João Neves, secretário de Estado da Economia, e Rita Marques, secretária de Estado do Turismo, foram demitidos pelo primeiro-ministro, segundo notícia avançada pelo Jornal de Negócios e confirmada pelo Observador. Na origem da decisão estarão “divergências de fundo” entre os secretários de Estado e o ministro da Economia, António Costa Silva.

No Linkedin, o até agora governante mostrou-se orgulhoso por ter “sempre procurado sempre servir a República Portuguesa em prol da economia nacional”. “Foi uma honra trabalhar sob a direção do primeiro-ministro, António Costa, ao lado das empresas, das associações empresariais e da indústria do nosso país”, escreveu no dia em que deixa o Governo.

João Neves sublinhou ainda o facto de ter trabalhado “programas fundamentais” para a mudança da economia. “A minha esperança no futuro da economia não se esgota aqui. O saber-fazer nacional, as qualificações dos nossos jovens, a resiliência e inovação dos nossos empresários e a capacidade colaborativa do nosso associativismo empresarial continuarão, por certo, a transformar a nossa economia. Uma economia assente no conhecimento, na inovação, no nosso talento e na capacidade das nossas empresas se internacionalizarem”, escreveu o até agora secretário de Estado.

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O mais recente episódio relativo ao IRC terá estado no centro da decisão de António Costa sobre os dois secretários de Estado da Economia e do Turismo, já que depois de o ministro da Economia, António Costa Silva, ter afirmado que a redução do IRC transversal a todas as empresas seria “um sinal extremamente importante para toda a indústria” e “extremamente benéfico” face à atual crise, o secretário de Estado João Neves disse considerar que seria um “erro” avançar para essa solução.

Também a secretária de Estado do Turismo, durante uma entrevista à Lusa, falou sobre o tema para atribuir todas as responsabilidades ao primeiro-ministro: “Estas matérias são discutidas de forma coletiva, em sede própria, no Conselho de Ministros. O senhor primeiro-ministro há de ter a última palavra, aliás, tem a primeira, a última, sempre.”

E foi mais longe, dizendo que o trabalho será feito “em função das orientações” recebidas do primeiro-ministro, o que voltou a deixar António Costa e Silva (que iniciou o tema) para segundo plano.

Ainda antes dessa mesma entrevista, a secretária de Estado tinha comentado uma publicação de Pedro Siza Vieira no Linkedin, onde se podia ler que, apesar de ser a favor de uma descida do IRC, olhava para “o aumento da dedução de lucros retidos e reinvestidos” como uma alternativa. Rita Marques assumia que é preciso “trabalhar para reforçar os capitais próprios das empresas e melhorar o autofinanciamento”. “Que o OE2023 seja claro nessa ambição”, acrescentou.

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