Cerca de 50 brasileiros apoiantes de Jair Bolsonaro reuniram-se este domingo, na Praça do Comércio, em Lisboa, para denunciar o que consideram ser uma “fraude eleitoral”, rejeitando a vitória de Lula da Silva nas presidenciais de outubro.

“Somos pacíficos, democráticos, estamos aqui contra a corrupção, contra o poder legislativo e judicial que nos roubou as eleições”, disse Joyce, uma das pessoas que subiu ao palco improvisado nos degraus da estátua de D. José I para discursar para as cerca de 50 pessoas que resistiram ao frio e chuva para participar no protesto.

“Não temos uma organização, somos um movimento de amigos e conhecidos brasileiros que estão em Portugal, e queremos denunciar que nos roubaram a eleição e amordaçaram o povo”, disse Joyce à agência Lusa, rodeada de fotografias de ativistas e políticos brasileiros com uma cruz em cima dos lábios, mostrando o que classificou como a “censura e a ditadura em que se tornou hoje o Brasil”.

Os discursos repetiram a tese que tem sido propalada pelos apoiantes de Bolsonaro relativamente à existência de fraude eleitoral e à impossibilidade de serem recontados os votos que deram a vitória a Lula da Silva.

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O presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), aliás, foi o tema sempre presente nas intervenções, sendo acusado de ter “delapidado o Brasil”, piorado as instituições e de ser inelegível, sequer, para concorrer à Presidência.

Os típicos slogan dos bolsonaristas “Lula, ladrão, seu lugar é na prisão” e “A gente acampa, mas o ladrão não sobe a rampa”, numa alusão ao caminho percorrido pelo Presidente para receber a faixa de chefe de Estado, foram entoados várias vezes durante esta iniciativa.

Os protestos contra a vitória de Lula da Silva nas presidenciais e a favor de uma intervenção militar voltaram a ganhar alguma força na semana passada no Brasil, alavancados pelo feriado nacional da instauração da República, com milhares de manifestantes a concentrarem-se em frente a quartéis em vários estados brasileiros.

Luiz Inácio Lula da Silva, 77 anos, ganhou as eleições presidenciais brasileiras de 30 de outubro por uma margem estreita, recebendo 50,9% dos votos, contra 49,1% para o ainda Presidente Jair Bolsonaro, que procurava um novo mandato de quatro anos, numa eleição validada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e à qual não foi apontada a existência de fraude num relatório feito pelas Forças Armadas sobre o processo.

Lula da Silva, que já cumpriu dois mandatos entre 2003 e 2011, toma posse pela terceira vez como Presidente do Brasil a 01 de janeiro.