Enviado especial do Observador em Doha, no Qatar

Não era uma postura de derrotados na guerra, havia a clara noção de batalha perdida. Todos os jogadores do Uruguai foram passando pela zona mista de forma separada, quase todos sem falar a nenhum dos meios que estavam presentes quase em grupos entre portugueses, uruguaios, espanhóis e internacionais (que quando alguém parava na primeira linha se juntavam em massa). O médio do Sporting Ugarte, por exemplo, passou com o assessor de imprensa mas foi ele próprio que pediu amavelmente para não falar esta noite até porque mais uma vez voltou a não ser opção. Tudo certo, igual aos outros. Depois chegou a vez de Luis Suárez.

O avançado “encostou” ainda antes da primeira de cinco voltas aos ziguezagues que têm de fazer até irem à zona de acesso ao relvado. Nas primeiras questões, que eram impossíveis de ouvir perante o número de jornalistas que se foram atropelando para colocar o gravador, o antigo jogador de Barcelona, Atl. Madrid, Liverpool ou Ajax falou sobre o jogo e sobre as possibilidade que ainda sobram ao conjunto sul-americano de chegar aos oitavos em caso de vitória na última ronda (sendo que até agora não marcaram golos). A seguir, a terceira pergunta deu um outro ângulo à próxima partida e o número 9 não gostou. Mais: foi-se embora.

– O jogo com o Gana vai ser o reencontro depois daquele jogo que ficou famoso em 2010..
– Tens um minuto e com tanta coisa vais perguntar isso…

A resposta já foi em andamento mas a cara do uruguaio dizia tudo sobre o desconforto por aquela questão num dia que até foi positivo para a celeste: nos quartos do Mundial de 2010, numa partida no Soccer City em Joanesburgo, Luis Suárez defendeu com a mão um remate em cima do minuto 120, foi expulso mas viu Gyan atirar com estrondo à trave, adiando a decisão para as grandes penalidades que sorriram ao Uruguai.

Mais tarde, também Darwin Núñez, antigo avançado do Benfica, e Sebastian Coates, capitão do Sporting, não pararam na zona mista mas o central tinha falado antes às televisões portuguesas sobre a partida no Lusail. “Não aproveitámos as oportunidades que tivemos, acho que talvez tenha sido essa a diferença. Portugal é uma grande equipa, com jogadores de grande nível. Não conseguimos capitalizar as oportunidades e do outro lado um cruzamento converteu-se num golo. Se falei com os meus companheiros e antigos companheiros de clube? Antes do jogo sim, depois não tanto. Mas, pessoalmente, não gosto de falar antes do jogo. Depois, no final, cumprimentámo-nos, claro. Nuno, Bruno, Matheus… Se Portugal é um dos favoritos? Eu estou mais preocupado com o Uruguai, um Mundial é difícil para todos”, referiu.

Para terminar a noite, Edison Cavani teve também um “momento Ronaldo 2010” nas televisões (na zona mista passou sem falar). “Fica um sabor amargo por perder. Sabemos que temos um grande potencial para fazer mais. Custa, pois perder pontos num Mundial é complicado. Fica um sabor amargo. Há coisas para melhorar e há que preparar o próximo jogo como uma final, pois é a hipótese que temos de dar o passo que pretendemos nesta fase de grupos. O que se passa? Pergunte ao Alonso… Ele poderá falar mais taticamente sobre o que está a acontecer. É futebol, às vezes as coisas saem, noutras não. É preparar o próximo encontro. Vamos tentar corrigir e fazer as coisas melhor”, comentou sobre o treinador.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR