Foi um momento que causou estranheza em Inglaterra e que em Portugal abriu a porta a muitas memórias. No fim de semana, no empate entre o Manchester City e o Nottingham Forest que deixou o Arsenal novamente isolado na liderança da Premier League, Pep Guardiola colocou Bernardo Silva a… Lateral esquerdo. Precisamente a infame posição que, no Benfica e com Jorge Jesus, o internacional português ocupou sem grande sucesso e com alguma mágoa.

A verdade é que, no sábado, o Nottingham Forest acabou por chegar ao empate precisamente pela esquerda da defesa do Manchester City. O que fez com Guardiola, na antevisão da partida desta quarta-feira contra o RB Leipzig e para a Liga dos Campeões, tivesse de explicar a opção. “Não sou estúpido e não vou dizer que o Bernardo é lateral. Mas pode jogar nessa posição porque é muito inteligente, muito rápido. No ‘um contra um’ é um defesa muito bom. Com bola ajuda-nos a criar o jogo especial que pretendemos. É por isso que jogo com ele nessa posição. Como já aconteceu no passado com o Zinchenko ou com o Fabian Delph, na época em que fizemos 100 pontos. Temos esse tipo de jogadores que fazem com que o nosso jogo se torne imprevisível”, justificou o treinador espanhol.

Ora, dias depois da escorregadela na Premier League, o Manchester City regressava à Liga dos Campeões e visitava o RB Leipzig na Alemanha na primeira mão dos oitavos de final — ou seja, no recomeço de mais uma demanda rumo ao objetivo que continua a faltar aos ingleses. “Não quero pressionar-me a mim mesmo. Já é uma bênção estar aqui. Nunca pensei, quando cheguei cá, que tínhamos de ganhar tudo. Não posso ganhar três ou quatro Ligas dos Campeões. A não ser que sejas o Real Madrid, as restantes equipas não podem fazê-lo. Temos de nos adaptar para tentar fazer o que temos feito. Nas duas últimas temporadas estivemos muito perto, fizemos bons jogos. Vamos tentar fazê-lo de novo”, indicou Guardiola na antevisão da partida.

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Neste contexto, o técnico dos citizens lançava Bernardo nas costas de Haaland, apoiados por Grealish e Mahrez, e deixava Phil Foden no banco — sendo que Rúben Dias, no eixo defensivo e ao lado de Akanji, também era titular. Do outro lado, num RB Leipzig que só fez menos um ponto do que o Real Madrid no Grupo F, Marco Rose colocava André Silva e Werner no setor mais ofensivo e apresentava Forsberg e Szoboszlai um pouco mais atrás. Nkunku, Haidara e Poulsen eram suplentes e Gvardiol, o central croata que foi uma das sensações do Mundial do Qatar, começava de início.

Na Alemanha, o Manchester City abriu o marcador ainda dentro da meia-hora inicial, com Mahrez a aproveitar um passe vertical de Grealish para atirar forte e não dar hipótese a Blaswich (27′). Marco Rose mexeu ao intervalo, trocando Forsberg por Nkunku, e o RB Leipzig chegou ao empate a cerca de 20 minutos do fim por intermédio de um cabeceamento do improvável Gvardiol (70′).

Manchester City e RB Leipzig empataram na Alemanha e a eliminatória segue totalmente em aberto para Inglaterra e para a segunda mão. E tudo porque Gvardiol decidiu mostrar que a possibilidade de Guardiola ser eliminado da Liga dos Campeões já nos oitavos de final não é propriamente uma questão… Lateral.