Duas das clássicas músicas do filme “A Pequena Sereia” vão sofrer alterações para o novo live-action, que chega aos cinemas no final do mês de maio. As adaptações das letras vêm enfatizar o empoderamento feminino e o consentimento nas relações.

Numa entrevista à Vanity Fair, Alan Menken, o compositor norte-americano da Disney, revelou que, por terem referências “machistas”, as músicas “Kiss the Girl” (“Vai Beijar”) e “Poor Unfortunate Souls” (“Pobres Almas Tão Sós”) sofreram algumas mudanças de forma a adaptarem-se à sociedade atual.

“Há algumas alterações na letra da ‘Vai Beijar’ porque as pessoas tornaram-se mais sensíveis à ideia de que [o Príncipe Eric], de alguma forma, forçaria a Ariel”, revelou Menken.

“A Pequena Sereia”: trailer revelado e protagonista recebe comentários racistas

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Na segunda música, as mudanças surgem para transformar a ideia principal da canção original de que as mulheres devem estar caladas porque os homens não gostam de as ouvir falar, tendo apenas interesse nas suas características físicas.

“Temos algumas revisões na ‘Pobres Almas Tão Sós’ em estrofes que podem fazer com que as jovens raparigas sintam que, de alguma forma, não devem falar fora da sua vez”, explicou o compositor, acrescentando: “Apesar de a Úrsula estar claramente a manipular a Ariel para que ela desista da sua voz”.

Em colaboração com o compositor Lin-Manuel Miranda, Alan Menken atualizou e escreveu mais quatro músicas, que assim como a adaptação das clássicas, ainda não são conhecidas, para o novo filme de “A Pequena Sereia”.

A participação no filme original, em 1989, valeu a Alan Menken os Óscares de Melhor Canção Original, com a música “Aqui de Mar”, e de Melhor Banda Sonora Original.

“A Pequena Sereia”: depois das críticas, fãs inundam redes sociais com vídeos de meninas negras a reagir ao trailer

Com estreia marcada para dia 26 de maio, a nova versão de “A Pequena Sereia” gerou polémica mesmo antes da divulgação do trailer. Em 2019, quando o elenco foi anunciado, o filme foi alvo de críticas depois de ficar conhecido que o papel de Ariel seria interpretado pela cantora Halle Bailey. Os fãs esperavam que a personagem fosse branca como o desenho animado original de 1989.

Na época, a Disney defendeu a sua escolha afirmando que as sereias não existem, sendo por isso livre de retratá-las em qualquer etnia.

Em setembro de 2022, as críticas ao filme deram lugar a milhares de vídeos partilhados nas redes sociais com as reações de meninas ao trailer. Tal como elas, a nova Ariel é negra.

“Quero que a menina que há em mim e as meninas como eu que estão a ver o filme saibam que são especiais, e que devem ser uma princesa de todas as formas”, disse Halle Bailey numa entrevista à Variety.

A nova versão do filme é realizada por Rob Marshall e conta ainda com Melissa McCarthy, Jacob Tremblay, Awkwafina, Javier Bardem e Daveed Diggs no elenco principal.