Siga aqui o nosso liveblog sobre a guerra na Ucrânia

O clima de tensão entre o Kremlin e o Grupo Wagner continua a aumentar. Agora, o regime russo terá dado instruções aos seus propagandistas para que não promovam o envolvimento da organização mercenária nos sucessos militares da guerra.

Zelensky descreve situação “extremamente difícil” no leste com combates “por cada metro” e pede “velocidade na entrega” de meios militares

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A informação tem origem numa fonte próxima de Moscovo — Sergei Markov, analista político pró-Putin e antigo conselheiro do Kremlin que contribuiu frequentemente com comentários na televisão estatal russa e que, numa entrevista ao New York Times, revelou ter recebido orientações recentes vindas diretamente do Kremlin para “não promover excessivamente Yevgeny Prigozhin e o Grupo Wagner”.

Prigozhin, que lidera o grupo mercenário, tem espoletado uma rivalidade com a linha de comando russa, numa tentativa de aumentar a sua influência nas chefias militares responsáveis pela invasão — algo que, segundo Markov, o Kremlin está a tentar evitar:

“Recebi o pedido da liderança, e não fui o único”, contou ao jornal norte-americano, sem revelar quem, ao certo, deu a indicação. “Ao que parece, eles não querem trazê-lo para dentro da esfera política porque ele é demasiado imprevisível — têm um pouco de medo dele”.

“É a nossa ameaça mais séria.” Grupo Wagner oficializa confronto com Ministério da Defesa russo

Ainda este domingo, segundo a agência de notícias Reuters, Prigozhin revindicou para o grupo Wagner a captura de uma vila próxima de Bakhmut, na região onde se concentram neste momento os principais combates da guerra. Numa mensagem publicada na sua página de Telegram, o líder militar russo declarou que apenas elementos do grupo mercenário se encontram a combater num raio de 50km de Bakhmut e que, caso a cidade seja conquistada, a responsabilidade seria do grupo Wagner.

Também o canal de Telegram Grey Zone, que tem ligações ao grupo Wagner, denunciou as tentativas de Moscovo de minimizar o papel das forças mercenárias no terreno. O canal partilhou inclusive um documento, que alega ser ser da autoria do Kremlin, contendo diretrizes a bloggers russos sobre como abordar o conflito — entre elas, uma indicação para realçar o papel das chefias militares de Moscovo, e ignorar o papel dos mercenários de Prigozhin.

Citado pelo The Telegraph, Vladimir Oschekin, um ativista responsável pela criação de uma plataforma para ajudar cidadãos russos em fuga, referiu que “Prigozhin usou métodos sujos, tais como insultar publicamente os generais”, o que não caiu bem junto das chefias militares e acabou por “colocar em xeque” a sua posição de relevo no Kremlin.

Motivado ou não por este motivo, Prigozhin concedeu esta semana uma rara entrevista a um blog pró-russo, durante a qual tornou a declarar a sua lealdade a Vladimir Putin e garantiu ter “zero” ambições políticas.

Líder do grupo Wagner diz que conquista total de Donetsk e Lugansk pode demorar até dois anos