Um cidadão brasileiro, de 35 anos, foi detido esta quinta-feira na capital argentina, Buenos Aires, por tentar assassinar a vice-Presidente Cristina Kirchner, revelou o Presidente argentino, Alberto Fernández, que indicou que o principal suspeito só falhou porque a arma de fogo não disparou.

O homem “apontou-lhe uma arma de fogo à cabeça e puxou o gatilho”, acrescentou o Presidente. Vídeos divulgados por vários canais de televisão mostram o momento em que a arma é apontada ao rosto da antiga Presidente argentina (2007-2015), quando Cristina Kirchner saía de uma viatura, perto de sua casa, no bairro de Recoleta. O senador Oscar Parrilli disse ao jornal Clarín que Kirchner está chocada com os acontecimentos.

“O que aconteceu esta noite é de extrema gravidade e ameaça a democracia, as instituições e o Estado de direito”, disse, por seu turno, Alberto Fernández, que decretou esta sexta-feira dia feriado.

Quem é o homem que atacou Kirchner?

Foi o ministro argentino da Segurança, Aníbal Fernández, quem confirmou o nome do homem detido. Trata-se de Fernando Andrés Sabag Montiel, de nacionalidade brasileira, um homem com antecedentes criminais. Em março de 2021, escreve o Clarín, foi detido por posse de arma branca, já que tinha consigo uma faca de 35 centímetros que alegou ser para defesa pessoal.

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Desta vez, quando foi detido pelas autoridades, o brasileiro, que reside no país desde 1993, tinha na sua posse a arma de fogo usada para tentar atingir Cristina Kirchner.

O suspeito tinha sido entrevistado durante um programa de televisão, há umas semanas, sobre a crise económica na Argentina e a necessidade de adotar apoios sociais.

O mesmo jornal argentino, relata que Montiel está registado como condutor de veículos de transporte de passageiros (na categoria de Plataformas Eletrónicas).

Já a brasileira Globo escreve que, apesar de ter nascido em São Paulo, Montiel é filho de mãe argentina e pai chileno, tem tatuados símbolos nazis e, nas redes sociais, segue grupos ligados ao radicalismo e ao ódio.

Os apoiantes da vice-Presidente têm-se reunido nas ruas em torno da sua casa, na capital argentina, Buenos Aires, desde a semana passada, quando um procurador pediu uma pena de 12 anos para Kirchner, bem como uma proibição vitalícia de exercer cargos públicos, no âmbito de um caso de alegada corrupção em obras públicas quando foi Presidente da Argentina (2007-2015). Foi quando falava com os apoiantes que Montiel lhe apontou a arma. Foi imediatamente detido pela polícia federal que garante a segurança de Kirchner.

Vários membros do Governo foram rápidos a descrever o incidente como uma tentativa de assassínio. “Quando o ódio e a violência se impõem sobre o debate de ideias, as sociedades são destruídas e geram situações como a que hoje se vê: uma tentativa de assassínio”, disse o ministro da Economia, Sergio Massa.

Os ministros do Governo do Presidente Alberto Fernández divulgaram um comunicado conjunto no qual “condenam energicamente a tentativa de homicídio” da vice-Presidente.

O antigo Presidente Mauricio Macri também repudiou o ataque. “Este acontecimento muito grave exige um esclarecimento imediato e profundo por parte dos órgãos judiciários e de segurança”, escreveu Macri na rede social Twitter.

O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos condenou esta sexta-feira a tentativa de assassinato da vice-Presidente da Argentina e pediu para que sejam esclarecidos todos os elementos relacionados com a agressão ocorrida na quinta-feira em Buenos Aires.