O Presidente da República não será um “obstáculo” para que o Chega integre ou forme um governo. Quem o disse foi André Ventura, à saída do Palácio de Belém, depois de ter pedido esclarecimentos ao chefe de Estado sobre se estaria ou não a ser um entrave na construção de uma alternativa à direita de que o Chega fizesse parte — um dos temas que o levou a pedir a audiência em Belém.
“Foi satisfatório [perceber] que o Presidente da República não será obstáculo a qualquer tipo de participação governamental por parte do Chega e de que não será o Presidente da República à construção de um governo se os partidos quiserem”, assegurou o presidente do Chega, admitindo que sempre teve esse “sentimento” e que a audiência serviu para o comprovar.
Ventura sublinhou que Marcelo “não bloqueará nem será obstáculo à participação do Chega” e que lhe garantiu que, tal como aconteceu nos Açores, manterá uma “atitude responsável”.
“Satisfeito” por ter sido “esclarecido”, o líder do Chega voltou a apelar a PSD e IL para a necessidade de criar uma “alternativa credível” à direita. “Acho que palavras mais claras do que estas temos de as compreender. Cada um faça o seu trabalho. Acho que todos os outros partidos e líderes partidários, sobretudo do PSD e da IL, têm de tirar as consequências do que o Presidente da República diz, que não dissolverá o Parlamento caso não haja uma alternativa”, insistiu.
Portanto, se, segundo Ventura, Marcelo “deixou claro que não vai interferir nem nas agendas dos partidos nem na construção de alternativas” e que, como tal, “não será incentivador nem obstáculo”, o Chega acredita que é tempo de voltar a pedir uma união à direita — ainda que continue a insistir que o fará sozinho caso continue (ou aumente) o afastamento que disse ter visto na entrevista de Montenegro à CNN.
Na visão de André Ventura, as palavras de Luís Montenegro na entrevista à CNN tiveram um “alcance [de] que o próprio se arrependerá, que é dizer aos portugueses que alternativas são o PS ou uma parte da direita e nunca toda — seja Chega ou PSD”. “O que disse foi para não contarem com estabilidade à direita.”
No último dia das jornadas parlamentares do Chega, em Évora, questionado sobre as diferenças no discurso de Montenegro, Ventura destacou que o líder do PSD “acrescentou políticos” ao discurso (e não apenas políticas) e “sobretudo a pergunta foi especificamente sobre o Chega e um dia antes sai nos jornais que o Presidente da República só dissolve AR se PSD não precisar do Chega para governar”.