A Dacia renovou o seu Spring eléctrico, dotando-o com um novo estilo exterior e uma completa remodelação interior, sem contudo mexer na capacidade da bateria ou na potência dos motores. Segundo o construtor, os actuais Spring 45 (com 45 cv) e Spring 65 (com 65 cv) satisfazem por completo os clientes da marca e permitem continuar a propor um preço bem abaixo da concorrência.


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O Spring pode ser o eléctrico mais pequeno e mais barato do mercado, mas a realidade é que é igualmente um dos mais vende, sendo mesmo o líder, se considerarmos exclusivamente as vendas a clientes particulares. Mas aproxima-se uma concorrência feroz e também ela mais acessível, pelo que este construtor romeno do Grupo Renault tratou de melhorar o seu produto.

O Spring nasceu como uma proposta low cost eléctrica, sem problemas em tornar evidente esta preocupação com o preço, com um design exterior muito simples e um interior e tablier que pareciam saídos directamente de 1980. Foi o produto da visionária Dacia, que fez mais pela democratização da mobilidade eléctrica que qualquer outro fabricante, propondo uma versão desprovida de equipamento por 17 mil euros, para depois a versão que os condutores portugueses preferiam adquirir ser proposta por 18.500€, com mais equipamento.

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Posteriormente, a Dacia viria a introduzir um restyling, sempre com 45 cv e a bateria com 26,8 kWh de capacidade útil, para mais tarde surgir uma versão mais radical, a Extreme, com 65 cv, com os preços mais recentes a exigirem 20 mil euros pelo Spring 45 e 22 mil pelo Spring 65. Agora que se aproxima uma concorrência de peso, a Dacia reformulou o seu Spring, sofisticando-o…

Por fora, o Spring parece um mini Duster

Até aqui, a tarefa do Dacia Spring como o eléctrico mais barato do mercado estava francamente facilitada, uma vez que os seus 20 mil euros conferiam-lhe uma enorme vantagem sobre a concorrência mais próxima, todos eles modelos utilitários e propostos por um mínimo de 34 mil euros. E apesar de utilitários como o Peugeot e-208 ou o Renault Zoe oferecerem 4 metros de comprimento, 1,75 m de largura e 2,54 m de distância entre eixos, obviamente superiores aos citadinos como o Spring (30 cm mais curto, 17 cm mais estreito e 12 cm menos comprido entre eixos), a realidade é que 14.000€ fazem muita diferença, mesmo se à custa de muito menos potência e uma autonomia inferior, além de menos equipamento e uma aparência menos sofisticada, tanto por dentro como por fora.

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Nos próximos meses vamos assistir à chegada de dois modelos que prometem agitar o mercado dos eléctricos baratos, ambos utilitários, mas substancialmente mais acessíveis. Referimo-nos ao Renault 5, que chega em Setembro por 25.000€ (para a versão com 300 km de autonomia), e ao Citroën ë-C3, previsto já para Junho, por 23.300€ (320 km), que será reforçado um ano mais tarde por uma segunda versão proposta por 19.990€, com uma bateria mais pequena e 200 km de autonomia.

Para enfrentar esta concorrência acrescida, a Dacia apostou na sofisticação do Spring e começou pelo design. Dotando o seu pequeno SUV eléctrico com uma carroçaria completamente nova e já com a nova imagem da marca, que o faz parecer um mini Duster, a Dacia tornou o seu modelo muito mais atraente. O chassi mantém-se, uma vez que controlar os custos continua a ser a palavra de ordem, sobretudo porque o objectivo é reduzir o preço do Spring, preparando-o para enfrentar a concorrência que se aproxima.

Por dentro é tudo novo. E felizmente!

Se o novo exterior agrada, o habitáculo renovado por completo não lhe fica atrás, com ambos a explicar a sensação que o novo Spring transmite, afastando-se da imagem de carro barato e rudimentar, para um veículo moderno e actual, mesmo se propondo um preço (que se espera) mais reduzido. Para começar, o volante é novo, cai melhor na mão e os comandos que inclui parecem funcionais, com a vantagem ainda de estar associado a uma coluna de direcção que passa a ser regulável em altura.

