Depois de surpreender com as características e performances do novo Ariya, durante a apresentação à imprensa (pode ver a nossa opinião em baixo), a Nissan lançou de imediato uma segunda surpresa, desta vez relacionada com o volume de produção. Limitado a apenas 400 unidades por dia, o que equivale a 100.000 veículos/ano, este SUV eléctrico estava condenado a ser produzido muito abaixo do que seria expectável e necessário para abastecer o mercado global. E, como se isso não bastasse, teve que enfrentar uma série de dificuldades internas que reduziram ainda mais o número de Ariya fabricados, que caiu para menos 1/3 do que estava previsto.

Conduzimos o Ariya, o SUV eléctrico da Nissan com até 306 cv e 533 km de autonomia

Uma das explicações para produzir anualmente apenas 100.000 unidades, para mais por parte de um construtor que foi o primeiro a fabricar em grande série um veículo eléctrico (a primeira geração do Leaf, em 2010), passa provavelmente pelo facto de todos os Ariya serem produzidos no Japão e daí exportados para os principais mercados, nomeadamente Europa, EUA e China.

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Só para termos uma ideia do ponto em que está a concorrência, a Tesla fabricou 1.298.611 unidades do Model 3 e do Model Y, dos quais 758.792 eram referentes ao SUV do fabricante norte-americano. Até a Volkswagen, que oferece no mesmo segmento três modelos, do ID.3 ao ID.4, passando pelo ID.5, produziu em 2022 mais de 170.000 unidades do ID.4, a proposta mais similar ao Ariya do construtor alemão, valor que duplica se adicionarmos os três modelos ID.

De acordo com a Reuters, a Nissan “encalhou” em vários problemas, de falta de chips à ausência de outros componentes necessários à montagem do Ariya, passando igualmente por problemas com a linha de pintura na fábrica japonesa de Tochigi, próximo de Tóquio. Como agravante, o SUV eléctrico nipónico voltou a ser notícia quando a Nissan se viu obrigada a recolher à oficina 1063 unidades do Ariya, uma vez que o volante poderia não estar devidamente fixado. Veja em baixo como funciona a fábrica do Ariya:

Estas dificuldades com o Ariya surgem na pior ocasião, precisamente quando a Nissan necessitava de alimentar o mercado com um veículo eléctrico moderno e com a forma de um SUV, a solução preferida pela maioria dos clientes. Após 12 anos a viver exclusivamente à custa do Leaf que, tal como o Renault Zoe, passou a revelar-se incapaz de fazer frente aos concorrentes mais modernos, o Ariya representa a hipótese do construtor nipónico regressar a uma posição de destaque entre os fabricantes de veículos exclusivamente a bateria. Mas as dificuldades com a produção podem limitar a carreira comercial do Ariya, numa fase em que a marca pretende lançar mais 18 veículos eléctricos até 2030, o que implica colocar no mercado mais de duas novidades por ano.