Uma confissão do treinador do Feynoord, Arne Slot, em relação à AS Roma de José Mourinho fazia antever um confronto de estilos nos quartos de final da Liga Europa. “O seu estilo de futebol garante resultados, mas gosto mais de ver o Manchester City e o Nápoles. Estou a ser honesto acerca disso”, referiu o neerlandês. Se se tratava de uma questão de estilo, o líder do campeonato dos Países Baixos teve que vestir o fato de gala para fazer trabalho agrícola. No final, saiu com o glamour de nível ModaLisboa.

Até o golo com que o Feynoord foi esculpido a enxada. Wieffer demonstrou que nem sempre se colhe o que se semeia. Aos 57 minutos, Idrissi fez um cruzamento a partir da esquerda que aterrou à entrada da área. O médio defensivo apareceu e realizou um remate que saiu tão enrolado que parecia que o guarda-redes Rui Patrício, ia defender. No entanto, a queda do português não compensou a sujidade que lhe ficou nos calções e a bola foi ter ao fundo das redes.

Feynoord e AS Roma reeditavam a final da Liga Conferência da temporada que a equipa de Mourinho acabou por conquistar com um golo solitário de Zaniolo. Os neerlandeses perderam apenas por uma vez em casa esta temporada e, por isso, tinham os giallorossi precisavam de todos os argumentos para arrombarem uma fechadura com pouco óleo que dava acesso a vencer na Banheira de Roterdão. Apesar disso, o treinador português ficou sem Dybala antes da meia hora e, mais tarde no encontro, sem Tammy Abraham.

Foi precisamente devido às ousadias para com Dybala que Wieffer começou a construir o cenário que o colocava mais como candidato a vilão do que a herói. Logo nos momentos iniciais, o centrocampista do Feynoord arrancou pela raiz o argentino. Perto do final da primeira parte, Wieffer colocou a mão na bola dentro de área, levando Lorenzo Pellegrini para a marca dos onze metros e arriscando a expulsão. Nem assim a AS Roma conseguiu marcar: Pellegrini acertou no poste da baliza de Bijlow e teve como castigo sair ao intervalo para dar lugar a Wijnaldum.

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As trocas de Mourinho já se tinha revelado produtivas. Quando Dybala deixou o terreno de jogo, El Shaarawy passou a ocupar o seu lugar no ataque e teve as melhores do primeiro tempo ao seu dispor. No entanto, em nenhuma circunstância, o extremo esteve tão bem colocado para marcar um golo para os italianos como Ibañez esteve ao cabecear e ficar a ver a bola ulular em cima da linha de golo com o árbitro a receber o auxílio do olho falcão para confirmar que o esférico não tinha entrado.

O golo de Wieffer foi mesmo exceção num jogo em que a regra foi acertar nas redes… nas redes que se interpõem entre as bancadas e o campo por razões de segurança num jogo em que até as cadeiras vazias estavam contra a equipa de Mourinho, uma vez que a UEFA impediu os adeptos da AS Roma de viajarem para Roterdão por temer confrontos com os locais. Se os italianos tivessem ido aos Países Baixos, teriam visto um jogo em que duas forças convergentes tentaram superiorizar as ações de pressão em relação às do adversário, mas que, por serem tão equivalentes, nem sempre foi possível encontrar espaços para desfazer as defesas. Ainda assim, a partida teve contornos eletrizantes. Kökçü, médio do Feynoord que tem sido associado ao Benfica, foi um dos melhores elementos em campo, encontrando linhas de passe apenas desenhadas por aqueles que têm capacidade para as imaginar.

José Mourinho comprovou o que o próprio português defendeu na antevisão. “Não somos a melhor equipa de Itália, nem somos a melhor equipa da Liga Europa, mas ainda assim podemos vencer”. Apesar de tudo, a derrota por 1-0 sofrida pela AS Roma mantém vivas as esperanças dos giallorossi seguirem em frente e poderem defrontar Bayern Leverkusen ou Union St. Gilloise nas meias-finais da Liga Europa. E o Feyenoord saiu limpo.