O homem de 48 anos suspeito de raptar Luana, a adolescente que esteve desaparecida durante oito meses, vai ficar em liberdade. De acordo com a CNN Portugal, o Tribunal de Leiria decidiu que o suspeito, natural de Évora, ficará com termo de identidade e residência e está impedido de contactar a menor.

Fonte judicial confirmou à Agência Lusa que as medidas de coação, decretadas após término do primeiro interrogatório judicial, que teve início na quarta e terminou esta quinta-feira. A mesma fonte acrescentou que além destas medidas de coação, o homem está proibido de se deslocar ao concelho de Leiria, onde a jovem reside.

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A jovem, na altura com 16 anos, desapareceu de casa, na zona de Cruz da Areia, em Leiria, no dia 30 de maio de 2022, tendo sido encontrada na terça-feira em Évora, na casa do suspeito, onde este vivia com a mãe idosa.

“No seguimento das inúmeras diligências desenvolvidas, em estreita colaboração com a Unidade Local de Investigação Criminal da Polícia Judiciária de Évora, foi possível identificar o suspeito e localizar a menor na sua residência, sita na cidade de Évora, onde, a coberto de uma suposta relação amorosa, este a manteve em completo isolamento social durante oito meses, aproveitando-se da sua persistente e recorrente dependência de jogo online, imaturidade e personalidade frágil”, referiu em comunicado a Diretoria do Centro da Polícia Judiciária.

Luana vivia com o raptor e a mãe dele, ia para o sótão quando havia visitas e passava os dias num quarto sem luz a jogar

De acordo com a PJ, a menor e o arguido “estabeleceram contacto e desenvolveram uma relação através de chats de jogos online”, quando aquela ainda tinha 14 anos, que foi “evoluindo para uma relação amorosa até que surgiu a oportunidade de o suspeito a ir buscar a Leiria, levando-a com ele”.

Notando que a menor “tinha uma dependência muito intensa do jogo online”, a fonte da PJ esclareceu que o homem, sem referências criminais, separado, com filhos e socialmente integrado, “a acolheu numa casa em Évora”, de onde aquela não saiu e onde passava a maior parte do tempo num quarto sem luz natural.

A PJ disse ainda que a mãe do suspeito “não teria a noção de todos os contornos” da situação e explicou que, quando alguém ia a casa, a menor, que “terá consentido, ocultava-se no sótão” da habitação.

Em conferência de imprensa no mesmo dia, o diretor da Diretoria do Centro da PJ, Jorge Leitão, afirmou que a menor, apesar de não ter saído de casa, não registava “nenhum sinal” de que tenha estado na residência obrigada.

“Não temos qualquer elemento que aponte que estivesse fechada em casa”, realçou.

Segundo Jorge Leitão, a vítima “estava tranquila, bem tratada, a fazer aquilo de que gostava, que era o vício do jogo online”.