que edifícios públicos como hospitais foram instruídos a evitar que o aquecimento funcione abaixo dos 19.º Celsius no verão e acima dos 27.º no inverno.

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Já em Espanha, o governo pediu aos cidadãos que sejam “o mais inteligentes possível” no consumo de energia: “Podemos dizer às crianças para desligarem as luzes ou podemos manter as cortinas fechadas”, apelou a ministra espanhola do Ambiente, Teresa Ribera. O próprio primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, abandonou a gravata e apelou a ministros e empresários do setor público e privado para fazerem o mesmo para “economizar energia”, que é “necessária”. Na próxima segunda-feira será aprovado um decreto-lei com várias medidas, entre elas que as lojas com ar condicionado, tal como em França, mantenham as portas fechadas, sejam reduzidas as zonas iluminadas e limitar o ar condicionado a 27ºC e o aquecimento a 19ºC em empresas e transportes, segundo o El Español.