A Ryanair garante que continuar a oferecer viagens baratas e promoções nas passagens aéreas. “O modelo de negócio das low-cost não rebentou”, apesar da subida da inflação e do aumento do custo com os combustíveis, afirmou o presidente executivo do grupo Ryanair numa conversa com jornalistas realizada esta quinta-feira na sede da empresa em Dublin. Michael O’Leary esclareceu as declarações feitas recentemente a numa entrevista e que foram interpretadas como o fim do das viagens de baixo custo.

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“O que eu disse é que não vamos ter mais voos a 9,99 euros. Esse preço de promoção vai subir para um nível de 15 ou 20 euros”, sublinhou depois de ter reconhecido que apesar de o nível de reservas para o inverno estar forte, a retoma no setor da aviação ainda “é muito frágil”. E pode ser abalada por fenómenos como uma nova vaga de Covid no Inverno ou o agravamento da guerra na Ucrânia.  O CEO da Ryanair admitiu ainda que a companhia está a fazer menos promoções do que antes, mas explica que isso acontece porque os voos andam mais cheios. “Não temos tido promoções porque a procura está a subir e isso está a acontecer porque os nossos concorrentes estão a cancelar voos”.

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A Ryanair está a ser menos afetada por cancelamentos apesar de os atrasos terem aumentado neste quadro de falta de capacidade de resposta do setor à procura. Os responsáveis  indicam que a companhia estava bem preparada para retoma da aviação. Não despediu trabalhadores, negociou cortes salariais que estão já a ser repostos — apesar de alguns focos de instabilidade laboral em Espanha e na Bélgica – e encomendou novos aviões à Boeing quando as outras companhias estavam a reduzir frota. A Rynair recorre ainda muito ao self handling, assegurando a sua própria assistência em terra, mas não tem escapado a atrasos que atribui sobretudo aos sistemas de controlo aéreo que estão tecnlogicamente ultrapassados em vários países.

Questionado sobre o impacto da inflação na procura por viagens aéreas, Michael O’Leary defendeu que o negócio vai continuar a crescer, mais mais devagar porque “as pessoas vão continuar a querer viajar”. A pressão de custos do combustível e das taxas de carbono tornarão as viagens um pouco mais caras. “Mas temos de nos movimentar. Somos uma sociedade mais mobilidade porque trabalhamos menos horas, há família separadas em vários países e pessoas a trabalhar em casa que querem ir visitar amigos e familiares. As viagens não serão apenas turísticas”.

O CEO da Ryanair aponta ainda para uma recuperação nas viagens de negócios com várias empresas a procurarem estabelecer cadeias de abastecimento dentro da Europa para evitar as ruturas que aconteceram por causa dos fornecimento que têm origem na China e outros países asiáticos. E queixou-se do facto de as viagens de avião de ligação não pagarem taxas ambientais — estão isentas — ao contrário do que acontece nas viagens ponta a ponta.

O gestor assinala ainda que a Rynair e outras companhias low-cost cresceram sempre quando se verificaram no passado choques petrolíferos. “Quando as pessoas ficam sensíveis aos preços deixam de viajar com as companhias de bandeira. Os passageiros vão ter sempre dinheiro para viajar com a Ryanair”. Para lidar com o aumento do custo dos combustíveis, a Ryanair tem uma política de cobertura de risco do preço “hedging” em 80% do jet que consome, mas tira também partido da renovação de frota com aviões mais recentes que permitem reduzir o consumo de combustível e cheios, o que por sua vez, baixa o gasto de jet por passageiro/quilómetro.

A transportadora espera atingir 165 milhões de passageiros este ano e crescer todos os anos até atingir a meta de 225 milhões de passageiros em 2026. A Rynair é a maior companhia europeia em número de passageiros e voos voados e tem apresentado fortes crescimentos em alguns dos mercados onde está com destaque para Itália e a Polónia. Já na Alemanha, o negócio da companhia low-cost está a cair o que o responsável atribui a elevadas taxas aeroportuárias.

Neste encontro com jornalistas de vários países, o presidente executivo do grupo Ryanair revelou ainda que a empresa irá fechar algumas bases (que implica o estacionamento de aviões e pessoal no local) na Europa durante o inverno devido à política de taxas “caras” de alguns operadores aeroportuários. Uma das bases cujo fecho foi anunciado foi Atenas. Em Portugal, a empresa tem cinco bases: Lisboa, Porto, Faro, Funchal e Açores.

A jornalista viajou a convite da Ryanair.