2022 foi mais um excelente ano para a Dacia em Portugal, em linha com o que aconteceu no resto da Europa, onde o construtor romeno do Grupo Renault liderou igualmente as preferências dos clientes particulares, uma vez que a marca não privilegia a venda a empresas, frotistas ou a rent-a-car. Mas até em termos absolutos, este construtor presente em Portugal há 14 anos conseguiu colocar dois modelos entre os veículos de passageiros mais vendidos, com o Sandero a ser o 4.º mais procurado e o Duster a chamar a si a 9.ª posição do ranking.

Evoluindo de marca low cost para marca com right cost, a Dacia sacode a anterior imagem de construtor barato, visando afirmar-se como um fabricante que oferece o que os clientes desejam, sem luxos desnecessários para conseguir o preço mais acessível possível. E o mercado reagiu de forma favorável, uma vez que a Dacia comercializou 10.157 veículos de passageiros, o que lhe garante uma quota de 6,5%, um crescimento notável de 71% face a 2021.

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Outro dado importante prende-se com o facto de 23% dos veículos vendidos pela Dacia terem tido origem no digital, com os clientes a decidirem a aquisição online, apesar da marca assegurar que visa continuar a favorecer as relações com a sua rede de retalho, que o vice-presidente da marca, Xavier Martinet, garantiu ao Observador ser rentável e com futuro, como pode ver na entrevista abaixo.

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“Se a Dacia está satisfeita, se os concessionários estão satisfeitos e se os clientes estão satisfeitos, para quê mudar?”

Em matéria de modelos da marca, o Sandero foi o 2.º mais vendido em Portugal em 2022, com 5100 unidades, um crescimento de 46% face a 2021. O Duster é um modelo incontornável na Dacia, tendo sido no ano transacto o mais vendido nos SUV do segmento C, para o Spring se assumir como o mais procurado do segmento A, mas mais importante do que isso, o 5.º veículo eléctrico mais vendido do mercado, com um incremento da procura de 190% face ao ano anterior. O Dacia Jogger conseguiu ser o líder das vendas nos monovolumes do segmento C com sete lugares.

Curiosamente, os clientes Dacia revelam ainda uma considerável preocupação ambiental, associada a uns menores custos de utilização, uma vez que dão preferência ao bifuel, combustível que arranca a gasolina mas que rapidamente passa a consumir GPL, mais barato e menos poluente. No Sandero são 1% dos clientes que optam pelo bifuel, valor que sobe para 45% no Duster e para os 80% no Jogger.

Presente bom e futuro ainda mais optimista

Se a Dacia é hoje o construtor revelação no mercado europeu – e português, em particular –, o futuro promete ser ainda mais risonho, segundo José Pedro Neves, o director-geral da marca para o nosso país. O gestor salienta primeiro as vantagens para a Dacia de estar separada da Renault desde 2021 e possuir uma estrutura própria no nosso país. Explicou ainda que não vão existir agenciamentos, o que significa que os concessionários se vão manter, reforçando a ideia com o facto de os preços já serem baixos e as margens mínimas, mas ainda assim interessantes para o retalho, face ao que oferece a concorrência.

José Pedro Neves recorda ainda que os contratos de concessão são hoje separados dos da Renault, o que significa que a Dacia deixou de ocupar uns corners em stands da Renault, passando a ter áreas de exposição exclusivas, o que reforçou as vendas. Mas mais do que isso, Neves prometeu que a sua marca irá continuar a evoluir, com novidades sumarentas, a começar já com a nova imagem de marca e a nova filosofia de design revelada pela protótipo Manifesto, o que incluirá uma série de novos modelos com mais e melhores argumentos comerciais.

Especificar estas vantagens foi o papel da directora de Marketing da Dacia, Vanda Silva, que começou por confirmar que estão a desistir do diesel, com o GPL a assumir, para já, o seu lugar, no que respeita à redução de custos de utilização. O primeiro trunfo a ser atirado para cima do tabuleiro é o novo Dacia Spring Extreme, uma versão ligeiramente mais cara do eléctrico da marca, que continua a ser claramente o modelo a bateria mais barato do mercado. Inclusivamente mais acessível do que muitos “mata-velhos” do mercado. O Extreme troca o motor de 45 cv pelo novo com 65 cv, vantagem que em conjunto com a nova grelha e restante reformulação estética dará uma nova vida ao modelo que já constitui uma surpresa no mercado dos veículos a bateria. O Dacia Extreme está previsto para o 2.º trimestre de 2023.

Antes disso surgirá o Jogger na versão HEV, o full hybrid que a marca já apresentou e que vai assegurar custos de utilização inferiores aos diesel e até aos GPL, consumindo apenas gasolina. O Jogger HEV está agendado para Março de 2023. Ainda segundo a responsável pelo marketing, o Duster terá brevemente uma versão Extreme baseada no modelo que já conhecemos, para em 2024 chegar o novo Duster, que a partir do 4.º trimestre associará a nova estética e linguagem estilística da marca ao modelo mais popular do construtor.

A maior novidade da Dacia, contudo, será a introdução do Bigster no mercado, o primeiro modelo do segmento C do construtor, um SUV maior, mais espaçoso e mais sofisticado, assumindo-se como o irmão mais velho (e maior) do Duster. O Bigster é esperado no 4.º trimestre de 2024, com os responsáveis da Dacia a sublinharem que a idade média dos seus clientes é inferior aos da Renault, o que lhe assegura um potencial de crescimento superior.