Dezenas de professores vaiaram esta sexta-feira o ministro da Educação, João Costa, à chegada para uma visita à Escola Secundaria Marques de Castilho, em Águeda, distrito de Aveiro.

À chegada do ministro, os professores gritaram palavras de ordem como “Professores a lutar também estão a ensinar”, “Não nos calaremos” e “Queremos respeito”.

O ministro não se dirigiu aos professores e entrou na escola, onde um grupo de alunos o recebeu com uma apresentação musical.

A visita de João Costa à Escola Secundária Marques de Castilho surge no âmbito do encerramento do primeiro período do ano letivo.

O Sindicato de Todos os Professores (S.T.O.P.) tem em curso uma greve desde 9 de dezembro e na quinta-feira anunciou ter apresentado pré-avisos de greve para todo o mês de janeiro.

O ministro mostrou-se surpreendido com a greve de professores em curso, argumentando que estão a decorrer negociações com os sindicatos, nas quais o executivo está de boa-fé.

Em declarações aos jornalistas após ter sido vaiado por professores, o governante referiu-se a uma “guerra de sindicatos” para alegar que os representantes dos professores não estão todos unidos nos protestos.

O ministro acusou o dirigente sindical André Pestana de mentir, garantindo que não há qualquer processo de municipalização da contratação de professores.

O despacho do Conselho de Ministros n.º 123/2022, publicado na quarta-feira, determina a transferência, a partilha e a articulação das atribuições dos serviços periféricos da administração direta e indireta do Estado nas comissões de coordenação e desenvolvimento regional.

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“Os professores de uma forma clara têm demonstrado com esta luta que não querem, de facto, passar a depender de agradar com perfis ou outros métodos ou critérios subjetivos, e por isso, claramente, queremos manter a graduação profissional como o único critério para a colocação, de uma forma transparente, com uma lista em que qualquer pessoa pode verificar se houve ou não houve ultrapassagens indevidas”, disse André Pestana na quinta-feira.

Para sábado, está convocada uma manifestação nacional na Praça Marquês de Pombal, em Lisboa, e nessa altura os professores vão discutir a sua suspensão ou continuidade da greve.

Também na quinta-feira, outros oito sindicatos de professores ameaçaram convocar uma greve de 18 dias, por distritos, no início do 2.º período letivo se o Ministério não recuar em algumas das propostas para a revisão do modelo de recrutamento e mobilidade.

Os oito sindicatos (Fenprof, ASPL, Pró-Ordem, SEPLEU, SINAPE, SINDEP, SIPE e SPLIU) exigem que até ao dia 10 de janeiro João Costa recue em algumas das propostas que apresentou no âmbito da negociação da revisão do modelo de recrutamento e mobilidade, e que inicie novos processos negociais sobre outros temas.

Entre os principais motivos da greve, o sindicato recordou a possibilidade de os diretores poderem escolher sem ter em conta a graduação profissional, o facto de faltar contar tempo de serviço que esteve congelado, as quotas de acesso aos 5.º e 7.º escalões e a penalização na aposentação após 36 anos de serviço.