O presidente do Comité Olímpico de Portugal, José Manuel Constantino, assumiu, esta quinta-feira, que, se os problemas entre o presidente da Federação Portuguesa de Judo, Jorge Fernandes, e um grupo de judocas que criticou o dirigente não forem resolvidos, a clivagem pode levar ao abandono de uma das partes. Os olímpicos Telma Monteiro, Catarina Costa, Bárbara Timo, Rochele Nunes, Patrícia Sampaio e Anri Egutidze acusaram o presidente da FPJ, Jorge Fernandes, de opressão e apelaram à intervenção da tutela do desporto. Em carta assinada pelos seis judocas, mais Rodrigo Lopes, num total de sete dos 10 atletas do projeto olímpico da modalidade, são muitas as críticas ao presidente da FPJ, acusado de discriminação e ameaças, no que dizem ser um “clima insustentável e tóxico”.

“É desejável, para bem do judo e do desporto nacional, que as posições da direção da FPJ e as posições subscritas pelo conjunto de atletas se aproximem e seja possível encontrar soluções consensualizadas no procedimento da preparação desportiva destes atletas”, disse em declarações à TSF. Porém, perante o atua quadro, o presidente do COP admite a saída de Jorge Fernandes ou que os próprios atletas possam decidir deixar de integrar o organismo federativo: “Se se acentua o processo de clivagem entre ambas as partes e de não aproximação, quer uma hipótese, quer outra, são possíveis.”

Perante um quadro de “posições extremadas”, José Manuel Constantino apela a alguma moderação e um pensamento muito centrado naquilo que são os interesses desportivos” de Portugal.

“Estou a acompanhar com preocupação este conflito, mas ao mesmo tempo a promover o diálogo”

O secretário de Estado da Juventude e do Desporto disse estar a acompanhar “com preocupação” o conflito entre um grupo de judocas olímpicos e a federação, e apelou para que seja “sanado o mais rápido possível”.

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Em declarações à agência Lusa, João Paulo Correia destacou que compete à tutela “promover todos os momentos de diálogo entre as partes” e disse esperar que o choque entre os atletas e a Federação Portuguesa de Judo (FPJ) “não venha a prejudicar a preparação olímpica”.

“Estou a acompanhar com preocupação este conflito, mas ao mesmo tempo a promover o diálogo, se possível, entre as partes, para que seja sanado o mais rápido possível, procurando que não ponha em causa a preparação olímpica da modalidade”, frisou.

O governante recusou, no entanto, comentar as acusações dos judocas ao presidente da FPJ, argumentando que “a interpretação” do seu comentário “podia levar a dar por certa a acusação” que é feita.

Esse tipo de acusações devem ser respondidas pela FPJ. Vivemos num Estado de direito, é um princípio basilar, e enquanto não conhecer as respostas da FPJ às acusações, não queria estar a comentá-las”, sustentou.

Ainda assim, confrontando com a acusação dos atletas de que as bolsas de preparação dos atletas estão a ser geridas pela FPJ, quando deviam ser entregues na totalidade aos atletas, João Paulo Correia admitiu que importa esclarecer se as regras do contrato-programa assinado entre o Governo e o Comité Olímpico Português estão a ser cumpridas.

A verdade é que o Governo, no contrato-programa que faz com o Comité Olímpico, financia a preparação olímpica. Esse contrato-programa tem regras e importa obviamente esclarecer se essas regras estão a ser cumpridas pela FPJ. Mas as acusações são feitas à FPJ, que é a quem compete responder a essas acusações”, insistiu.

Por isso, João Paulo Correia tem estado “a acompanhar” o caso “no contacto com a FPJ e o COP”, pretendendo, ainda, chegar à fala com um representante dos judocas.

Estamos a falar nas primeiras horas ainda e o meu objetivo é falar com a federação, com o COP e com o representante dos atletas que subscrevem a carta aberta, pedindo às partes que se sentem à mesa e que cheguem a um entendimento, de forma a que a preparação olímpica da modalidade não saia prejudicada”, concluiu.