O Observador viajou até Londres para assistir à apresentação do Alpine A523 a convite da Renault

A cerca de duas semanas do início do Campeonato do Mundo, já são conhecidos todos os 10 carros que vão integrar a longa competição que decorre até ao final de novembro e com 23 Grandes Prémios. As apresentações começaram ainda no fim de janeiro, com a Haas, e terminaram esta quinta-feira, em Londres e com a Alpine, num evento em que o Observador marcou presença.

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Sem que seja possível perceber desde já as alterações em termos de performance em pista — os primeiros testes públicos acontecem apenas entre 23 e 25 de fevereiro, no Bahrain –, saltam à vista as alterações de design. E, nesse capítulo, há gostos para tudo: entre a Ferrari e a Red Bull, que não mudaram praticamente nada; a Mercedes, que trocou o característico prateado pelo preto; ou a Haas, a Alfa Romeo e AlphaTauri, que mudaram as cores base dos monolugares.

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O Mundial de Fórmula 1 arranca no próximo dia 5 de março em Sakhir, também no Bahrain. A fase europeia do Campeonato do Mundo começa no fim de maio, com o Grande Prémio da Emilia-Romagna, e Las Vegas estreia-se na organização de uma corrida. A competição termina, como já é habitual, a 26 de novembro e em Abu Dhabi.

Alpine. Menos rosa e mais azul à boleia de Zidane

A ideia de que os últimos são os primeiros agradou à Alpine, que esta quinta-feira fechou o rol de apresentações dos carros que vão participar no Mundial de Fórmula 1. Em Londres, num evento em que o Observador marcou presença e onde uma das grandes surpresas foi a presença de Zinédine Zidane enquanto novo embaixador da marca, a equipa francesa revelou o A523.

Logo à partida e numa observação a olho nu, a Alpine deixou para trás grande parte do cor de rosa e escolheu o azul enquanto cor principal do novo carro, com mais detalhes em preto e uma imagem mais sóbria que se adequa ao amadurecimento do projeto. Ainda assim, os franceses apresentaram uma segunda versão do A523, quase inteiramente cor de rosa, que será utilizada no Bahrain, na Arábia Saudita e na Austrália.

Adicionalmente, a Alpine deu as boas vindas a Pierre Gasly, que deixou a AlphaTauri para substituir Fernando Alonso e juntar-se a Esteban Ocon na equipa francesa. Aliás, mais do que francesa: atualmente, tanto a equipa como os dois pilotos têm origens na Normandia, num detalhe que pode criar alguma proximidade. Depois do 4.º lugar no Mundial de Construtores na época passada, a Alpine pretende manter a posição mas distanciar-se do 5.º e aproximar-se do 3.º — já que, em 2022 e para além de só ter garantido o lugar no último Grande Prémio, ficou a 342 pontos da Mercedes.

Haas. Saiu Schumacher, entrou Hulkenberg

Ainda em janeiro, no último dia do primeiro mês do ano, a Haas foi a primeira equipa a apresentar o novo carro. Já sem Mick Schumacher (que será o terceiro piloto da Mercedes) e com Nico Hulkenberg de volta à Fórmula 1 para fazer dupla com Kevin Magnussen, os norte-americanos têm como objetivo evitar ao máximo os abandonos e somar o maior número de corridas dentro dos pontos. Se essas premissas forem cumpridas, o distanciamento da Williams e da AlphaTauri e a aproximação da Aston Martin e da Alfa Romeo serão o passo seguinte.

O novo VF-23 foi apresentado online e sem um evento propriamente dito e a principal novidade é o facto de, ao contrário do que aconteceu nos anos anteriores, o preto ter substituído o branco enquanto cor base do carro. O branco mantém-se nos detalhes, assim como o vermelho, e o design da Haas volta a aproximar-se mais do estilo de 2020 e afasta-se das opções dos últimos dois anos.

Red Bull. Em equipa que ganha pouco ou nada se mexe

No início de fevereiro, a Red Bull revelou o carro que vai novamente lutar pela conquista do Campeonato do Mundo. Numa equipa onde os objetivos estão bem traçados — fazer de Max Verstappen tricampeão e lançar Sergio Pérez para a dobradinha para garantir a vitória nos Construtores –, o RB19 foi anunciado em Nova Iorque e é talvez o carro que mais se assemelha ao seu antecessor.

Mantêm-se o azul, o vermelho e o amarelo mas a verdade é que Christian Horner, o diretor da Red Bull, anunciou desde logo que o carro já vai estar ligeiramente diferente quando aparecer nos testes do Bahrain. Adicionalmente, a equipa vai lançar uma competição em que os fãs serão desafiados a desenhar uma decoração especial para as três corridas nos Estados Unidos — em Miami, Austin e Las Vegas.

Williams. Um verão azul a tentar fugir da lanterna vermelha

Assim como a Haas, também a Williams optou por revelar o novo carro sem um evento e apenas através dos canais oficiais da equipa. O novo FW45 prolonga grande parte da ideia do design de 2022 mas torna-se aparentemente mais moderno, com um azul mais claro e metalizado que torna o carro mais impressionante à primeira vista.

Em termos desportivos, com o norte-americano Logan Sargeant a substituir Nicholas Latifi ao lado de Alexander Albon, o grande objetivo da Williams será também uma missão difícil de alcançar: deixar o destacado último lugar da classificação geral, evitar os abandonos e ficar mais vezes dentro dos pontos, algo que só aconteceu em quatro ocasiões na época passada.

