A taxa de inflação em outubro ultrapassou os 10%, ficou nos 10,2%, segundo a primeira estimativa divulgada pelo INE, que confirmará o valor a 11 de novembro. É o valor mais alto desde maio de 1992.

Em setembro, a taxa de inflação ficou nos 9,3%. A taxa de setembro serve de referência para a atualização das portagens das duas pontes sobre o Tejo, geridas pela Lusoponte. Mas é a taxa de inflação sem habitação de outubro que serve de guia para o resto das portagens.

Assim, de acordo com os primeiros dados do INE, a taxa de outubro sem habitação ficou nos 10,46%, pelo que será essa a referência para o aumento das portagens em 2023.

Não é ainda certo que o aumento seja dessa ordem de grandeza, uma vez que as concessionárias podem tentar negociar com o Governo compensações para que os preços aos automobilistas não sejam tão agravados. António Pires de Lima, presidente da Brisa, já tinha alertado para a possibilidade do aumento ser significativo “a não ser que o Estado mostre abertura para encontrar mecanismos que compense a Brisa desse aumento e o possa diluir no tempo ou inclui-lo no grupo de trabalho de renegociação da concessão”, declarou em setembro em entrevista ao Negócios e Antena 1.

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Pires de Lima. “Se o Estado não fizer nada, o aumento [das portagens] será o que corresponde à inflação”

O ministro das Finanças, Fernando Medina, em entrevista ao Observador tinha referido não haver ainda qualquer decisão tomada sobre as portagens, mas admitiu ser uma hipótese a tomada de medidas para evitar esse aumento. “É uma hipótese em aberto. Não consta do Orçamento de 2022, mas a acontecer será algo que tem de ser conhecido antes do final do ano de 2022. Não consta do Orçamento de 2023”. Acrescentou que, no entanto, “não é uma negociação fácil. É um tema que exige muito trabalho e muita franqueza de parte a parte relativamente ao que fazer para não se tornar um processo muito complexo e do qual ninguém sairia bem”.

Entrevista a Medina. IVA dos alimentos não baixa porque dinheiro pode ir parar a acionistas de grupos de distribuição e não a quem precisa

Inflação subjacente supera 7%. Fatura do gás natural chegou

Um indicador que tem sido relevante na análise à evolução dos preços é o referente à chamada inflação subjacente (que retira das contas os produtos alimentares não transformados e energéticos). Assim, a inflação subjacente atingiu, em outubro, os 7,1%, o que compara com os 6,9% do mês anterior. É a taxa mais elevada, segundo o INE, desde janeiro de 1994.

O que significa que a inflação está alastrada a várias categorias de produtos e não apenas aos que têm como referência os produtos agrícolas e energia. Os produtos energéticos terão tido uma variação homóloga de 27,6%, ou seja 5,4 pontos percentuais acima à do mês anterior, com destaque para a subida do gás natural, realça o INE.

Já os produtos alimentares não transformados terão aumentado 18,9%, face aos 16,9% de setembro, a taxa mais elevada desde junho de 1990.

A variação média anual em 12 meses vai já com uma escalada de 6,7%, sendo de 6,83% o valor que não considera a habitação. É esta taxa com referência a novembro que serve, de acordo com a lei, para a atualização das pensões, que também inclui uma atualização em função da evolução do PIB. Para 2023, o Governo já determinou a atualização média de 7,3%. Mas já admitiu poder rever os aumentos face à inflação que se determinar em novembro.

O Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) estará nos 10,7%. Este é o indicador que serve para as comparações internacionais, já que é o revelado pelo Eurostat. Difere do IPC (índice de preços no consumidor) por incluir o turismo.

Fonte: INE