Ao 177.º dia de guerra, sobe o balanço das vítimas mortais causadas pelos ataques russos em Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, na quarta e quinta-feira. O Ministério da Defesa do Reino Unido acredita que a Rússia, “provavelmente”, está a focar-se nesse setor para que as tropas ucranianas se mobilizem aí e não preparem contraofensivas a outros locais estratégicos.

A Ucrânia também denunciou ataques em Bakhmut, localizada na região de Donetsk, e em Sumy, na fronteira nordeste com a Rússia. Mas segundo um think tank norte-americano, na quinta-feira a Rússia não reclamou ganhos territoriais na Ucrânia pela primeira vez desde 6 de julho.

De visita ao porto de Odessa, António Guterres, secretário-geral da ONU, confessou estar emocionado por visitar o local, de onde já partem navios com cereais para exportação. “Cada navio é um navio de esperança”, afirmou, acrescentando que ainda há um longo caminho pela frente.

Em entrevista exclusiva à SIC, Guterres, avisou que “ter uma central nuclear sujeita a bombardeamentos” é “um perigo” para “todos”. Falou numa “situação muito insegura” no complexo e disse esperar que tanto a Ucrânia como a Rússia “facilitem uma solução”.

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Sobre o mesmo tema, o Presidente da Ucrânia alertou que, caso a “chantagem russa” de radiação continue, este verão pode ficar na história de vários países europeus como “um dos mais trágicos de todos os tempos”.

Com a presença das forças russas no complexo, têm-se repetido os apelos de uma inspeção da Agência Internacional de Energia Atómica – que pertence às Nações Unidas –  à região. Esta sexta-feira ficou marcada por um passo nesse sentido. Numa conversa telefónica, o Presidente russo e o homólogo francês concordaram enviar uma equipa de especialistas à central nuclear de Zaporíjia.

Mapa atualizado pela última vez a 12 de agosto

O que aconteceu durante a noite?

  • Kyiv Independent revela que foram ouvidas explosões em duas regiões da Crimeia: Yevpatoria e Sevastopol. Na quinta-feira, já tinha sido ouvidas quatro explosões em Sevastopol, perto do aeroporto militar russo de Belbek. Também em Kerch residentes da cidade reportaram duas explosões.
  • O Presidente norte-americano, Joe Biden, deixou claro que vai apoiar a Ucrânia “pelo tempo que for necessário”, direcionando mais 772 milhões de euros para ajuda militar a Kiev. O Presidente da Ucrânia já agradeceu a Biden o novo apoio.
  • O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, associou-se ao secretário-geral da ONU, António Guterres, para condenar as ações das forças russas na central nuclear de Zaporijia e pedir a retirada daquela região.
  • A NATO avisou a Rússia de que o destacamento de aviões de combate armados com mísseis hipersónicos para o enclave de Kaliningrado não ajuda a reduzir as tensões geopolíticas. E garantiu que defenderá “cada centímetro do território aliado”.
  • Representantes dos governos da Finlândia, Suécia e Turquia preveem reunir-se este mês para discutir o relançamento da adesão dos Estados nórdicos à NATO, anunciou o ministro dos Negócios Estrangeiros finlandês, Pekka Haavisto.
  • Na cidade de Kharkiv foi construída a primeira paragem de autocarro onde as pessoas se podem abrigar em caso de bombardeamento, avança o jornal ucraniano Suspline. É a primeira iniciativa do género em Kharkiv, onde, no final de julho, um ataque russo provocou a morte de três pessoas, incluindo um rapaz de 13 anos que estava numa paragem de autocarro.
  • O preço do gás europeu atingiu um novo recorde no encerramento, depois de ser anunciado que o fornecimento de gás através do gasoduto Nord Stream será interrompido por três dias.
  • Os Estados Unidos propuseram que o presidente da Ucrânia também participe na cimeira dos líderes do G20 se o seu homólogo russo aceitar o convite da Indonésia e comparecer na reunião, marcada para novembro em Bali.
  • A ministra britânica dos Negócios Estrangeiros e candidata à liderança do Partido Conservador, Liz Truss, assegurou que “repreenderá” pessoalmente o Presidente russo pela decisão de invadir a Ucrânia na cimeira do G20, caso assuma a chefia do Governo. Rishi Sunak, adversário de Truss na corrida à sucessão de Boris Johnson, defendeu que os aliados do G20 devem vetar a presença de Putin.
  • A Rússia enviou uma carta ao Conselho de Segurança das Nações Unidas alertando para as “provocações” da Ucrânia na central nuclear de Zaporíjia.

O que aconteceu durante a tarde?