Alfa Romeo. Adeus ao branco, olá ao preto

Se o Red Bull ficou praticamente igual, o Alfa Romeo parece ter mudado tudo — ainda que não tenha mudado quase nada. O C43 foi apresentado em Zurique, na Suíça, e o facto de o branco ter dado lugar ao preto na base do carro faz com que monolugar pareça substancialmente distinto em comparação ao do ano passado. Naturalmente, o vermelho mantém-se como a outra cor dominante e é a grande linha de continuidade.

A par da Red Bull, da Ferrari e da Mercedes, a Alfa Romeo é apenas a quarta equipa que manteve a dupla de pilotos. Zhou Guanyu e Valtteri Bottas carregam o complicado objetivo de aproximar a marca italiana do top 5 do Mundial de Construtores e vão competir essencialmente — e tal como na temporada passada — com a Aston Martin.

AlphaTauri. De braços abertos ao rookie

Em Nova Iorque e num evento digno da cidade em que ocorreu, a AlphaTauri desvendou o novo AT04 e seguiu o exemplo da Alfa Romeo: ou seja, foi das equipas que mais alterações realizou ao design do carro. O azul escureceu, o vermelho apareceu e o branco evidenciou-se, numa conjugação que parece tornar o monolugar mais escuro e mais sóbrio.

Com a saída de Pierre Gasly para a Alpine, a AlphaTauri deu as boas vindas ao rookie Nyck de Vries, que faz companhia ao japonês Yuki Tsunoda. Embora longe do último lugar da classificação de Construtores, que pertenceu à Williams, a AlphaTauri tem como plano para 2023 distanciar-se ainda mais do fundo da tabela e competir com a Haas pela aproximação à Alfa Romeo e à Aston Martin. Para isso, porém, terá de diminuir os abandonos: algo que aconteceu em oito ocasiões na época passada.

McLaren. Comemorar 60 anos sem mexer no laranja e no azul

A equipa britânica não saiu de casa e apresentou o MCL60 em Woking, no McLaren Technology Campus, no Reino Unido. O nome do novo carro é um piscar de olho ao 60.º aniversário da marca, assinalado neste ano de 2023, e o laranja e o azul claro continuam a ser a palavra de ordem. Ainda assim, sublinha-se a inclusão do preto, que escure o carro, e torna-se evidente a importância da parceria com a Google e o browser Chrome.

Daniel Ricciardo saiu e é agora o terceiro piloto da Red Bull, Lando Norris ficou e faz dupla com o estreante Oscar Piastri — um jovem australiano de 21 anos que chegou a ter tudo acertado com a Alpine para ficar com o lugar que agora pertence a Pierre Gasly. Por falar em Alpine, o grande objetivo da McLaren será roubar o 4.º lugar da equipa francesa e aproximar-se do top 3 da classificação geral: ou seja, lutar por pódios, algo que só aconteceu numa ocasião em 2022, e cimentar Norris nos 10 primeiros da tabela de pilotos.

Aston Martin. O veterano Alonso para substituir o veterano Vettel

No mesmo dia que a McLaren e também no Reino Unido, a Aston Martin revelou o novo AMR23 em Silverstone. Seguindo a lógica da Red Bull, o carro pouco ou nada mudou no que ao design diz respeito — mantêm-se o característico verde e o preto com detalhes a amarelo — mas são visíveis as alterações de construção na asa dianteira, nos sidepods e na zona do unidade motriz.

A Aston Martin despediu-se de Sebastian Vettel, que terminou a carreira, mas manteve Lance Stroll e foi buscar o experiente Fernando Alonso à Alpine. Tal como a Alfa Romeo, a equipa britânica tem como objetivo aproximar-se do top 5 do Mundial de Construtores e vai lutar com a marca italiana pelo 6.º lugar — já que, em 2022, terminaram as duas com os mesmos 55 pontos.

Ferrari. Objetivos renovados mas já sem o toque de Binotto

Em pleno Dia dos Namorados, na passada terça-feira, a Ferrari apresentou o SF-23 em Maranello, na sede da equipa. As diferenças em relação a 2022 são poucas ou nenhumas — sublinha-se a mudança de preto para branco nos números dos pilotos e um aparente escurecimento do vermelho característico — e os italianos parecem ter apostado numa evolução subtil.

Com Charles Leclerc e Carlos Sainz a manterem os respetivos lugares, a principal mudança na Ferrari fez-se mesmo no cargo de diretor da equipa: ao fim de 28 anos ao serviço dos italianos e desde 2019 com estas funções, Mattia Binotto cedeu o lugar ao francês Frédéric Vasseur. Depois de uma temporada que começou muito bem mas que depressa cedeu uma vantagem clara à Red Bull, a Ferrari começa a nova temporada com o objetivo de assegurar a luta pelo título de campeão do mundo até às últimas semanas e manter-se competitiva em relação aos austríacos e a à Mercedes.

Mercedes. As fechas prateadas são agora flechas negras

E, por fim, a Mercedes. Também em Silverstone, na passada quarta-feira, Lewis Hamilton e George Russell conheceram oficialmente o novo W14. A equipa decidiu despedir-se do prateado a que tinha regressado na época passada e recuperou o preto que foi imagem de marca em 2020 e 2021, tornando negras aquelas que outrora já foram conhecidas como as “flechas prateadas”.

Ao contrário de outros anos, a continuidade de Hamilton e Russell nunca foi colocada em causa e sempre foi praticamente certo que seria na dupla de britânicos que o diretor Toto Wolff iria apostar em 2023. O objetivo, naturalmente, é simples: recuperar o título de campeão do mundo depois de dois anos de hegemonia da Red Bull e de Max Verstappen.