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A procuradoria federal alemã, responsável pela investigação de crimes contra a segurança nacional, confirmou esta quarta-feira que foram conduzidas buscas a uma embarcação que poderá ter sido usada no ataque aos gasodutos russos Nord Stream 1 e 2, em setembro do ano passado.

As autoridades revelaram esta quarta-feira que entre os dias 18 e 20 de fevereiro os investigadores alemães revistaram um navio ligado a um processo de aluguer considerado “suspeito”.

“Há suspeitas de que o navio em questão possa ter sido usado para transportar dispositivos explosivos que detonaram a 26 de setembro de 2022 nos gasodutos Nord Stream, no Mar Báltico”, refere em comunicado a procuradoria alemã, citada pelo Washington Post. No mesmo documento é referido que não há evidências de que os funcionários alemães da empresa que alugou o navio tenham estado envolvidos na sabotagem.

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A confirmação das buscas surge depois de na terça-feira o jornal Die Zeit, em parceria com as televisões alemãs ARD e SWR, ter revelado que a embarcação usada no ataque terá sido alugada a uma empresa com sede na Polónia e ligada a dois ucranianos. No mesmo dia o New York Times avançou que os oficiais norte-americanos analisaram novas provas que apontam para a ação de um grupo pró-ucraniano, uma informação sobre a qual a procuradoria alemã não se pronunciou.

As autoridades deixaram claro que ainda não conseguiram identificar os sabotadores ou os seus motivos, sublinhando que para já não há conclusões definitivas.

A identidade dos perpetradores e os seus motivos ainda está sob investigação. Neste momento não podem ser feitas declarações definitivas sobre a questão”, refere a procuradoria.

Esta quarta-feira o ministro da Defesa alemão alertou que não se pode tirar conclusões precipitadas sobre o caso. “Temos de fazer uma distinção clara sobre se foi um grupo pró-ucraniano a operar sob ordens ucranianas ou se foi um grupo pró-ucraniano a atuar sem o conhecimento do governo”, disse aos jornalistas Boris Pistorius à margem de um encontro dos ministros da Defesa da UE em Estocolmo.

O governante lembrou que não se pode excluir a hipótese de estar em causa uma operação de falsa bandeira, isto é, que tenham sido deixadas pistas de forma deliberada para apontar a Ucrânia como a culpada.

Neste momento o ataque ao Nord Stream está a ser investigado pela Alemanha, mas também pela Suécia e Dinamarca, uma vez que as explosões provocaram fugas de gás na suas respetivas zonas económicas. Várias fontes indicaram ao Wasghinton Post que os três países estão a partilhar as suas descobertas entre si e também com os Estados Unidos, que estão a conduzir uma investigação própria.

Os países ocidentais acreditam que as explosões foram deliberadas, mas não concluíram que foram os autores. Oficiais norte-americanos confirmaram ao Wasghinton Post que neste momento os investigadores estão a avaliar a hipótese do ataque ter sido levado a cabo por um grupo pró-ucraniano.

Ocidente adverte contra conclusões precipitadas, enquanto Rússia denuncia manobra de “distração”

Também o alto-representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros alertou que não se deve tirar conclusões precipitadas sobre os novos relatos difundidos nos média sobre a sabotagem aos gasodutos Nord Stream 1 e 2. “Não tenho medo da verdade. Mas estamos a falar sobre especulações”, disse Josep Borrell após o encontro de ministros em Estocolomo.

O diplomata lembrou que as investigações ainda estão a decorrer e que até serem publicados os resultados não se pode tirar conclusões definitivas.

Já o secretário-geral da NATO disse que não é certo quem são os autores do ataque ao Nord Stream. “Há investigações em curso”, sublinhou Jens Stoltenberg também em Estocolmo, referindo não ser “justo” pronunciar um veredicto antes de serem publicadas as conclusões.

“Isto demonstra a importância de proteger as nossas infraestruturas submarinas. Temos milhares de quilómetros debaixo de água de gasodutos”, acrescentou o secretário-geral da Aliança Atlântica.

Por seu turno, as autoridades ucranianas voltaram a rejeitar o envolvimento na alegada sabotagem ao Nord Stream. “Até seria um elogio para os nossos serviços especiais, mas quando a investigação for concluída, veremos que a Ucrânia não teve nada a ver com isso”, assegurou o ministro da Defesa ucraniano, Oleksiy Reznikov. No dia anterior, também Mikail Podolyak, um dos principais conselheiros do Presidente ucraniano, negou a participação do país no ataque.

Já a Rússia criticou os recentes relatos sobre a origem da explosão, referindo que são campanhas dos média para criar uma distração. “Claramente os autores do ataque querem desviar a atenção”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, à agência russa Ria.

“Como é que os oficiais norte-americanos podem assumir o que quer que seja sem uma investigação?”, questionou Peskov, voltando a apelar a um processo de averiguação independente.

A Rússia já adiantou que vai insistir junto do Conselho de Segurança das Nações Unidas que se vote uma proposta para lançar uma investigação internacional sobre o caso.