Qualquer comparação entre Joan Laporta e uma figura quase divina foi tudo menos coincidência no último domingo, onde o presidente se tornou a estrela da Assembleia do Barcelona na contagem de todos os feitos conseguidos no derradeiro ano e meio desde que reassumiu a liderança dos catalães. Por partes. Questões financeiras? Tudo resolvido ou vias de resolver-se mesmo que para isso tenha sobretudo sido vendido património não mobiliário como percentagens de sociedades do universo culé. Questões salariais? Quase resolvido mas a apontar o dedo aos capitães que se recusaram de novo a reduzir o ordenado mesmo que as contratações tenham chegado com salários principescos. Questões desportivas? Mais do que resolvidas. No entanto, e como o futebol é tudo menos uma ciência exata, tudo pode estar em vias de ruir em parte.

Depois das derrotas em Munique e em Milão, o Barcelona estava obrigado a ganhar para igualar o Inter, passar talvez a ter vantagem no confronto direto e decidir a passagem nas duas últimas rondas da Liga dos Campeões. No final, o empate acabou por ser um mal menor mas apenas por ter sido alcançado no segundo minuto de descontos. E se é certo que o golo de Lewandowski evitou uma eliminação precoce, basta ao conjunto transalpino vencer o Plzen para cair de novo para a Liga Europa onde nunca estivera.

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Num jogo com uma segunda parte de loucos, Dembelé deu vantagem aos catalães no primeiro tempo (40′) mas o conjunto treinador por Simone Inzaghi conseguiu dar a volta com golos de Barella (50′) e Lautaro Martínez (63′) mas Lewandowski fez de novo o empate (82′), conseguindo nos descontos (90+2′) o 3-3 final após o golo de Gosens que parecia ter resolvido a partida (89′). Contas feitas, o polaco que foi uma das contratações sonantes de Laporta num clube que parecia não ter dinheiro mas trouxe ainda Koundé, Raphinha, Kessié, Christensen, Marcos Alonso e Bellerín mas o máximo que conseguiu com o 90.º e 91.º golos na Champions foi disfarçar duas imagens que ficam também do encontro em Camp Nou: os braços no ar de Piqué no lance do empate a um e as críticas feitas pelos adeptos… aos capitães.

“Está a ser uma Champions cruel para nós. A primeira parte foi excelente, na segunda demos concessões ao Inter. O primeiro golo é um erro claro da linha defensiva, o segundo também… Tem sido cruel desde Munique, a passar por Milão e por este jogo. Estamos numa situação muito complicada, não dependemos de nós mas temos de pensar agora no clássico para a Liga com o Real Madrid. Como culé, também estou dececionado, triste, com um pouco de raiva. Em Munique foi a eficácia, em Milão foi algo que não podemos controlar, agora erros defensivos”, admitiu o técnico dos catalães, Xavi Hernández.

“Talvez não tenhamos estado não contundentes como era necessário nas duas áreas. Era quase um cara ou coroa na Liga dos Campões para nós e saiu-nos mal. Era um grupo difícil mas tínhamos esperanças de conseguir mais depois de todas as contratações feitas”, assumiu o capitão, Sergio Busquets.