A Comissão Europeia vai propor um conjunto de cinco medidas de efeito “imediato” para travar o impacto da crise energética na Europa. Em conferência de imprensa esta quarta-feira, Ursula von der Leyen adiantou que será proposta uma meta obrigatória para a redução do consumo de eletricidade em horas de pico. “Poupanças inteligentes de eletricidade”, como lhe chamou a presidente da Comissão Europeia. “Vamos trabalhar de perto com os estados membros para consegui-lo”, garantiu.

Vai ser ainda proposto um teto aos ganhos das empresas que produzem eletricidade a preços reduzidos, nomeadamente as renováveis. Segundo o Financial Times, esse teto será de 200 euros por MWh. “As empresas estão a ter enormes ganhos apesar de terem gastos reduzidos, devido aos preços elevados do mercado”, notou. “Esses ganhos não refletem os seus custos, e chegou o momento de os consumidores beneficiarem desses baixos custos”. Esses ganhos serão “redirecionados para os estados membros”.

Von der Leyen revelou ainda que vai ser proposta uma contribuição solidária às empresas de petróleo e gás, também elas beneficiadas com ganhos expressivos devido ao contexto do mercado, “porque todas as fontes de energia devem contribuir para ultrapassarmos esta crise”. Também aqui os estados membros devem investir este dinheiro no apoio às famílias mais vulneráveis e em fontes de energia renováveis, declarou.

A quarta proposta passa por tentar garantir ajuda às empresas de energia que estão a passar por dificuldades devido à volatilidade do mercado. Trata-se de “assegurar o futuro dos mercados e necessidades de liquidez”.

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A quinta medida é criar um teto para o preço a pagar pelo gás russo. “Sabemos que as nossas sanções estão a ter impacto negativo na economia russa, mas Putin está a ultrapassá-lo parcialmente através das receitas que garante com os combustíveis fósseis. O objetivo é cortar as receitas que servem para financiar a guerra na Ucrânia”. Von der Leyen lembrou que a UE já dependeu em 40% do gás russo, e que agora esse valor está nos 9%.

A presidente da Comissão Europeia justificou as medidas não só com a “manipulação” russa do mercado mas também com outros fatores, como os efeitos das alterações climáticas e da seca, que diminuiu a produção hidroelétrica. E até usou Portugal como exemplo. Na Europa, a produção diminuiu 26% e em Portugal 46%, referiu. E ainda há que ter em conta que a produção de energia nuclear também diminuiu.

“A Rússia está a manipular os nossos mercados de energia e estamos a ser confrontados com preços astronómicos”, destacou a presidente da Comissão Europeia, acusando ainda a Rússia de ser um fornecedor “pouco confiável” de energia. “Estou convencida que com a nossa determinação e solidariedade vamos ultrapassar esta situação”, declarou.

Von der Leyen lembrou que até agora, Bruxelas já tomou medidas para contrariar a “manipulação” russa, nomeadamente diminuir a procura por gás, a diversificação de fontes de energia, de forma a diminuir a dependência russa, e um investimento “massivo” em energias renováveis, sendo que estas são “o seguro energético” da Europa no futuro.

“São tempos difíceis que não serão ultrapassados brevemente, mas acredito que se mostrarmos união e solidariedade, teremos a força económica e a vontade política para os ultrapassarmos”.