Não é de bom tom entrar numa festa sem convite. Apesar de tudo, se não há seguranças à porta não há mal em espreitar e ver o que está a acontecer. Era nesta lógica que o Sporting olhava para os desenvolvimentos no topo da classificação. O Benfica perdeu, o FC Porto ganhou, mas, à partida, a luta pelo título já não é tópico trending em Alvalade. Apesar de tudo, os leões não têm miopia e se virem hipóteses não as vão ignorar.

Se, como é provável, isso não aconteça, o Sporting tem que varrer os confettis dos festejos do campeão. Para ajuda na tarefa, os leões têm o vizinho de baixo, o Arouca. As equipas defrontavam-se numa altura em que os verdes e brancos eram os quartos classificados do campeonato e os arouquenses, em posição de qualificação europeia, os quintos.

O Sporting estava numa sequência de três jogos consecutivos fora de casa e, no regresso a Alvalade, não tinha tarefa fácil. Os leões tinham que interromper o bom momento em que o Arouca estava mergulhado. “O que interessa é a atitude e a forma como vamos enfrentar um adversário que não perde há seis jogos. O seu treinador está a fazer um grande trabalho, é uma equipa versátil, tem muita velocidade na frente, são muito fortes. Temos de estar concentrados, frescos física e mentalmente”, disse Amorim antes do encontro se se seguiu à derrota por 1-0 contra a Juventus para a Liga Europa. “Voltámos com boas sensações para Lisboa, sabendo que é um jogo diferente. A responsabilidade é diferente, o adversário vai estar confortável. O que temos de fazer é ganhar no campeonato para dar a volta”.

Na primeira volta, o Sporting tinha perdido a partida contra este mesmo adversário (1-0), dado que Rúben Amorim não esqueceu. “Foi o jogo em que falhámos mais oportunidades. Há que tentar tirar o contexto, houve mudanças que se calhar não as faria hoje. Jogámos com o Arthur a avançado e podia não jogar… Havia um ou outro ponto que mudava. Mas foi o jogo em que tivemos mais oportunidades de golo. Na Taça da Liga estivemos mais preparados e mais consistentes”, ressalvou o técnico verde e branco. Arthur, desta vez na direita do ataque, voltou a ser titular. Tal como Diomande, Matheus Reis, Bellerín, Ugarte fez parte das novidades entre os titulares dos leões. Em comparação com a partida em Turim, saíram do onze Gonçalo Inácio, St. Juste, Esgaio, Morita e Edwards.

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Ficha de Jogo

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Sporting-Arouca, 1-1

28.ª jornada da Primeira Liga

Estádio de Alvalade, em Lisboa

Árbitro: Vítor Ferreira (AF Braga)

Sporting: Adán, Bellerín (Morita, 45′), Diomande (Gonçalo Inácio, 88′), Coates, Matheus Reis, Nuno Santos (Rochinha, 59′), Ugarte (Ricardo Esgaio, 77′), Pedro Gonçalves, Arthur, Trincão e Chermiti

Suplentes não utilizados: Franco Israel, Francisco Silva, Sotiris, Neto e Tanlongo

Treinador: Rúben Amorim

Arouca: Arruabarrena, Tiago Esgaio, João Basso, Galovic, Quaresma (Opoku, 73′), David Simão (Lawal, 80′), Uri Busquets, Antony (Arsénio, 80′), Sylla, Alan Ruiz e Mujica (Michel, 67′)

Suplentes não utilizados: Thiago, Sema, Bruno Marques, Moses e Milovanov

Treinador: Armando Evangelista

Golos: Antony (39′) e Pedro Gonçalves (87′)

Ação disciplinar: nenhum cartão foi mostrado aos jogadores.

