Um novo livro sobre a presidência de Donald Trump revela discussões entre o magnata e representantes do Exército. Numa delas, o então Presidente dos EUA terá questionado os generais sobre a razão de não serem “como os generais alemães”, ordenados por Hitler.

A revelação consta na obra “The Divider: Trump in the White House”, divulgada esta segunda-feira em exclusivo pela revista New Yorker, escrita por dois jornalistas, Peter Baker e Susan Glasser. Os dois recolheram conversas entre Trump e os seus colaboradores militares mais próximos, que derivavam com frequência em controvérsias sobre a visão do país e do governo.

Numa delas, em 2o20, no rescaldo dos protestos antirracistas do movimento de direitos cívicos, o então Presidente dos EUA quis que o Exército participasse na repressão dos protestos, mas sem conseguir o envolvimento das forças armadas. Trump começou por reclamar aos generais: “Vocês são todos uns falhados“, e, dirigindo-se ao general Mark Milley, chefe do Estado Maior Conjunto dos EUA, atirou: “Não podem disparar, simplesmente? Disparar simplesmente para as pernas, ou assim”, segundo os autores do livro.

Trump ficava exasperado com a resistência dos generais às suas propostas e, uma vez, questionou-os: “Porque é que não podem ser como os generais alemães?“. Quando um destes lhe replicou que esses generais tinham conspirado secretamente para matar Hitler, Trump contestou: “Não. Não. Não. Foram-lhe absolutamente fiéis“.

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Segundo Baker e Glasser, Milley formou uma espécie de célula de crise com o secretário de Estado, Mike Pompeo, e o chefe de gabinete de Trump, Mark Meadows, depois das eleições que Trump perdeu, com o objetivo de garantir uma transição ordenada de poder. Tinham conferências telefónicas diárias a três, sem o conhecimento de Trump, que designavam por “chamadas de aterragem do avião”.

Trump quis desfile sem “tipos feridos” porque “não o faziam parecer bem”

Mas as revelações não ficam por aqui. Em 2017, quando ainda estava na Casa Branca, Trump regressou de França depois de assistir ao desfile militar da festa nacional francesa, o 14 de Julho, que então descreveu como “algo tremendo” e “realmente bonito de ver”, sugerindo imediatamente fazer algo parecido nos EUA. Mas sem “tipos feridos”, porque “não o faziam parecer bem”, segundo um general norte-americano em declarações no livro agora publicado.

Quando estes lhe replicaram que esses veteranos (ex-combatentes) feridos são os verdadeiros heróis do país, Trump replicou: “Não os quero. Não me fazem parecer bem”, segundo o relato do general Mark Milley, chefe do Estado Maior Conjunto dos EUA.