O Governo vai “fazer tudo” para que a Efacec reembolse na totalidade os valores injetados pelo Estado, mas neste momento é impossível dar garantias de que isso vai acontecer. As palavras são do ministro da Economia, António Costa Silva, que foi ouvido esta quarta-feira no Parlamento no âmbito da discussão na especialidade do Orçamento do Estado para 2023.

Questionado pelo PSD sobre o processo de privatização da Efacec, e quanto é que a empresa já custou ao Estado, após o Governo ter assumido há duas semanas que as negociações com a DST falharam, o ministro da Economia revelou que o Governo está a fazer “tudo” para resolver os problemas da empresa.

Governo assume oficialmente que privatização da Efacec falhou. DST deseja “o melhor” para a Efacec

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Em 2020, adiantou Costa Silva, “o Estado não pagou nada, interveio para impedir o seu colapso na altura. A Efacec tem valências técnicas, tem dois mil trabalhadores”, lembrou o ministro, revelando que até agora o Estado injetou 50 milhões de euros na empresa e tem 125 milhões de euros em garantias e empréstimos. “Estamos a procurar encontrar uma solução para a empresa. Estivemos até à última hora a fazer as diligências possíveis para concluir a venda à DST, mas infelizmente a articulação com a Comissão Europeia e a DST não permitiu que isso fosse feito”, afirmou.

“Vamos fazer tudo para isso acontecer (o reembolso)”, mas “não posso dar nenhuma garantia”, afirmou. Para o PSD, “isto cheira um bocadinho a TAP: nacionaliza-se, depois há prejuízos, depois põe-se lá dinheiro, depois privatiza-se e não se salvaguarda”.

O ministro admitiu que o problema é “complexo e preocupa-nos muito”, sendo que estão em curso conversas com interessados “que pensamos que são fiáveis”. Entre os interessados há empresas nacionais e internacionais, adiantou. “Passámos o último fim de semana a tratar deste problema”, revelou Costa Silva, que revelou acreditar que poderá haver “convergência estratégica” entre o Governo e os possíveis interessados, para que “esta situação menos boa possa ser ultrapassada”.

O ministro voltaria a ser questionado sobre o tema pelo PCP, que quis saber porque é que o Estado não quer manter-se no capital da empresa. Ao que o ministro da Economia afirmou ter a “forte convicção” de que “o Estado não tem vocação para gerir empresas, exceto em casos absolutamente excecionais”.

Para o ministro, “pela sua génese, o Estado tem de ser facilitador de desenvolvimento económico, proteger os cidadãos, construir o estado social”, e a gestão privada das empresas “está comprovado que é o melhor modelo que existe”.

Na sua intervenção inicial, o ministro ressalvou que o ano de 2023 vai ser “muito difícil e complexo”, mas que existem sinais “que dão esperança para encarar o futuro”, como o crescimento da economia, do turismo e das exportações em setores como a metalomecânica e o calçado.

Costa Silva admitiu que haverá dificuldades devido à anunciada recessão na Alemanha, e destacou que o país “não vai superar a questão do crescimento económico se não sair do síndrome do Portugal dos pequeninos”, e se as micro empresas não se transformarem em pequenas, as pequenas em médias e as médias em grandes.

(Notícia atualizada às 20h38 com a resposta do ministro ao PCP)