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O Presidente russo terá “adiado” a data planeada da invasão da Ucrânia por três vezes, após conversações com o chefe do Estado-maior Geral das Forças Armadas da Rússia, Valery Gerasimov, e o ministro da Defesa russo, Sergey Shoigu.

A informação foi divulgada por Vadym Skibitsky, vice-chefe dos serviços secretos ucranianos, durante uma entrevista ao jornal alemão Bild, citada pelo Kyiv Independent. O oficial ucraniano indicou que Vladimir Putin adiou pela última vez a entrada das tropas russas em território ucraniano em meados de fevereiro.

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Segundo Skibitsky, os serviços de informação russos (FSB, ex-KGB) terão sido importantes na persuasão de Putin e dos oficiais sobre o envio de tropas para a Ucrânia. O FSB terá, inclusivamente, pressionado o general Gerasimov a avançar com a invasão, em cuja preparação a Rússia investiu recursos significativos.

Os serviços secretos ucranianos referem que o FSB considerou que já existia preparação suficiente até ao final de fevereiro para garantir que a invasão seria rápida e bem-sucedida. No entanto, segundo a Ucrânia, a Rússia terá subestimado a resistência que ia encontrar, fornecendo apenas mantimentos e munições para um período de três dias.

Muito se tem falado sobre o que terá acontecido nos meses que antecederam o dia 24 de fevereiro, que marcou a entrada das tropas russas na Ucrânia, há mais de dez meses. Vários observadores acreditavam que a invasão iria ter fim numa questão de semanas ou mesmo dias, uma expectativa partilhada pelo Kremlin.

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A informação consta de uma investigação publicada esta semana, corroborada por várias entrevistas e dados obtidos pelo jornal norte-americana. Uma unidade russa terá recebido ordens para chegar à capital, Kiev, em apenas 18 horas, revelou o desertor Nikita Chibrin, que diz ter descoberto que ia ser enviada para a Ucrânia cerca de meia hora antes da sua unidade começar a marchar. Um diário de bordo de uma outra unidade russa analisado pelo New York Times, e declarado autêntico por três analistas, aponta no mesmo sentido. Mostra que no dia 24 foram dadas ordens para avançar até Kiev num intervalo de tempo ainda mais curto. O objetivo era partir da fronteira da Bielorrússia às 01h33 para chegar aos arredores de Kiev às 14h55.

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Apesar dos planos russos, a capital, Kiev, não caiu. A cidade de Kharkiv, a segunda maior da Ucrânia, foi recuperada e Kherson, um dos primeiros territórios a cair às mãos dos russos, também foi reconquistada. Passados dez meses de guerra, a Ucrânia continua a desafiar as expectativas iniciais, com o apoio dos aliados ocidentais.

Nas últimas semanas, marcadas pela chegada do inverno, as tropas russas têm focado os seus ataques particularmente a infraestruturas civis e energéticas. Durante esta madrugada, Kiev e algumas regiões vizinhas foram alvo de um ataque com drones e durante a manhã foram emitidos alerta aéreos, um cenário que se tem repetido nos últimos dias. As autoridades ucranianas disseram ter detetado 35 drones de fabrico iraniano lançados pela Rússia no espaço da capital, dos quais pelo menos 30 foram abatidos pela defesa aérea.

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