A tradição remonta ao reinado de Eduardo VII, e terá começado na Sandringham House, em Norfolk, a casa de campo da família real, onde ainda hoje celebram o Natal. Com a morte de Isabel II, a tradição deverá manter-se com Carlos. Não se sabe como Kate Midlleton e Meghan Markle têm reagido à antiga tradição, mas o que é certo é que provavelmente também se pesam.

A casa em questão situa-se numa propriedade de 8100 hectares na zona da costa de Norfolk e ocupa lugar no Registo Nacional de Parques e Jardins Históricos. E era lá que Eduardo VII recebia muitos convidados para curtos fins de semana ou estadias mais longas. Era o próprio rei que se encarregava de pesar os convidados para provar a sua hospitalidade. Há quem diga que este costume ainda se manteve durante o reinado de Isabel II e que a própria Diana terá sofrido com isso durante os tempos em que sofreu de bulimia. No filme “Spencer” de 2021, protagonizado por Kristen Stewart, o hábito foi retratado quando Lady Di chega à casa de campo da sogra para cumprir as tradições de Natal no início dos anos 1990. Parece que era suposto os convidados ganharem um quilo e meio, mas não há certezas quanto ao número exato.

O tio Bertie

Quem não sofria de distúrbios alimentares era Bertie, como toda a família o tratava. Gostava de bons repastos, boas bebidas e também ficou conhecido como o “Tio da Europa”. Costumava fumar por volta de vinte cigarros e doze charutos por dia.

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Nasceu em Londres, a 9 de novembro de 1841 e foi rei do Reino Unido e da Irlanda, dos Domínios Britânicos e Imperador da Índia de 22 de janeiro de 1901 até à sua morte, sendo o primeiro monarca britânico da Casa de Saxe-Coburgo-Gota.

Filho da rainha Vitória e do príncipe Alberto de Saxe-Coburgo-Gota, foi o segundo herdeiro aparente que por mais tempo sustentou o título de Príncipe de Gales em toda a história. Só foi coroado aos 61 anos. Era o segundo mais velho de nove irmãos. Durante o longo reinado de sua mãe, foi afastado dos assuntos de Estado e personificou a elite ociosa, tão em voga na época. Embora os pais o tenham preparado para um modelo de monarquia constitucional, a verdade é que, ao contrário da irmã mais velha, nunca brilhou nos estudos. O seu talento rodeava-se de charme e muitos skills sociais. Era um verdadeiro gentleman, descrito como um “homem inteligente, informado e de boas maneiras”.

Era o chamado “bom vivant” e da fama de playboy também não se livrou. Teve várias amantes e era habitual frequentador de cabarets e prostitutas, durante a década de 1880, principalmente do Le Chabanais, que era considerado o melhor estabelecimento do género em Paris, onde os bordéis eram legalizados.

Um dos quartos até tinha uma banheira feita sob medida que às vezes era enchida com champanhe, e um siège d’amour especialmente desenhado e criado para o rei. A “cadeira do amor” original está hoje na posse do neto de Louis Soubrier, o artesão escolhido para a construir em 1890, à imagem das fantasias do rei. Há uma réplica do assento que pode ser vista no Museu do Sexo, em Praga.

A bisavó de Camilla

Os pais nunca viram com bons olhos esta faceta de Eduardo. A rainha Vitória chegou a acusá-lo da morte do pai, que já doente, soube que o filho Eduardo tinha estado na companhia de uma atriz enquanto prestava serviço numa campanha militar. Alberto, o pai, viria a morrer duas semanas depois.

Casado e pai de seis filhos, Eduardo teve muitas amantes durante a sua vida. Desde a atriz Lillie Langtry, passando por Jennie Churchill, mãe do futuro primeiro-ministro Winston Churchill, a Condessa de Warwick, a atriz Sarah Bernhardt, a aristocrata Susan Vane-Tempest, a cantora Hortense Schneider, a prostituta Giulia Beneni, a humanitária Agnes Keyser e Alice Keppel, bisavó da atual rainha consorte, Camilla Parker Bowles. Embora se especule sobre alguns filhos ilegítimos de Eduardo VII, é certo que garantiu, no seu curto reinado, a preparação do seu filho Jorge V para assumir a coroa. Muitos historiadores contemporâneos descreveram a relação de pai e filho como sendo de muito afeto e carinho. No diário do príncipe, depois da morte do pai, podia perceber-se a sua dor. “Era o melhor amigo e o melhor dos pais… Nunca tive uma discussão com ele na minha vida. Estou de coração partido e tomado pela dor”.

Eduardo VII morreu a 6 de maio de 1910 no Palácio de Buckingham. Quis trabalhar até ao fim, mas os sucessivos ataques cardíacos depois de uma doença já agravada, derrubaram-no aos 68 anos. As últimas palavras foram trocadas com o filho que ainda lhe deu a notícia da vitória do seu cavalo em Kempton Park. Eduardo VII morreu passados 15 minutos.