  • A empresa russa Gazprom anunciou que vai suspender o fornecimento de gás através do Nord Stream 1 por três dias, entre 31 de agosto e 2 de setembro.
  • Mais dez navios estão a ser carregados com cereais no âmbito do acordo mediado pela Turquia e pelas Nações Unidas para retomar as exportações da Ucrânia. A notícia foi divulgada pelo ministro das Infraestruturas do país, Oleksandr Kubrakov, que esteve hoje no porto de Odessa com o secretário-geral da ONU.
  • O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Ryabkov, disse que a presença dos militares russos na central nuclear de Zaporíjia é uma garantia contra o que descreveu como um “cenário Chernobyl”, noticia a Reuters.
  • O Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, aliado do Kremlin, negou ter planos para atacar a Ucrânia. Lukashenko acrescentou que “não deseja” que os seus filhos e os filhos de cidadãos bielorrussos lutem. “Pelo quê? Temos de nos acalmar”, alertou.
  • As explosões na base aérea de Saky, na Crimeia, puseram fora de uso “mais de metade dos aviões de combate navais da frota russa do Mar Negro”. A informação foi divulgada à Reuters por uma fonte ocidental, que afirmou que a Ucrânia está a conseguir consistentemente atingir por trás das linhas russas.
  • A Rússia anunciou que vai começar a implementar sanções a várias empresas digitais, como o TikTok, Telegram, Zoom e Pinterest. No entanto, avança o jornal The Guardian, a comunicação estatal russa não especificou de que forma estas empresas serão sancionadas.
  • Subiu para 21 o número de mortos nos ataques contra Kharkiv. As equipas de resgate encontraram mais dois corpos nos escombros. Durante a manhã, a segunda maior cidade da Ucrânia terá sido atingida por cinco mísseis, revelou a Sky News.

O que aconteceu durante a manhã e madrugada?

  • Subiu para 19 o número de mortes e para 44 o número de feridos nos ataques russos contra Kharkiv, na quarta e na quinta-feira. O chefe da polícia da região, Volodymyr Tymoshko, disse, citado pelo The Kyiv Independent, que as equipas de resgate estão à procura de sobreviventes nos escombros de um edifício destruído. A polícia acredita que ainda há duas pessoas soterradas.
  • Na atualização diária sobre a guerra na Ucrânia, o Ministério da Defesa do Reino diz que a Rússia, “provavelmente”, está a concentrar os esforços em Kharkiv para que as forças ucranianas se foquem nesse setor e não façam contraofensivas em locais estratégicos.
  • Um think tank norte-americano, o Instituto para o Estudo da Guerra (Institute for the Study of War, no original), concluiu que, na quinta-feira, a Rússia não reclamou ganhos territoriais na Ucrânia pela primeira vez desde 6 de julho, segundo a Sky News.
  • O governador de Lugansk, Serhiy Haidai, acusou as forças russas de terem tentado invadir Bakhmut, em Donetsk, mas diz que a Ucrânia conseguiu repelir oito ofensivas.
  • Dmytro Zhyvytskyi, governador de Sumy, junto à fronteira nordeste da Ucrânia, assegura que a Rússia bombardeou a região a partir de território russo, na manhã desta sexta-feira. Não há registo de feridos nem mortos.
  • Os líderes da China, Xi Jinping, e da Rússia, Vladimir Putin, vão participar na cimeira do G20, em Bali, em novembro, confirmou o Presidente da Indonésia, Joko Widodo, à Bloomberg. Joe Biden também deverá estar presente e Volodymyr Zelensky foi convidado. 
  • A administração Biden estará a preparar um novo pacote de ajuda militar à Ucrânia no valor de 800 milhões de dólares(cerca de 793 milhões de euros). Segundo a Reuters, o anúncio deverá ser feito já esta sexta-feira ou na próxima semana.
  • As forças armadas da Ucrânia dizem que já morreram na guerra 44.700 tropas russos, desde o início da invasão até às 9h00 locais desta sexta-feira. Trata-se de um aumento de 400 militares face ao dia anterior.
  • Negociar com a Rússia é um jogo perigoso, como uma “roleta russa”, com um “final fatal” certo para todos os envolvidos, caraterizou o conselheiro presidencial, Mykhailo Podolyak, no Twitter.
  • O gabinete da procuradoria-geral da República da Ucrânia adianta, segundo o The Kyiv Independent, que pelo menos 362 crianças morreram na guerra na Ucrânia e 716 ficaram feridas. A maior parte das vítimas foram registadas na região de Donetsk, onde 376 crianças foram mortas ou ficaram feridas. 
  • O secretário-geral da ONU, António Guterres, visita esta sexta-feira o porto de Odessa, no sul da Ucrânia, de onde estão a partir muitos dos navios com a missão de exportar produtos, sobretudo cereais, de território ucraniano.