Surpresa? “Se os astros se alinharem”. Antes do apito inicial, o treinador do Arouca, Armando Evangelista, considerava difícil levar pontos de Alvalade e tinha motivos para isso. “Embora pareça que não, o Sporting tem atravessado o seu melhor momento na prova, com seis vitórias nas últimas sete partidas e triunfos expressivos em casa. Sabemos das diferenças e acredito que iremos encontrar esse Sporting que está a fazer uma segunda volta ao nível exigido pelos seus adeptos. A nossa intenção é ir buscar o melhor resultado possível e continuar a fazer história”.

O Sporting teve um bom início de jogo. O ataque leonino cercou a área do Arouca e permitiu poucas saídas para o ataque. Chermiti estava muito ativo, embora revelasse alguma dificuldade em aproveitar os serviços dos colegas. Nuno Santos e Arthur conseguiram libertar-se junto aos corredores e criaram situações de cruzamento que iam sendo resolvidas pela grande densidade de jogadores que o 3x4x3 do Arouca colocava no centro do terreno em fase defensiva. Apesar de tudo, Chermiti não demonstrava conseguir ativar o íman que atraísse o golo e mostrava-se pouco expedito no ataque à bola.

Partindo do conforto defensivo, o Arouca começou a ganhar confiança com a bola nos pés. Por várias ocasiões, os jogadores de Armando Evangelistas conseguiram encontrar a dupla de médios, David Simão e Uri Busquets, para saídas organizadas para o ataque. Quando não o faziam por dentro, faziam-no pelos corredores exteriores, nomeadamente através de Quaresma. No entanto, num lance fortuito, Chermiti importunou o defesa do Arouca, Galovic, obrigando-o a um erro de cálculo. O sérvio tocou a bola com a mão e o árbitro assinalou grande penalidade. Após, consultar as imagens, Vítor Ferreira assinalou grande penalidade.

Era uma oportunidade para o Sporting ser feliz só que Pedro Gonçalves permitiu a defesa a Arruabarrena. O guarda-redes fez de parede, mal os leões sabiam que, do outro lado, estava a espada. Foram cinco minutos fatídicos. Diomande errou o corte num lance que parecia ter controlado, a bola acabou nos pés de Antony (39′). Estava feito aquilo que parecia ser o mesmo que a tentativa de Alan Ruiz bater Adán com um chapéu antes do meio-campo: impossível.

O Sporting deixou de conseguir ter qualidade em posse e quando chegou o intervalo, Rúben Amorim teve tempo para pensar no que ia fazer. O técnico lançou Morita para ter mais discernimento com bola no meio-campo e para poder adiantar Pedro Gonçalves no terreno. Arthur baixou para lateral. Apesar da equipa de Alvalade desejar mais qualidade no ataque organizado, foi na bola parada que o efeito da troca se fez sentir quando o japonês acertou na barra.

O Sporting veio melhor para a segunda parte e os mesmo adeptos que assobiaram a equipa no momento da saída para os balneários voltaram a estar empolgados. Nuno Santos deu-lhes mais um motivo para isso. Dentro da área, o jogador rematou forte, mas, mais uma vez Arruabarrena fez uma grande defesa. No momento a seguir, Nuno Santos estava a dar lugar a Rochinha, mas nem por isso o conjunto verde e branco perdeu o domínio que recuperou nos segundos 45 minutos. Chermiti finalmente conseguiu finalizar a cruzamento de Pedro Gonçalves, mas o cabeceamento foi ao poste.

O mesmo jogador que tinha falhado o primeiro penálti para os leões foi o mesmo que ganhou o segundo. Basso fez falta e, com nervos de aço para voltar a dar ao Sporting a esperança que tinha ficado nos ferros, Pedro Gonçalves (87′) agarrou na bola e marcou. Devido às várias paragens que aconteceram durante o jogo, a equipa de arbitragem deu 11 minutos de compensação, o que abria portas à cambalhota no marcador. Rúben Amorim acabou por ser expulso nos momento finais, mas o Sporting acabou por não ir além do empate e atrasa-se na luta pela Liga dos Campeões. O Arouca conquistou pontos pela primeira vez em Alvalade.