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À frente dos olhos, o condutor tem um ecrã digital de 7 polegadas e pode contar com um ecrã central com 10”, igualmente digital e sensível ao toque, através do qual é possível controlar uma série de funções do veículo, além de comandar o telemóvel ou o sistema de navegação, este último com mapas da Here. Isto na versão mais bem equipada, pois nas mais simples e acessíveis há um suporte para telemóvel (com alimentação de energia) para que seja este a servir de ecrã central, através da aplicação da marca. Mais à direita surge um porta-luvas numa cor contrastante, com luz graças ao sistema YouClip, que traz mais versatilidade a bordo.

O espaço interior não parece ter alterações, com o Spring a continuar a ser um modelo surpreendentemente espaçoso para um veículo tão curto, excepção feita para o facto de estar limitado a quatro lugares, devido à menor largura do modelo face aos utilitários, todos eles homologados para sentar três adultos atrás, ainda que nem sempre de forma folgada, ou até mesmo confortável. À frente, entre os dois assentos, surge o novo comando da transmissão que nos pareceu mais funcional e capaz de ser manuseado sem que o condutor tenha de desviar os olhos da estrada.

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A bagageira passa a disponibilizar 308 litros, mais seis que anteriormente, o que é notável para este segmento e até um valor respeitável para utilitários, os veículos do escalão acima. E, com o rebatimento do banco traseiro, o volume útil evolui para 1004 litros, para aquelas ocasiões pontuais em que é necessário transportar objectos mais volumosos. À bagageira traseira o Spring passa a associar uma frunk, com a marca, através de um acessório, a fornecer uns adicionais 35 litros. É pouco, mas já permite afastar das bagagens tradicionais e dos casacos os cabos de carga, os quais nem sempre estão tão limpos quanto gostaríamos.

Bateria e motores não mudam. Preço fala mais alto

Com as alterações na carroçaria e no habitáculo a agradarem, não deixa de ser uma pena que, no que toca à bateria e aos motores, o novo Spring não tenha evoluído. O acumulador mantém os 26,8 kWh, sendo recarregável a 30 kW em corrente contínua (permite ir de 20% a 80% em 45 minutos) e 7 kW em corrente alternada, o que garante uma autonomia de 220 km em WLTP.

Embora a distância que o Spring pode percorrer entre visitas ao posto de carregamento possa parecer curta, a Dacia recorda que a média dos seus clientes percorre apenas 37 km por dia, a uma média de 37,5 km/h, indiciando uma utilização sobretudo em cidade.

O construtor esclare ainda que, em média, 90% das viagens têm uma extensão de 70 km, com 75% dos clientes da marca a recarregarem os seus carros em casa. Para as saídas de fim-de-semana, os utilizadores do novo modelo vão apreciar a hipótese de utilizar o sistema V2L, que permite aceder à energia armazenada na bateria para alimentar computadores, até 3,3 kW, mais que suficiente para recarregar computadores, máquinas de filmar, as bicicletas eléctricas ou os drones, podendo ainda alimentar a máquina de café.

Grande parte da eficiência do Spring não fica a dever-se aos motores ou à bateria, mas sim ao baixo peso do conjunto, que anuncia somente 984 kg, provando que os veículos eléctricos não têm necessariamente de ser pesados. Esta nova geração do Spring pesa mais 6 kg do que o anterior, apesar de incluir mais equipamento e até os necessários sistemas de ajuda à condução, entretanto tornados obrigatórios pela União Europeia.

Quando chega e por quanto?

O novo Dacia Spring chega a Portugal em Junho, com as versões Essential, Expression e Extreme, sendo esta última a mais bem equipada. A Essential está apenas associada ao motor de 45 cv, a Extreme monta exclusivamente o de 65 cv, enquanto a Expression é a que permite ao comprador optar por um dos dois motores disponíveis.

Durante a apresentação internacional do novo Spring, a marca romena do Grupo Renault fez questão em não divulgar os preços que serão praticados. Porém, os responsáveis da marca não torceram o nariz quando os confrontámos com a necessidade de baixarem substancialmente o preço face aos valores actuais. O que faz sentido, uma vez que se hoje o pequeno SUV eléctrico com 45 cv é proposto por 20 mil euros, terá que baixar para próximo dos 15 mil euros para compensar as maiores dimensões e potência acrescida do ë-C3. Irá continuar a estar disponível a versão Cargo do Spring, homologada como veículo comercial com dois lugares.