Agora que a segunda volta das eleições do Brasil está marcada para 30 de outubro, impõe-se uma questão importante: a quem é que os candidatos que ficaram pelo caminho este domingo vão entregar o voto — e os apoios que podem arrastar consigo? Os terceiro e quarto lugar podem ser cruciais para a vitória de Lula ou de Bolsonaro, mas ainda não é clara a direção do apoio de Simone Tebet nem de Ciro Gomes.

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Lula vence com 48%, mas vai a segunda volta com Bolsonaro melhor do que se esperava. “Isto para nós é apenas uma prorrogação”

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Quando o Tribunal Superior Eleitoral declarou que, matematicamente, estava confirmada uma segunda volta, Ciro Gomes reagiu ao quarto lugar. Aos jornalistas, o candidato que conseguiu pouco mais de 3%  do total de votos no Brasil — muito longe dos 12% que conseguiu conquistar em 2018 —, admitiu estar “profundamente preocupado” com a situação que se vive no país.

A “situação tão complexa” que sai dos resultados deste domingo foi a explicação que Ciro Gomes deu para não esclarecer se vai, ou não, apoiar Lula da Silva na segunda volta. “Peço que me deem mais algumas horas para conversar com os meus amigos e partido para encontrar o melhor caminho, o melhor equilíbrio.”

Como vocês sabem, vou completar 65 anos de vida e tenho 42 deles dedicados ao amor ao Brasil. Eu nunca vi uma situação tão complexa, tão desafiante, tão potencialmente ameaçadora sobre a nossa sorte como nação”, declarou o candidato do PDT.

A mesma postura assumiu Simone Tebet, momentos mais tarde. A candidata que conseguiu o terceiro lugar, com pouco mais de 4% — o equivalente, em termos absolutos, a quase cinco milhões de votos —, pediu também algum tempo para poder refletir sobre os resultados deste domingo, apesar de admitir já ter escolhido um candidato para apoiar.

Eu tenho um lado e vou pronunciar-me no momento certo. É importante que a gente durma e olhe para o resultado de cada estado”, disse Simone Tebet. “No máximo de 48 horas vou pronunciar-me”, acrescentou.

Este é um momento de decisão e de ação. Quero dizer, com todo o respeito, respeito pelo processo eleitoral, que não terminou agora, porque agora é a hora de os presidentes dos nossos partidos se posicionarem e se pronunciarem.”

Tal como Ciro Gomes apontou neste discurso, também Simone Tebet referiu que o Brasil está a atravessar um “momento complexo”. “Nós temos, sim, de analisar os resultados da urna para que eu possa posicionar-me.”

Juntos, Ciro Gomes e Simone Tebet têm cerca de oito milhões e meio de votos. E este eleitorado poderá ser crucial, tanto para Bolsonaro como para Lula da Silva, no dia 30 de outubro. As últimas sondagens da Datafolha anunciam, no entanto, que a segunda opção do eleitorado destes dois candidatos deverá ser o candidato do Partido Trabalhista.

A sondagem feita no final de setembro, e citada pela BBC Brasil, revela que 38% do eleitorado que disse votar em Ciro Gomes na primeira volta tinha Lula como segunda opção e apenas 18% considerava votar em Bolsonaro. Já do lado dos eleitores de Simone Tebet, 34% tinha Lula como segunda opção e 18% pensava em dar o seu voto ao ainda Presidente do Brasil.

Além dos dois candidatos que passam agora à segunda volta e de Simone Tebet e de Ciro Gomes, restam sete candidatos, que não conseguiram percentagens expressivas. Soraya Thronicke ficou em quinto com apenas 0,51% dos votos — o equivalente a pouco mais de 600 mil votos. Abaixo dos 0,50% ficaram Felipe D’Avila, padre Kelmon, Léo Péricles, Sofia Manzano, Vera e Eymael. Todos juntos, estes sete candidatos não conseguiram alcançam um milhão e meio de votos.