Tudo começou há mais década e meia. Para os mais supersticiosos, foi mesmo o talismã para algo que não tinha sido feito até aí: em 2005/06, o Sporting conseguiu pela primeira vez na sua história conquistar a dobradinha, juntando ao Campeonato a Taça de Portugal. João Matos, então um jovem saído da formação, fez um total de oito jogos oficiais pelos seniores, ganhando aí os seus dois primeiros troféus de mais de 40 que tem hoje entre leões e Seleção. No entanto, o percurso do capitão dos verde e brancos estava talhado para alcançar mais recordes, não só coletivos mas também individuais. Agora chegou mais um.

“Futsal joga-se com a cabeça, não é com os pés”. Entrevista a João Matos, capitão do Sporting e da Seleção

Em 2006/07, época em que os leões foram eliminados num grupo da Ronda de Elite que contava com o todo poderoso Dínamo de Moscovo, João Matos fez os primeiros encontros na Liga dos Campeões. Agora, após 12 temporadas a fazer pelo menos um jogo na competição (só recentemente Portugal passou a apurar duas equipas e não apenas o campeão para a prova, o que fez com que existisse alternância entre Sporting e Benfica na prova europeia de clubes da UEFA), o internacional de 35 anos chegou a um número redondo que constitui também um recorde absoluto de participações em partidas da Champions.

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[Ouça aqui a entrevista de João Matos no programa Nem tudo o que vai à rede é bola da Rádio Observador]

“Não é pelos oito títulos seguidos que abrandamos”

Após ter jogado no primeiro encontro do Sporting na Ronda Principal da Liga dos Campeões de 2022/23 frente aos croatas do Pula (vitória dos leões por 5-3), João Matos alinhou e foi mais uma vez capitão na partida dos comandados de Nuno Dias frente aos cazaques do Ayat. Com isso, tornou-se o jogador com mais jogos de sempre na competição, num total de 70, à frente do azeri Rizvan Farzaliyev (que passou por Olimpik Baku, Araz e Baku United) e do belga Lúcio (jogou no Action 21 Charleroi, no Iberia Star Tbilisi e no Futsal Team Charleroi). O outro português no top 10 é Ricardinho, quinto posicionado, com 64 encontros realizados na Champions entre Benfica, Inter FS de Espanha e ACCS Paris (França).

O fixo/ala já tem um outro recorde na Liga dos Campeões, sendo o jogador com mais presenças em Final Fours da competição (17), à frente de Sergio Lozano (16), Aicardo (15), Gabriel (14) e Ortíz (14), todos elementos internacionais por Espanha e pelo Brasil que jogaram ou jogam no Barcelona e/ou no Inter FS. Em termos de currículo, João Matos leva já mais de 40 títulos conquistados em 16 temporadas: duas Champions, dez Campeonatos, nove Taças de Portugal, nove Supertaças, quatro Taças da Liga e três Taças de Honra da AFL pelo Sporting e dois Europeus, um Mundial e uma Finalíssima por Portugal.

“Querem ser lembrados como heróis? Vamos ser heróis?”: o arrepiante discurso de João Matos antes da vitória na Champions

“É uma marca que acaba por ser importante pelo historial de conquistas que já tivemos. É um orgulho muito grande entrar na história do futsal como jogador com mais jogos na Liga dos Campeões, que é só a melhor prova de clubes no mundo, mas também um sinal de que o Sporting esteve muitas vezes presente nas grandes decisões, o que faz com que tenha muitos jogos por esses momentos decisivos”, comentou após a goleada com o Ayat por 7-1 (Pauleta e Neves bisaram, Cavinato, Erick e Miguel Ângelo marcaram os restantes golos dos leões) que carimbou a passagem à Ronda de Elite. “Felizmente faço parte de uma história bonita do clube que depois me coloca com estes recordes como os 70 jogos. Não penso em recordes individuais, penso só em fazer o meu trabalho bem feito e essa consistência fez com que chegasse a estes números grandes e bonitos. São muitos jogos na Champions”, acrescentou o internacional.

“Nunca esperei alcançar o que alcancei quando comecei mas tenho consciência que estes números vão ser batidos por outro jogador e Deus queira que seja por um jogador do Sporting. Pelo momento do clube em si, mais fácil se torna porque é presença atrás de presença. Mas nunca imaginei, seja em títulos, em jogos pelo clube, em jogos pela Seleção. Tem sido extraordinária esta aventura, esta caminhada, este trajeto mas a minha carreira ainda tem muito para conquistar. Quero continuar a fazer história a nível coletivo e a nível individual. Este ano faltam seis finais para atingir o nosso objetivo, que sejam seis jogos a mais nesta época de Liga dos Campeões. Vai ser dura, já está a ser, mas sabemos as nossas ambições”, referiu ainda, abordando o jogo ainda em falta nesta Ronda Principal, os três encontros da Ronda de Elite e, em caso de passagem, as duas partidas da Final Four da competição que determinam o vencedor da prova.